52 - Diagnostico

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Meu pai ficou mais de 48 horas na UTI, ele provavelmente deve estar no quarto neste momento. Estou a caminho do hospital, fui para casa hoje, tomar um banho, trocar de roupa e ver a luz do dia, o hospital estava me consumindo. Além do mais, quero estar bem quando ver o meu pai e ouvir o que o médico tem a dizer.

Percorri o caminho todo às pressas, mas travo quando chego no andar do hospital em que meu pai está. Preciso ter certeza que, pelo menos, minha aparência esteja confiante, não posso desmoronar na frente dele.

Dou uma batida antes de entrar. Meu pai está no seu lugar de sempre, sentado na sua cama, ele sorri ao me ver, mas seu sorriso não está tão verdadeiro, consigo sentir o sofrimento dele só pelo olhar.

Respira, tenho que permanecer firme.

O Dr. João também está no quarto, ele está a minha espera. Provavelmente, meu pai já sabe de tudo que está acontecendo com ele, agora chegou a minha vez de saber.

Mas antes, o doutor me deixa cumprimentar o meu pai. Apesar de tudo, é muito bom ver ele de novo, mesmo sabendo que ele esteja sofrendo e com muita dor.

— Pai! — O abraço delicadamente para não o machucar. — Como você está? Como está se sentindo?

A vontade que tenho é pedir para ele nunca mais me dá um susto desse e para nunca mais me deixar. Mas não é certo.

— Estou bem, minha filha, melhor agora com sua chegada! — Ele aperta minha mão e alarga o sorriso.

Sei que ele quer parecer forte ou até mesmo me tranquilizar, mas consigo ver nos seus olhos sua dor. Porém, vou deixá-lo pensar que me engana, assim como eu espero estar o enganando.

— Que bom! Hoje vou passar o dia com você! — beijo ele, em seguida direciono meu olhar ao Dr. João. — Oi Dr., tudo bem?

— Tudo certo, vejo que você está melhor! — Ele sorri simpático, sorriso em confirmação. — Quer conversar aqui ou lá fora?

— Pode ser lá fora. — Ainda bem que ele me deu essa escolha, mas prevejo que não são notícias boas, o que já era de se esperar.

Fomos para fora do quarto, em uma mini recepção em frente, onde acredito que seja uma espécie de sala em que os médicos dão as más notícias aos familiares.

Antes dele começar, ele coloca um copo d'água perto de mim, o que aumenta ainda mais o meu nervosismo.

— Giovanna, como eu havia conversado com você, assim como o Dr. Osvaldo, já era esperado que o quadro do seu pai piorasse ao longo do tempo. Como se trata de câncer, podemos esperar sempre o inesperado. O resultado da biópsia mostrou o que já estávamos imaginando, o câncer se espalhou e cresceu mais do que esperado para esse mês. — Ele dá uma pausa, sei que lá vem bomba. — Não há nada que possamos fazer para melhorar o seu quadro, o que podemos fazer, já estamos fazendo, que é: providenciar assistência e conforto a ele durante esse período final. Sinto lhe informar que o estado dele está mais imprevisível do que esperado, por isso, preciso lhe alertar que não tem como prevermos por quanto tempo ele ficará conosco, sei que você gostaria de saber, mas não temos mais essa resposta. Porém, seu pai está muito seguro aqui e vamos fazer de tudo para prolongar sua estadia. E estamos aqui para você também.

Não consigo falar nada, nem mesmo agradecer ou questionar. Meu cérebro ainda está processando tudo, de uma forma bem lenta, para assegurar que esteja ciente de tudo que o médico falou. Preciso que meu consciente, inconsciente, subconsciente e qualquer outro tipo de consciência que exista, entenda que meu pai pode morrer a qualquer hora e que eu tenho que estar preparada para quando ocorrer.

Depois de um tempo volto ao normal e o agradeço. Ele sai, mas eu permaneço no sofá, mas uma vez preciso me recompor para entrar no quarto.

Volto, mas não comento sobre a conversa, ele sabe seu estado melhor que ninguém, não preciso comentar outra vez, não quero ficar lembrando que ele não está nada bem. Só ele sabe da dor que ele sente constantemente.

Segunda ChanceOnde histórias criam vida. Descubra agora