Domingo é um dia para relaxar, ficar em casa descansando ou ficar com amigos e familiares, um dia dedicado a fazer vários nadas. Porém, não é o meu caso.
Como não trabalhei sexta, combinei de trabalhar hoje de manhã, pior horário, o Fargo tem brunch aos domingos e é sempre lotado, tanto que é o único dia da semana que tem três funcionários e ainda é pouco.
A boa parte é que passa rápido. Vou para o hospital depois daqui, decidi que quero passar mais tempo com o meu pai, sinto que não posso desperdiçar o pouco tempo que nos resta.
— Por que as pessoas gostam de sair de suas casas em pleno domingo de manhã para tomar café enquanto riem? — pergunto a Bia, nós duas estamos com um péssimo humor.
— Gostaria de saber! Eles não saem sábado à noite? — a Bia saiu ontem e está de ressaca, só assim para ela ficar mal-humorada.
— Provavelmente não! — paro para observá-los, grupos de amigos sentados nas mesas rindo e conversando entre uma mordida e outra — quem consegue ser feliz às 9 horas da manhã ... de um domingo? Sabendo que amanhã é segunda e vão ter que encarar a realidade da vida. — Pergunto, ainda observando a mesa a minha frente, um grupo com três meninas e dois meninos, eles estão rindo desde que chegaram e não pararam de falar nem para comer.
— Pessoas que não saíram ontem à noite, pode ter certeza! — fala enquanto bebe sua terceira xícara de café, que pelo visto não está fazendo efeito.
Para a nossa infelicidade chega mais um grupo de esfomeados: quatro cafés, três cappuccinos, cinco pães de queijo, dois mistos, cinco caprese, dois omeletes tradicionais, três bolos de cenoura e dois muffins de chocolate.
— Saindo mais um café espresso e dois pães de queijo! — Antônio grita do caixa.
— Gigi? — Bia sussurra perto de mim — Eu preciso vomitar! — paro de fazer o café e a encaro assustada.
Ela está pálida e com olheiras gigantes, sem falar na sua de indisposição.
— Corre lá, eu cuido daqui.
Ela corre para o banheiro e eu volto a preparar os cafés enquanto a comida esquenta no forno. Antônio me entrega mais três notas de pedidos. Cristo, para que tanta comida?
— Gigi! — merda! Conheço essa voz, é o Alex.
O que ele está fazendo aqui? Por que ele está fazendo isso comigo? Não quero me virar e encará-lo, mas ele pode desconfiar, não quero que ele perceba que estou chateada com ele. Teoricamente ele não tem culpa, mas estou nervosa e irritada, sei que descontarei a minha frustração nele.
— Oi, Alex — me viro rapidamente com um sorriso em cumprimento, depois volto a ficar de costas preparando os pedidos —, desculpa, hoje está corrido aqui! — termino de preparar os cafés, pego os bolos e os pães de queijo. — Número 37! — grito enquanto coloco a bandeja no balcão e volto a preparar mais cafés.
— Estou vendo, você está sozinha hoje?
— O Antônio está no caixa.
— Eu sei, é que domingo normalmente é duas pessoas preparando os pedidos.
— Bom, você está vendo mais alguém aqui? — pergunto ainda de costas para ele, sei que fui grossa, foi sem querer.
— Não.
— Número 38! — me viro para colocar o pedido no balcão, o Alex está sentado no balcão com uma cara chateada. — Desculpa, está sendo um dia corrido e a Bia, que era para estar me ajudando, está no banheiro vomitando, portanto, estou só e com mil pedidos. — Peço desculpas e volto a preparar mais pedidos.
Enquanto me desculpava quis socá-lo, então é melhor eu ficar de costas para ele. Por que ele foi atrás da Luciana? Por que ele não é a fim de mim?
— Tudo bem, por onde posso começar? — o que ele está fazendo aqui do meu lado? Como ele entrou aqui dentro? — Então, no que posso ajudar?
— Ee ... hum ... — por que eu não consigo falar nada?
— Certo — ele pega o papel do pedido 40 —, você deve está fazendo o 39, então vou fazer o 40, um pão de queijo, dois chai latte e um bolo do dia ... como faz um chai latte? Quem bebe chai latte?
— Thiago. — Merda, só consegui falar isso.
Não gosto da sensação dele tão perto de mim, saber que mesmo tão perto não posso tê-lo. Não posso fazer ele me amar ou até mesmo gostar. Queria não sentir mais nada por ele, mas assim, com ele sendo legal e prestativo, fica difícil, o que dá raiva, por não conseguir desgostar dele.
— Thiago? — ele me olha confuso — você está bem?
— Olha ... melhor você ficar no balcão, você vai me atrapalhar mais do que ajudar, mas valeu a intensão. — Tento responder com educação.
— Mas quero ajudar. — Se ele quisesse mesmo me ajudar, ele sairia da minha vida.
— Então me deixa trabalhar sozinha, eu não pedi sua ajuda, eu não preciso de você e, nesse momento, você está me atrapalhando! Me deixa trabalhar sozinha ... por favor! — Merda, não deveria ter sido grossa, mas a presença dele está me irritando.
— Eu só queria ajudar — ele larga o pedido na bancada —, mas tudo bem. — Ele sai do balcão.
Merda, não quero que ele fique chateado comigo e nem que desconfie de nada.
— Desculpa! — me viro para o balcão, ficando em frente a ele. — É muita coisa acontecendo. Se você quiser ajudar, tenta achar a Bia no banheiro e, se puder, coloca ela no quarto ao lado do banheiro, deixa ela deitada lá.
Ele obedece e vai atrás da Bia, fica um bom tempo com ela no meu antigo quarto.
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Segunda Chance
RomantizmAo descobrir um segredo que seu pai guardara por anos, Giovanna sai de casa, com apenas 16 anos. Após um ano do ocorrido, ela ainda tem dificuldades em retomar sua vida, que antes glamourosa, agora mora em um depósito de uma cafeteria, a qual trabal...