31 - Reunião

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A reunião de hoje me deixou com a cabeça a ponto de explodir. Aparentemente minha profissão será herdeira. Sempre soube que meu pai era rico, só não imaginava que era tanto. Além da Volkov Company, ele tem algumas ações, imóveis e investimentos, e tudo será meu, quer dizer, oitenta por cento, tem outras pessoas inclusas no seu testamento, ainda bem.

O Federico e o Carlos me garantiram que eu não terei que preocupar com a empresa por pelo menos um ano, menos mal, mas eles vão sempre me manter informada de tudo. Eles me entregaram dois cartões: ambos com o meu nome. Um ficará tudo que  não esteja ligado a empresa, o outro é o meu "salário" da empresa — o que é ridículo, pois não trabalharei lá. O valor do salário é alto, mas de acordo com eles isso é certo, pois meu pai possui sessenta por cento da empresa, que pertencerá automaticamente a mim, e só por ter essa porcentagem, tenho direito ao salário.

O dinheiro, que está sendo investido, continuará intacto. Meu pai aconselhou deixa-lo lá por, pelo menos, sete anos, mas terei tanto dinheiro que é provável que eu não mexa nele nunca. As ações ficarão no cuidado do Frederico, que já cuida delas atualmente, e me passará os lucros e relatório todo o mês. A maioria, dos imóveis, está locado e sem contrato para vencer tão cedo.

Estamos no restaurante favorito do meu pai no Clube Paulista, o Carlos e Frederico foram embora, mas ainda estamos aqui, estava esperando minha sobremesa, precisava de um doce com urgência depois de uma noite cheia de informação.

— Nicolau, você só conversou comigo sobre a herança e a empresa, em nenhum momento você me contou sobre sua doença, você está bem? — óbvio que ele não está bem, ele está morrendo, mas não sei como fazer essa pergunta, então encaro a xícara de café vazia, que eu acabei de tomar, para não ter que encará-lo.

— Você não precisa se preocupar comigo. — Fala calmo.

— Eu sei, mas quero saber, você sabe quanto tempo você tem? — como é horrível fazer essa pergunta.

— O Dr. João Nyong informou que provavelmente eu não passe de fevereiro.

Por que eu fiz essa pergunta? Eu não queria saber a resposta.

— Com licença.

Consigo segurar minhas lágrimas até chegar no banheiro, onde eu me desmonto.

Fevereiro, meu Deus, fevereiro está bem aí, menos de um semestre! Será que ele estará vivo no meu aniversário? Será que ele consegue chegar até fevereiro? Queria perguntar mais, mas não estou preparada para as respostas. Sinto que eu vou explodir, como se minha cabeça fosse um computador com memória cheia entrando em colapso por não suportar mais arquivos.

Não posso ficar no banheiro para sempre, se bem que eu gostaria, mas não conseguirei encará-lo, verei um relógio na cabeça dele.

Okay, eu consigo agir naturalmente.

Volto a mesa e ele já havia pago a conta. Não falamos mais nada até saímos do restaurante, estou evitando olhar para ele, não quero que ele me veja apavorada, apesar de tudo, ele não merece esse olhar.

Estamos indo para a porta do clube, onde o motorista do meu pai o espera. A alguns passos da saída, vejo uma briga, são dois garotos discutindo alto em um canto escuro, mas reconheço um dos olhos, é o Alex, o que ele está fazendo aqui? Por que eles estão brigando? Não consigo ouvir a conversa com clareza, está distante, os dois estão falando ao mesmo tempo, não dá para entender.

— Filha, está tudo bem? — meu pai me observa, eu parei de andar no momento que reconheci o Alex.

— Sim, — tiro os olhos da discussão e olho para o Nicolau — na verdade, eu vi um amigo, tudo bem se eu ficar aqui? — não consigo ir embora sabendo que tem uma pessoa atacando verbalmente o Alex.

Ele aceita. Eu o acompanho até a saída e depois vou atrás do Alex. Ele ainda está no mesmo lugar, mas a briga se intensificou. O homem empurra o Alex com tudo, mas ele não cai, ele tenta revidar, mas homem o empurra de novo antes que ele revidasse, dessa vez ele cai com tudo no chão.

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