09 - Invasivo

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Quando alguém briga na escola, ela fica automaticamente de detenção, portanto, ainda estou com 4 pontos e não quero pegar outra detenção essa semana, não posso faltar dois dias no trabalho, então estou mega empenhada em chegar no horário e não brigar com ninguém. 

Até o momento, está tudo sobre controle, não encontrei o Victor e muito menos a Fernanda, mas teve mil pessoas me olhando e fofocando baixo perto de mim, mas tudo bem, não me importo com elas, eu sei o que eu fiz. O que me irrita é pensarem mal só de mim e não do menino que estava comigo ou do Victor por se meter onde não foi chamado.

— Gigi, que horas no Fargo hoje? — pergunta o Zica assim que o sinal, para irmos embora, toca. 

Temos um trabalho de geografia para fazer, eu, ele e a Ariane. 

— Umas 17h? Acredito que o movimento hoje estará tranquilo, aí é o de sempre, vou conversando no balcão. 

— Beleza, você avisou a Ariane? 

— Avisei, dei o endereço para ela também. 

— Beleza, então até mais! — ele me dá um abraço na porta da sala e vai em direção as escadas e eu aos armários. 

Cadê meu dever de geografia? Posso jurar que deixei ele aqui no armário. Tenho que parar de ser tão desorganizada, como posso acumular tanto papel? Como que nenhum desses é o que eu procuro? O Zica vai me matar se eu não achar esse dever ... achei! Ai que alívio! 

Fecho a porta do meu armário e me deparo com um menino encostado nos armários e me encarando com um sorriso malicioso. 

— Merda!! — Dou um grito. — Você quer me matar do coração? O que você quer? — pergunto irritada, odeio susto. 

— Dois anos! — exclama, agora ele para de me encarar e encosta todas suas costas no armário e olha para frente, com uma expressão pensante. 

— Dois anos o que, doido? — ele está bem? 

— Como você conseguiu namorar aquele escroto por dois longos anos? — agora ele volta a me encarar curioso. 

— É sério que você veio aqui me encher a paciência com pergunta idiota? — pergunto confusa, ele não tem mais o que fazer?

— Não foi por isso, mas quando olho para você eu só penso "como que essa garota conseguiu perder dois anos da vida dela com aquele filhinho de mamãe?". — Fala com um tom pensativo e de provocação. 

— Por que você não vai cuidar da sua vida e me deixa em paz? 

— Então, é o que eu vim fazer. — Como que ele consegue manter o mesmo sorriso, por tanto tempo, sem ter câimbra?

— Am? — ele está me deixando confusa.

— Vim atrás do meu moletom, se lembra dele? Um dos responsáveis por toda essa confusão? 

— Merda! — sai sem querer. — Deixei em casa, mas amanhã eu devolvo. — Falo e vou andando, ele me acompanha. 

— Não tem como me dá hoje? 

— Como que vou te devolver hoje se eu não estou com ele aqui? — ele não ouviu o que eu falei?

— Bem, posso ir pegar na sua casa. 

— Não! — Nunca que eu o levaria para o Fargo. 

Ele para na frente do portão da escola e me encara assustado, porém curioso.

— Por que não?  — instiga, ainda com seu sorriso de antes.

— Eu não vou levar você para minha casa, nem conheço você. 

Segunda ChanceOnde histórias criam vida. Descubra agora