Segunda Chance

17 - Calmaria

Só vou me mudar de vez amanhã: terça-feira. Sábado não existi e domingo tirei para juntar todas as minhas tralhas na mala, o que sobrar jogarei fora ou doarei. Hoje trabalho até tarde, então preferi deixar para amanhã. Combinei com o Rick, não trabalharei amanhã para fazer minha mudança.

Pensei seriamente em faltar hoje, sei que todo mundo vai me olhar pior do que me olharam na segunda-feira, da festa de início de semestre da Lia. Não posso reclamar, o Victor estava certo, o que fiz com ele foi muito baixo, ele não merecia isso.

— Gigi! — alguém grita meu nome um quarteirão antes de chegar na escola.

— Ariane! — falo com um sorriso, não a vejo desde a festa, não falei com ela depois que ela ficou com Zica, ainda estou em choque com essa informação.

— Como você está? Desculpa por não está lá quando você precisou. — Diz se sentindo culpada.

— Relaxa, fiquei sabendo que você estava muito bem acompanhada. — Provoco com um sorriso malicioso e ela fica vermelha na hora.

— Pois é.

— Mas me conta, como foi isso, você era a fim dele também?

— Também? — Ela pergunta com um sorriso e respondo com outro. — Eu estava bêbada, então me soltei mais, começamos a dançar ... aí quando vi estávamos nos beijando, e eu gostei e continuamos, só que comecei a ficar meio tonta e ele me levou para casa.

— E viveram felizes para sempre!

— Será que vai ficar um clima estranho? — pergunta apreensiva.

— Não, o Zica é de boa, ele nunca forçaria nada, mas se você quiser, ele quer. Ele gostou de você. — Digo com a esperança dela também gostar dele, o Zica merece alguém legal.

— Eu também gostei dele. — Fala com um sorriso tímido. — Mas, e você, como você está?

— Estou ... não sei, sei que todo mundo vai me olhar, sei que fiz merda, sei que o Victor também fez, sei que serei a piranha da história, mas tudo bem.

— Bom, já sabemos que as pessoas que falarem isso são todas recalcadas, porque você namorou o garoto que todas sonham em namorar e ainda pegou o garoto que todas queriam pegar, é tipo uma lenda. — Ela ri e eu também.

— Obrigada, manterei isso na minha cabeça quando a galera começar a me olhar torto.

— É sério, aquele garoto é um Deus latino!

O Deco é o típico latino em filmes Hollywoodianos, uma pele bronzeada, cabelo escuro e curto e, o toque principal, extremamente sexy, gosto de chamá-lo de sexy do cartel, pois ele parece um mafioso, ou aqueles seguranças que fazem o trabalho sujo.

— Mas é o Deco, ele pega qualquer coisa que respire, e eu literalmente bati na porta da casa dele, acho que ele ficou sem graça de falar não.

— Mesmo assim!

Subimos para a sala. A Ariane estava um pouco nervosa de encontrar o Zica, mas deu tudo certo, até porque, o Zica gostou mesmo de ter ficado com ela, ou seja, terá romance.

No recreio, o Gabs dá um perdido na gente para passar com a Camila, sem que o Carioca perceba, o Carioca está com a Lia, o Zica com a Ariane e eu de vela master. O José conseguiu se declarar para a Lia na festa de sexta e ela também disse que o ama, então os dois estão no céu, já o Zica com a Ariane, está aquela coisa de primeiro encontro, portanto, estou sobrando mesmo.

Decido ir para cantina comprar algo e deixá-los lá, nem vão sentir minha falta mesmo. O recreio é a pior hora quando se é alvo de uma fofoca, parece que todos os olhares estão sobre mim, dá vontade de gritar e mandar todo mundo cuidar da sua vida.

O Alex está na fila também, mas ele está acompanhado da Luciana, ele não perde tempo mesmo.

A Luciana, assim como a Beatriz, é linda, e o tanto que ela tem de bonita, tem de legal, quer dizer, não sou amiga dela, mas o pessoal gosta muito dela, principalmente os meninos, se a Bruna Marquezine fosse loira, seria ela, toda angelical, meiga e sedutora. O Alex está até rindo, e do pouco que o conheço, sei que ele não é de rir muito, eles estão tão entretidos na conversa que nem perceberam que estou atrás deles. Bom, a Luciana não falaria comigo, mas o Alex sim, quer dizer, falaria? Somos amigos? Ou só somos amigos quando não tem ninguém perto?

Fico mexendo no celular para não ficar encarando-os conversando, mas presto mais atenção na conversa deles do que no celular, ele acabou de chamá-la para sair ... Isso é estranho, por que fiquei incomodada com isso? Eu o acho muito bonito, mas gostar dele é diferente, eu acho.

Quando eles pegam o pedido e saem da fila o Alex me nota e me olha surpreso.

— Giovanna. — Fala com um sorriso de lado.

— Alex. — Imito ele. — Oi. — Falo para a Luciana que retribui com um sorriso.

— Está tudo bem com você? — ele me pergunta.

— Está indo — respondo bem por cima, não vou falar da minha vida perto da Luciana que, certeza, deve pensar que sou uma piranha —, deixa eu fazer meu pedido se não a galera atrás vai reclamar.

Faço o meu pedido enquanto eles saem para se sentarem, em uma das mesas do refeitório, sozinhos. Depois volto para segurar duas velas enormes e sem fim.