Capítulo 110

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Layla narrando

A boca dele tinha gosto de morango, com o passar do tempo quem tomou a iniciativa foi ele, ainda parecia um tanto surpreso, mas eu acho que ele resolveu aproveitar.

É nessas horas que é bom o fato de não ter câmeras na escola, de certa forma o beijo dele se assemelhava ao do irmão... Aliás, o próprio Kaique parecia muito com o irmão, mas ainda assim tinham personalidades e formas diferentes de pensar...

Talvez nem tão diferentes assim.

Passado algum tempo eu separei nossas bocas, porém ainda estava próxima dele, eu abri os olhos e percebi que ele estava me encarando... Em pensar que ele pode ser meu sobrinho...

Bom, nada foi confirmado ainda, então não há como ter certeza. Eu me afastei um pouco dele e peguei a mochila de Lucas que ainda estava no chão, apesar de eu ter chegado cedo, o tempo passava rápido e eu queria estar na sala antes do sinal bater.

Eu-Bom, eu vejo você por aí.

Falei andando apressadamente, depois de sair do prédio do fundamental, eu fui para o meu prédio e corri para minha sala, chegando lá, eu me sentei um uma cadeira no fundão e perto da janela como sempre. Ainda conseguia sentir o gosto de Kaique...

Mal me sentei na cadeira e já ouvi meu nome ser chamado, olhei para a porta e percebi que a diretora estava ali, com uma cara séria e eu me levantei suspirando... Eu tinha até esquecido sobre o que aconteceu ontem.

Era lógico que ela iria me chamar... Eu sinceramente não sei como a diretora não enjoa da minha cara, vira e mexe eu estou na sala dela... Aliás, não sei como eu ainda não fui expulsa dessa escola.

Chegando na sala dela, eu percebi que o garoto de ontem estava na sala, o mesmo estava com um capuz, por isso não dava para ver seu rosto, percebi também que o pai dele estava ali, o mesmo me encarou seriamente ao chegar na sala.

Eu me sentei na cadeira ao lado dele calmamente, como se nada tivesse acontecido. Eu acenei para o pai do garoto como se fosse uma coisa normal, aliás, pra mim é bem normal.

Eu-O que vocês querem da minha pessoa?

-O que seria? Você me bateu e quase quebrou meu nariz, achou mesmo que iria se safar?

Eu-Poxa, jurava que tinha quebrado, dá próxima vez eu vou ter certeza de quebrá-lo.

Pisquei para o mesmo.

Diretora-Layla, tenha modos!

-Ela nem deve conhecer isso, diretora, afinal, ela é uma órfã, não devem ter ensinado ela a ter educação.

Eu-Sou melhor do que você, você é o tipo garotinho que é deixado sozinho em casa enquanto os pais trabalham, todos sabem que eles não estão nem ai pra você e você é apenas um menininho em busca de atenção.

O pai do garoto estava me observando, pareceu bastante surpreso com minhas palavras, mas continuou calado.

-Você não sabe nada sobre mim.

Eu-É você que não sabe nada sobre mim, então não encha sua boca para falar sobre a minha educação ou sobre minha família.

-Eu posso falar o que eu quiser, você não é ninguém! Sua mãe fez muito bem em se livrar de você, tenho pena da sua avó que teve que suportar você por...

Eu me levantei da cadeira e puxei ele da cadeira pela sua blusa, o joguei no chão com força, talvez eu estivesse usando um pouco da minha força sobrenatural, só talvez... Mas não vou deixar nem ele e nem ninguem falar da minha mãe e pior... Da minha avó.

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