26 - Distração

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Minha cabeça ainda está confusa, seus olhos me acalmam, mas não ao ponto de esquecer tudo que está passando na minha mente, preciso de mais distração.

Volto a olhá-lo novamente, gostaria de usá-lo como distração, mas não posso, ele não é para ser usado, sei que eu me apaixonaria e quebraria a cara, não preciso de mais um problema na minha vida. Porém, posso usá-lo de outra maneira.

— Por que seu pai brigou com o meu? — pergunto do nada, mas vai me ajudar a me distrair e ainda conhecer mais ele.

Alex me olha surpreso, provavelmente, não entendeu de onde veio essa pergunta.

— Por que você quer saber isso?

— Porque minha cabeça está a mil e gosto de conversar com você, principalmente em banheiros, então é isso. — Dou de ombros.

— Você é engraçada! — fala sorrindo. — Eu não sei, eles brigaram quando tinha uns 13 anos, mas tinha algo a ver com seu pai recusar a ser sócio do meu pai, no que, eu não sei.

— Entendi, você era muito próximo do seu pai?

— Muito! — ele pausa e dá um sorriso nostálgico, sua expressão fica suave. — Éramos bem diferentes, mas nos dávamos muito bem, ele acreditava em mim e me aceitava do jeito que eu era, ele era uma boa pessoa. — Como é visível o amor que ele sente pelo pai, sempre acho bonito quem tem esse olhar de amor aos pais, sempre quis encher meu peito de orgulho ao falar sobre os meus.

— Que bonito isso, sério mesmo! Você tem irmãos?

— Tenho — agora sua expressão muda, fica mais agressiva —, dois irmãos mais velhos.

— Você não gosta deles?

— Não. — Fala seco e firme

— Por quê?

— Porque eles são idiotas! — tem rancor na sua voz.

— Defina idiotas.

— Somos uma família rica, isso é fato, só que ser rico não faz você ter super poderes, mas na cabeça dos meus irmãos faz. Eles acreditam que podem mandar e comprar quem eles quiserem, o pior é que eles pensam que tenho que ser assim também, mas não sou e, por conta disso, eles me veem como diferente, como o errado. — Sua voz fica mais forte, com raiva.

— E sua mãe? — continuo com os questionamentos, fiquei curiosa.

— Minha mãe está com meus irmãos, ela não me entende, quer dizer, nem tenta.

Sinto que hoje conheci, de verdade, o Alex. Ele deve ter sofrido demais com a morte do pai, não sei do que ele morreu, não quero perguntar isso, mas ele perdeu a única pessoa que o apoiava e o amava. Isso explica tanta coisa dele, está explicado o porquê ele não acredita no amor romântico, o porquê seu olhar esconde tantos sentimentos, o porquê ele é esquentado, o porquê de ele não acreditar nele próprio e outras coisas.

— Seus irmãos que estão tomando conta da empresa do seu pai?

— Sim.

— Você tem vontade de cuidar da empresa dele?

— Sim.

— Por quê? — odeio que ele é sempre monossilábico e tenho que ficar perguntando mais.

— Porque meus irmãos só ligam para o dinheiro, eles não se importam com o propósito da empresa, pelo que meu pai tanto lutou e acreditou. Queria comandá-la, posso não entender muito de negócios, mas faria o certo com ela.

— Eles nem pensam em colocar você para trabalhar lá?

— Nunca, eles não confiam em mim.

— Ovelha negra da família, né?

— Com orgulho, Deus me livre ser igual a eles. — Ele dá um sorriso, mas volta a ficar serio em seguida.

— Concordo, eles que estão perdendo por não valorizar você. — Sorrio como consolação.

Ele me olha com um sorriso de lado por um tempo. Ele é lindo, é uma beleza bruta, intensa, não é uma beleza padrão, igual ao Victor.

— Obrigado, Giovanna.

— Pode me chamar de Gigi, eu deixo.

— Tenho permissão agora? — provoca.

— Tem! — sorrio, ignorando sua implicância.

— Valeu, fico muito agradecido! — me provoca, colocando suas duas mãos no meio do seu peitoral e se inclinando em agradecimento.

— Ridículo. — Dou meu dedo do meio para ele.

— Mas, por que Gigi?

Aponto para o meu cabelo, mas ele me olha desentendido.

— Gigi veio de ginger.

— Gengibre, bem azeda, né? Sempre desconfiei. — Ele começa rir da própria piada idiota.

— Que engraçado! — olho seca para ele.

— Desculpa — fala ainda rindo —, então o Gigi veio só porque você é ruiva?

— E por causa do meu nome.

— Entendi! — ele fica sério e me analisa.

Okay, por que ele ainda está me analisando? Por que estou me sentindo desconfortável? Por que meu coração está palpitando?

— Hum, acho melhor a gente sair, né? — falo algo só para ele parar de me olhar.

— Oi? — pergunta confuso.

Espera, ele não estava me analisando, só estava viajando, provavelmente ficou entediado.

— Quer sair daqui? — pergunto de novo.

— Você quer sair? — ele não quer sair?

— Melhor, a Carol me viu aqui, ela vai pensar que estou de caganeira, daqui a pouco ela chama o Samu para me resgatar. — Descontraio a mim mesma.

Ele começa a rir e eu acabo rindo também, ele tem uma risada charmosa.

— Você é realmente engraçada.

— Valeu, mas vamos! — seguro a mão dele e o puxo para a saída do banheiro.

Quando saímos damos de cara com a Ariane, levo um susto, mas fico um pouco aliviada, ela não é de fazer fofoca. Ela me olha com um sorrisão e depois olha para baixo, sigo seu olhar e me dou conta que estamos de mão dadas, olho para ele totalmente sem graça, ele pisca para mim, e eu solto sua mão na hora.

Me despeço dele e vou com a Ariane para onde os meninos estão. Estou melhor agora, então sei que eles não vão desconfiar de nada.

Segunda ChanceOnde histórias criam vida. Descubra agora