20 - Fala que eu te escuto

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Tirei o dia de folga ontem só para ajudar o Zica com os preparos para o picnic especial dele com a Ariane. Está tudo pronto e lindo, compramos uma mega cesta para colocarmos o bolo de floresta negra, duas baguetes, queijos, uma garrafa de suco de laranja e copos, pratos e talheres, o Zica ainda comprou um buquê e umas flores para enfeitar a cesta, será impossível ela não amar!

Enquanto ele se arruma para o encontro, eu saio para o trabalho. Não gosto de trabalhar em final de semana, especialmente no sábado, gosto de ficar de boa, sem compromisso nenhum. Sábado o Fargo é lotado, mas é bom que trabalho muito e as horas passam mais rápido.

Parece que o corpo sabe a hora que meu turno termina e vai começando a desacelerar, já começo a ficar cansada e com dor nas costas, só quero minha cama e minhas séries.

Estou terminando um pedido de um cliente quando me viro para entrega-lo.

— Alex? — o que ele está fazendo aqui?

— Giovanna? — me imita.

— O cappuccino e a baguete caprese são seus? — pergunto, não sei o que falar.

— Sim. — Ele pega o pedido e senta no balcão. — Você está trabalhando aos sábados também?

— Só hoje, folguei ontem, aí tive que repor. — A Bia me passa mais um pedido, dois expressos e três pães de queijo.

Termino de fazer e vejo que ele ainda está aqui.

— Faz tempo que eu não te vejo na escola. — Minto, sempre o vejo, mas ele está sempre com a Luciana.

— Pois é, eu vejo você às vezes. — Ele dá um gole no seu cappuccino.

— E por que não fala comigo?

— Não sei, fluímos mais no banheiro. — Fala dando um sorriso de lado.

— Então será difícil conversamos na escola. — Dou uma risadinha. — Mas, sério, você está com raiva de mim?

— Por que estaria? — pergunta confuso.

— Não sei, desde a detenção que eu não falo com você e, sei lá, você acabou indo duas vezes na detenção meio que por minha causa.

— Sim, fiquei puto, mas com Victor, que garoto escroto.

— Eu sei, desculpa.

— Não é sua culpa.

A Bia me passa mais um pedido, um chai latte e um bolo de cenoura.

— O que você vai fazer depois daqui? — ele me pergunta assim que finalizo o pedido.

— Deitar, estou acabada! E você? Vai ver a Luciana? — merda, por que perguntei isso?

— Como você sabe que estou com a Luciana? — pergunta surpreso.

— Vi vocês se pegando uma vez. — Minto, foi bem mais de uma vez. — E aí, já queimou a língua? — Dou um sorriso provocador.

— Queimei a língua? — ele me olha confuso.

— Sim, você me disse no banheiro que não acredita no amor.

— Nossa, você se lembra disso? — ele pressiona seus lábios um no outro e sorri com eles ainda pressionados.

Ele está com vergonha?

— Sim, você é a primeira pessoa que conheço que me falou isso.

— E você foi a primeira que me disse que eu nunca tentei amar. — Agora ele volta com o seu sorriso de sempre.

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