23 - Conselhos

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A galera dessa escola adora uma festa, nunca vi tanta festa assim, pelo menos é na casa dos outros e de graça. Desta vez a festa não é na Lia, é na Carol, a melhor amiga da Lia, ou seja, estamos todos convidados. Não conheço muito a Carol, mas do que conheço ela é legal, mas é daquelas que é tão rica que não tem noção da realidade.

Eles estão combinando a festa para amanhã, por que nunca é no sábado?

O Carioca e Gabs estão de boa agora, o clima estava meio estranho antes, mas acredito que o Carioca viu o tanto que o Gabs gosta da Camila e que a amizade deles é extremamente importante para ele, então está tudo como antes ... quer dizer, agora sou vela de três e tenho que ouvir todos os dias uma zoação diferente.

— Gigi, para você não falar que eu não dou nada para você, toma! — o Zica tira uma vela do casaco dele e me entrega.

— É Gigi, também estou te dando isso. — Fala o Carioca me entregando uma caixa de fósforo.

— E para completar, essa linda porcelana. — Agora é o Gabs me dá um pires, provavelmente para eu apoiar a vela.

Eu não falo nada na hora, só fuzilo os três com o olhar.

— Velho, falei que isso ia dar merda, ela vai matar a gente! — fala o Gabs receoso.

— Vocês são muito idiotas! — Lia fala, mas dá uma risadinha.

— Cara, eu odeio vocês, sério mesmo, vocês são uns idiotas ... — começo os meus xingamentos, mas sou interrompida.

— Giovanna, posso falar com você? — é o Alex, o que será que ele quer comigo?

— Claro que ela pode! — fala o Carioca aliviado.

— Mano, você pode não saber, mas você acabou de salvar três vidas! — Zica agradece.

O Alex me olha confuso e volto a encarar os meninos com sangue nos olhos, queria xingar mais eles, mas o Alex não é de vim pedir para conversar, então terei que adiar a minha discussão.

— Posso sim, — me levanto da escada e volto a olhar para os meninos — mas isso não quer dizer que vocês não vão me ouvir depois! — falo séria, mas queria rir.

Vamos caminhando para longe da multidão, estamos perto da área de diversão do Jardim Infantil, ele aponta para os balaços e sentamos neles.

— O que foi que aconteceu? — pergunto curiosa.

— A Luciana, hoje ela veio me perguntar o que éramos. — Diz, olhando para o nada.

— E aí, o que você respondeu? — sinto uma pontada, deve ser curiosidade, mas meu coração está batendo um pouco mais forte que o normal.

— Que não éramos nada, que só nos pegávamos.

— Você respondeu isso? — eu me seguro para não rir, sinto um alívio na hora.

— Eu não sabia o que responder, não somos namorados, e também não sinto que somos ficantes fixos.

— Ela não ficou com raiva de você?

— Sim! Por isso que fui atrás de você, porque acredito que eu não fiz nada de errado, sempre falei que não queria nada sério.

— Mas às vezes é o jeito que você fala. Você é grosso, acredito que se você for elogiar alguém parecerá que você está menosprezando, então tenho toda certeza que foi pelo jeito que você falou.

— Mas como você queria que eu falasse? "Me desculpa, querida, mas não sei o que somos, não quero me envolver sério e amorosamente com ninguém agora", isso? — Diz, com uma voz melosa.

Começo a rir pelo jeito que ele falou, isso não combina nada com ele, sutileza não faz parte dele, os próprios traços físicos dele mostra isso.

— É, não sei, porque isso não é nada você.

— Exato! — diz aliviado.

— Mas, então? Pediu desculpas?

— Não, tinha que pedir? Ela só ficou irritada pelo que eu disse e saiu. — Ele parece confuso.

— Mas, você quer ela? — por que faço perguntas que tenho medo de ouvir?

— Sinceramente? Não, não sinto que eu queira.

— Então pronto, mas na próxima seja totalmente honesto e um pouco menos grosso.

Nessa hora o sinal toca avisando que o recreio acabou.

— Tudo bem! E você, por que você estava brigando com seus amigos?

— Porque os idiotas me deram uma vela, uma caixa de fósforo e um pires para apoiar a vela.

Ele começa a rir, acho que nunca vi ele rindo assim, nunca ouvi sua gargalhada, é boa e contagiante, infelizmente começo a rir também, mas continuo observando-o, quando ele rir parece que seu maxilar se intensifica ainda mais, o que deixa ele ainda mais bonito.

— Para! — peço, mas continuo rindo.

— Desculpa, mas essa foi muito boa. — Diz ainda rindo, mas se recuperando.

— Besta!

— Todos estão namorando e você está de vela oficial?

— Sim. — Faço cara de tristeza.

Seguimos para as nossas salas.

No final da aula vou para o meu armário deixar uns livros e a Ariane vai juntos, o armário dela é embaixo do meu. Quando fechamos nossos armários nos deparamos com a Lia toda sorridente nos encarando, por que ela está tão feliz em nos vermos? Já nos vimos hoje.

— Meninas, o que vocês vão fazer neste sábado?

Eu e a Ariane nos olhamos meio perdidas.

— Eu nada, por quê? — pergunto.

— Provavelmente verei o Renan. — Fala a Ariane.

— É que tive uma ideia genial! — Lia fala toda empolgada. — Pensei em fazer uma sleepover na minha casa, e queria chamar vocês e a Camila também, acho que temos que ser amigas, afinal vamos andar bastante juntos. — Como que ela gosta tanto de socializar e de fazer amizade? Será que ela não sente preguiça?

Ela está tão empolgada com a sua ideia que tenho dó de dizer não, não quero destruir a sua felicidade.

— Por mim, pode ser, — olho para a Ariane — você topa também?

— Topo, só preciso avisar o Renan.

— Ai, que ótimo! Maravilha, vai ser a melhor sleepover de vocês! Depois me passem os filmes que vocês gostam e o que gostam de comer! Ah, estou animada! — ela nos abraça e vai embora.

Nós a esperamos se afastar um pouco e começamos a rir.

— Ela é sempre empolgada assim? — pergunta Ariane.

— Olha, acredito que sim! — começamos a rir de novo.

Fiquei curiosa de como será isso, o que a doida da Lia vai aprontar? Pensando bem, nunca tive uma noite só com meninas, sempre foi com os meninos, o que será que elas conversam?

Segunda ChanceOnde histórias criam vida. Descubra agora