Minha cabeça ainda está confusa, seus olhos me acalmam, mas não ao ponto de esquecer tudo que está passando na minha mente, preciso de mais distração.
Volto a olhá-lo novamente, gostaria de usá-lo como distração, mas não posso, ele não é para ser usado, sei que eu me apaixonaria e quebraria a cara, não preciso de mais um problema na minha vida. Porém, posso usá-lo de outra maneira.
— Por que seu pai brigou com o meu? — pergunto do nada, mas vai me ajudar a me distrair e ainda conhecer mais ele.
Alex me olha surpreso, provavelmente, não entendeu de onde veio essa pergunta.
— Por que você quer saber isso?
— Porque minha cabeça está a mil e gosto de conversar com você, principalmente em banheiros, então é isso. — Dou de ombros.
— Você é engraçada! — fala sorrindo. — Eu não sei, eles brigaram quando tinha uns 13 anos, mas tinha algo a ver com seu pai recusar a ser sócio do meu pai, no que, eu não sei.
— Entendi, você era muito próximo do seu pai?
— Muito! — ele pausa e dá um sorriso nostálgico, sua expressão fica suave. — Éramos bem diferentes, mas nos dávamos muito bem, ele acreditava em mim e me aceitava do jeito que eu era, ele era uma boa pessoa. — Como é visível o amor que ele sente pelo pai, sempre acho bonito quem tem esse olhar de amor aos pais, sempre quis encher meu peito de orgulho ao falar sobre os meus.
— Que bonito isso, sério mesmo! Você tem irmãos?
— Tenho — agora sua expressão muda, fica mais agressiva —, dois irmãos mais velhos.
— Você não gosta deles?
— Não. — Fala seco e firme
— Por quê?
— Porque eles são idiotas! — tem rancor na sua voz.
— Defina idiotas.
— Somos uma família rica, isso é fato, só que ser rico não faz você ter super poderes, mas na cabeça dos meus irmãos faz. Eles acreditam que podem mandar e comprar quem eles quiserem, o pior é que eles pensam que tenho que ser assim também, mas não sou e, por conta disso, eles me veem como diferente, como o errado. — Sua voz fica mais forte, com raiva.
— E sua mãe? — continuo com os questionamentos, fiquei curiosa.
— Minha mãe está com meus irmãos, ela não me entende, quer dizer, nem tenta.
Sinto que hoje conheci, de verdade, o Alex. Ele deve ter sofrido demais com a morte do pai, não sei do que ele morreu, não quero perguntar isso, mas ele perdeu a única pessoa que o apoiava e o amava. Isso explica tanta coisa dele, está explicado o porquê ele não acredita no amor romântico, o porquê seu olhar esconde tantos sentimentos, o porquê ele é esquentado, o porquê de ele não acreditar nele próprio e outras coisas.
— Seus irmãos que estão tomando conta da empresa do seu pai?
— Sim.
— Você tem vontade de cuidar da empresa dele?
— Sim.
— Por quê? — odeio que ele é sempre monossilábico e tenho que ficar perguntando mais.
— Porque meus irmãos só ligam para o dinheiro, eles não se importam com o propósito da empresa, pelo que meu pai tanto lutou e acreditou. Queria comandá-la, posso não entender muito de negócios, mas faria o certo com ela.
— Eles nem pensam em colocar você para trabalhar lá?
— Nunca, eles não confiam em mim.
— Ovelha negra da família, né?
— Com orgulho, Deus me livre ser igual a eles. — Ele dá um sorriso, mas volta a ficar serio em seguida.
— Concordo, eles que estão perdendo por não valorizar você. — Sorrio como consolação.
Ele me olha com um sorriso de lado por um tempo. Ele é lindo, é uma beleza bruta, intensa, não é uma beleza padrão, igual ao Victor.
— Obrigado, Giovanna.
— Pode me chamar de Gigi, eu deixo.
— Tenho permissão agora? — provoca.
— Tem! — sorrio, ignorando sua implicância.
— Valeu, fico muito agradecido! — me provoca, colocando suas duas mãos no meio do seu peitoral e se inclinando em agradecimento.
— Ridículo. — Dou meu dedo do meio para ele.
— Mas, por que Gigi?
Aponto para o meu cabelo, mas ele me olha desentendido.
— Gigi veio de ginger.
— Gengibre, bem azeda, né? Sempre desconfiei. — Ele começa rir da própria piada idiota.
— Que engraçado! — olho seca para ele.
— Desculpa — fala ainda rindo —, então o Gigi veio só porque você é ruiva?
— E por causa do meu nome.
— Entendi! — ele fica sério e me analisa.
Okay, por que ele ainda está me analisando? Por que estou me sentindo desconfortável? Por que meu coração está palpitando?
— Hum, acho melhor a gente sair, né? — falo algo só para ele parar de me olhar.
— Oi? — pergunta confuso.
Espera, ele não estava me analisando, só estava viajando, provavelmente ficou entediado.
— Quer sair daqui? — pergunto de novo.
— Você quer sair? — ele não quer sair?
— Melhor, a Carol me viu aqui, ela vai pensar que estou de caganeira, daqui a pouco ela chama o Samu para me resgatar. — Descontraio a mim mesma.
Ele começa a rir e eu acabo rindo também, ele tem uma risada charmosa.
— Você é realmente engraçada.
— Valeu, mas vamos! — seguro a mão dele e o puxo para a saída do banheiro.
Quando saímos damos de cara com a Ariane, levo um susto, mas fico um pouco aliviada, ela não é de fazer fofoca. Ela me olha com um sorrisão e depois olha para baixo, sigo seu olhar e me dou conta que estamos de mão dadas, olho para ele totalmente sem graça, ele pisca para mim, e eu solto sua mão na hora.
Me despeço dele e vou com a Ariane para onde os meninos estão. Estou melhor agora, então sei que eles não vão desconfiar de nada.
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Segunda Chance
RomanceAo descobrir um segredo que seu pai guardara por anos, Giovanna sai de casa, com apenas 16 anos. Após um ano do ocorrido, ela ainda tem dificuldades em retomar sua vida, que antes glamourosa, agora mora em um depósito de uma cafeteria, a qual trabal...