— Carioca! — Grito seu nome, ainda na porta de entrada da escola.
— Gigi! — ele vira, para e espera eu ir até ele.
— E aí!
— Chegando cedo todos os dias, gostando de ver! — diz orgulhoso, mas dou um soco no braço dele. — Ai!
— Besta! Pretendo continuar assim!
— Quer ganhar um certificado de aluna exemplar? — me zoa.
— Isso nunca irá acontecer!
— Verdade!
— José, estou pretendendo sair do Fargo e morar com o Zica. — Digo soando incerta, pois quero ouvir a opinião dele, mas já estou certa da minha decisão.
— Como assim? — ele para de andar e me encara.
— Se lembra do meu drama na secretaria que o Zica foi me ajudar?
— Sim.
— Ele me convidou para morar lá e tals, mas nem dei moral. Porém, na sexta passada a mãe dele foi no Fargo me convidar, como a Jacinta não mora mais lá, tem um quarto sobrando e tudo mais, e isso foi no mesmo dia que conversei com o Rick para ele baixar minha carga horária de trabalho e ontem ele topou baixar.
— Opa, então está tudo certo, tu vai se mudar, né? — ele pergunta com um sorriso, sei que ele gostou da ideia.
— Acredito que sim, você acha bom, né?
— Claro! Gigi, tu precisa ter alguém, uma família, uma base, um lugar para tu chamar de casa, depois de tudo que tu passou, você merece isso. — Ele me encoraja.
— É, eu sinto que eu preciso saber o que é uma família de verdade. — Abraço ele.
— E quando será a mudança? — pergunta e voltamos a andar em direção ao nosso prédio.
— Vou falar com o Zica primeiro para saber.
— Certo, mas esse final de semana tem festa na Lia.
— De novo? — quantas festas essa menina faz?
— Sim! Ela ama festas.
— E você a ama! — provoco.
— Amo! — seu sorriso dobra de tamanho.
— O quê?! — exclamo alto em choque com essa confirmação dele. — Ai meu Deus! Você já falou isso para ela? — ele nunca falou "eu te amo" para ninguém, quer dizer, ele nunca amou ninguém.
— Não, ainda não, queria falar na festa, mas não sei como, como fala isso? — ele está nervoso mesmo.
— Ai José Ricardo! Meu bebê está apaixonado! — zoo ele e aperto suas bochechas.
— Sai fora, Gigi! Isso é sério! — diz soando sério, mas rindo.
— Eu sei! — paro um pouco de rir. — Mas, desculpa, não posso te ajudar nesse assunto.
— Lógico que pode, tu namorou o Victor por dois anos.
Ele deve estar mesmo apaixonado, por esquecer que eu nunca amei o Victor.
— José, você sabe que minha relação com ele não foi nada amorosa.
— Eu sei, desculpa, estou nervoso.
— Tudo bem, relaxa, você é uma pessoa boa, legal, inteligente e bonito, certeza que ela sente o mesmo por você. — Nem se o Carioca tentasse, ele seria um Victor.
— Um dia tu vai conseguir achar alguém que te mereça, mas antes temos que aprovar! — ele diz e coloca seu braço no meu ombro e andamos abraçados até nossa sala.
Às vezes me bate uma vontade de amar, de saber o que é amar e ser amada. Queria alguém que fosse a combinação dos três, mas isso é querer demais.
— Um dia ... — Só concordo, mas não tenho tanta certeza.
*
Espero a hora do recreio para falar com o Zica e como a mãe dele.
— Pensei bem sobre o convite de vocês, falei com o Rick também, porque já estava querendo diminuir minha carga horária, ele me confirmou ontem que aceita, ou seja, eu topo morar com vocês! — falo mega empolga.
O Zica me dá um abraço e um beijo e depois a Fátima me dá o seu abraço gostoso de mãe e o Zica entra no abraço também.
— Mas tia, você tem que deixar eu contribuir com as despesas da casa, é sério! — falo saindo do abraço dela.
— Você não precisa se preocupar com isso, querida! — ela me fala com o seu sorriso carinhoso.
— Mas quero ajudar, por favor!
— Tá, mas não falaremos sobre isso agora.
— Isso, deixa essa conversa para depois, quando você vai se mudar? — pergunta Zica empolgado.
— Eu só tenho tempo no final de semana, tem problema?
— Claro que não! Já podia se mudar hoje mesmo.
— Renan! Estou sacando você — fala a Fátima, um pouco séria —, a Giovanna morará lá, não é férias não, não é para vocês ficarem de papinho até altas horas, não.
— Pode deixar, tia! — abraço ela mais uma vez. — Obrigada, obrigada mesmo, por tudo.
— Que isso querida, você é uma filha para mim.
— E a senhora é uma mãe para mim! — falo já um pouco emocionada.
Ela é mais mãe para mim do que a minha fora.
— Eita, vamos parar com isso se não todo mundo sai daqui chorando! — fala o Zica.
Estou me sentindo leve com tudo que está acontecendo, eu não me sinto assim há anos, é como se minha vida estivesse tomando o rumo que eu tanto queria, espero continuar nesse rumo certo.
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Segunda Chance
RomantizmAo descobrir um segredo que seu pai guardara por anos, Giovanna sai de casa, com apenas 16 anos. Após um ano do ocorrido, ela ainda tem dificuldades em retomar sua vida, que antes glamourosa, agora mora em um depósito de uma cafeteria, a qual trabal...