13 - Decisão

12 2 0
                                    

— Carioca! — Grito seu nome, ainda na porta de entrada da escola.

— Gigi! — ele vira, para e espera eu ir até ele.

— E aí!

— Chegando cedo todos os dias, gostando de ver! — diz orgulhoso, mas dou um soco no braço dele. — Ai!

— Besta! Pretendo continuar assim!

— Quer ganhar um certificado de aluna exemplar? — me zoa.

— Isso nunca irá acontecer!

— Verdade!

— José, estou pretendendo sair do Fargo e morar com o Zica. — Digo soando incerta, pois quero ouvir a opinião dele, mas já estou certa da minha decisão.

— Como assim? — ele para de andar e me encara.

— Se lembra do meu drama na secretaria que o Zica foi me ajudar?

— Sim.

— Ele me convidou para morar lá e tals, mas nem dei moral. Porém, na sexta passada a mãe dele foi no Fargo me convidar, como a Jacinta não mora mais lá, tem um quarto sobrando e tudo mais, e isso foi no mesmo dia que conversei com o Rick para ele baixar minha carga horária de trabalho e ontem ele topou baixar.

— Opa, então está tudo certo, tu vai se mudar, né? — ele pergunta com um sorriso, sei que ele gostou da ideia.

— Acredito que sim, você acha bom, né?

— Claro! Gigi, tu precisa ter alguém, uma família, uma base, um lugar para tu chamar de casa, depois de tudo que tu passou, você merece isso. — Ele me encoraja.

— É, eu sinto que eu preciso saber o que é uma família de verdade. — Abraço ele.

— E quando será a mudança? — pergunta e voltamos a andar em direção ao nosso prédio.

— Vou falar com o Zica primeiro para saber.

— Certo, mas esse final de semana tem festa na Lia.

— De novo? — quantas festas essa menina faz?

— Sim! Ela ama festas.

— E você a ama! — provoco.

— Amo! — seu sorriso dobra de tamanho.

— O quê?! — exclamo alto em choque com essa confirmação dele. — Ai meu Deus! Você já falou isso para ela? — ele nunca falou "eu te amo" para ninguém, quer dizer, ele nunca amou ninguém.

— Não, ainda não, queria falar na festa, mas não sei como, como fala isso? — ele está nervoso mesmo.

— Ai José Ricardo! Meu bebê está apaixonado! — zoo ele e aperto suas bochechas.

— Sai fora, Gigi! Isso é sério! — diz soando sério, mas rindo.

— Eu sei! — paro um pouco de rir. — Mas, desculpa, não posso te ajudar nesse assunto.

— Lógico que pode, tu namorou o Victor por dois anos.

Ele deve estar mesmo apaixonado, por esquecer que eu nunca amei o Victor.

— José, você sabe que minha relação com ele não foi nada amorosa.

— Eu sei, desculpa, estou nervoso.

— Tudo bem, relaxa, você é uma pessoa boa, legal, inteligente e bonito, certeza que ela sente o mesmo por você. — Nem se o Carioca tentasse, ele seria um Victor.

— Um dia tu vai conseguir achar alguém que te mereça, mas antes temos que aprovar! — ele diz e coloca seu braço no meu ombro e andamos abraçados até nossa sala.

Às vezes me bate uma vontade de amar, de saber o que é amar e ser amada. Queria alguém que fosse a combinação dos três, mas isso é querer demais.

— Um dia ... — Só concordo, mas não tenho tanta certeza.

*

Espero a hora do recreio para falar com o Zica e como a mãe dele.

— Pensei bem sobre o convite de vocês, falei com o Rick também, porque já estava querendo diminuir minha carga horária, ele me confirmou ontem que aceita, ou seja, eu topo morar com vocês! — falo mega empolga.

O Zica me dá um abraço e um beijo e depois a Fátima me dá o seu abraço gostoso de mãe e o Zica entra no abraço também.

— Mas tia, você tem que deixar eu contribuir com as despesas da casa, é sério! — falo saindo do abraço dela.

— Você não precisa se preocupar com isso, querida! — ela me fala com o seu sorriso carinhoso.

— Mas quero ajudar, por favor!

— Tá, mas não falaremos sobre isso agora.

— Isso, deixa essa conversa para depois, quando você vai se mudar? — pergunta Zica empolgado.

— Eu só tenho tempo no final de semana, tem problema?

— Claro que não! Já podia se mudar hoje mesmo.

— Renan! Estou sacando você — fala a Fátima, um pouco séria —, a Giovanna morará lá, não é férias não, não é para vocês ficarem de papinho até altas horas, não.

— Pode deixar, tia! — abraço ela mais uma vez. — Obrigada, obrigada mesmo, por tudo.

— Que isso querida, você é uma filha para mim.

— E a senhora é uma mãe para mim! — falo já um pouco emocionada.

Ela é mais mãe para mim do que a minha fora.

— Eita, vamos parar com isso se não todo mundo sai daqui chorando! — fala o Zica.

Estou me sentindo leve com tudo que está acontecendo, eu não me sinto assim há anos, é como se minha vida estivesse tomando o rumo que eu tanto queria, espero continuar nesse rumo certo.

Segunda ChanceOnde histórias criam vida. Descubra agora