Capítulo 30

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Marcel POV (dois dias depois)

 

A Cami está sentada na minha cama enquanto fecho a mala de viajem.

“Vou ter saudades.” Ela diz.

“É só uma semana. Não vais sentir tanto a minha falta.” Digo segurando a sua mão e dando-lhe um beijo na bochecha.

“Sim, vou. Nem te posso telefonar ou mandar mensagem.”

“Vais ficar bem. A semana vai acabar antes de te aperceberes.”

*

Quando poderei sair daqui?

Ainda só aqui estive umas horas e já odeio isto.

Também já sinto falta da Cami.

Estou sentado num quarto branco com coisas brancas e com o chão branco brilhante. Cheira a hospital, o que suponho que seja uma espécie de hospital. Os lençóis não são suaves e a cama range cada vez que me movo. Estou sentado na cama a olhar para a janela quando uma senhora entra.

“Olá Marcel! Sou a Dr. Fang.” Ela diz.

Oh que nome tao reconfortante…

Ela tem cabelo loiro e dentes brancos que são enormes. Ela faz um sorriso bem aberto para mim. Espero bem que não seja a minha médica.

“Sou a tua médica!” Ela exclama.

Que maravilha.

“Então, sabes porque estas aqui, certo?” Ela pergunta.

“Sou um aluno de 20’s, eu sei porque estou aqui.” Murmuro.

“O sarcasmo não te leva a lado nenhum.” Ela diz, ainda a sorrir.

“Desculpe, estou apenas nervoso.”

“Eu sei que estás, e não faz mal. Vou-te fazer algumas perguntas.”

“Ok…”

“Quem é o teu melhor amigo?”

“Cami.”

“É a tua namorada?”

“Sim.”

“Á quanto tempo?”

“Pouco mais de um mês. Conheço-a á três meses.”

Ela abana a cabeça para cima e para baixo. “Esta relação põe em algum tipo de pressão?”

Fico quieto por um segundo. “Bem, não. Ela faz-me sentir seguro e feliz. Quando estou com ela, não tenho preocupações.”

“A vossa relação já teve alguns momentos maus?”

“Sim… Eu pensei que ela me tinha traído. Mas ela estava a fingir namorar com alguém para me proteger...”

“Como assim?”

“Era uma pessoa que me fazia bullying…”

“Então sofres bullying?”

“Obvio que você já sabe disso, eu escrevi no papel…”

“Eu sei. Quem te faz bullying?”

“Toda a gente.”

“Toda a gente?”

“Sim, toda a gente.”

Ela senta-se por um segundo, pensando.

“E como é que isso te faz sentir?” Que pergunta tão típica para se fazer.

“Como me faz sentir? Horrível. Durante anos, não falava com ninguém. Mal falava em casa. Apenas mantia tudo cá dentro. Escrevia músicas e era aí que me libertava.”

“Então cantas?”

“Sim…”

“Como te descreves?”

“Nerd, hm, só. Maduro, suponho. Calmo…”

“É difícil te descreveres?”

Levo uns momentos a pensar nisso. “Sim.” Sussurro.

“Porquê?”

“Porque… Porque eu já fui chamado de tantas coisas na minha vida. É difícil dizer qual delas é verdade qual é mentira. Eu nem consigo distinguir os meus próprios traços daqueles que as pessoas pensam que tenho…”

 “És esperto, não és? A maioria das pessoas não conseguem responder a esta pergunta.”

“Eu penso muito nestas coisas, suponho…”

Ela faz um monte de perguntas e fico com ela por mais uma hora.

“Foi bom poder-te conhecer.” Ela diz. “Vou voltar mais tarde. Podes vir ter comigo sempre que precisares.”

“Obrigado…”

 

(Dia seguinte)

Estou sentado num círculo com um monte de adolescentes que não conheço. Fui forçado a vir aqui. Nenhum destes miúdos parece estar feliz por estar aqui. Têm todos uma cara séria e ninguém sorri. Uma médica entra na sala e senta-se no círculo.

“Olá a todos! Temos três pessoas novas hoje, então vamos começar com elas. Vão dizer o vosso nome, idade e como se sentem hoje. E depois os outros podem fazer perguntas.

Boa. Não sou bom a dizer coisas sobre mim mesmo a estranhos. Brinco com o crachá com o meu nome na minha t-shirt e tento não ficar nervoso.

“Hmmmm… Marcel! Vamos começar contigo!” Ela diz.

“Oh, hm, o meu nome é Marcel. Eu, hm, tenho 18 anos. E, hm, sinto-me… vazio.”

Uma raparigo com cabelo vermelho fala. “Vazio como?”

“Bem, é o meu segundo dia aqui e eu não tenho emoções neste momento. Não estou feliz, e não estou triste.”

“Quantas tatuagens tens?” Um rapaz com pele bronzeada pergunta.

“40…”

Toda a gente me olha como se fosse um e.t.

“40 tatuagens e tens 18 anos?” Uma rapariga pergunta.

Quero ir embora. Quero correr para longe daqui e fugir destes olhos a observarem-me. Sinto que me estão todos a julgar-me, como as pessoas na escola. Não é diferente. Porque é que eu vim aqui? Nunca devia ter vindo.

Assenti. “ Podemos passar a outra pessoa por favor.” Pergunto. Estou-me a sentir desconfortável com estas pessoas todas a olharem-me.

“Claro Marcel.” A médica diz.

Apercebo-me que todos estes adolescentes são como eu, ou passaram pior, o que eu não pensava que fosse possível. Não estou sozinho. Há outros como eu.

Quando acabamos, a rapariga que me perguntou sobre as tatuagens vem até mim.

“Dói?”

“O que é que dói? As tatuagens?”

Ela assente.

Encolho os ombros. “Ao princípio sim, mas agora estou habituado. Isso dói?”

Ela olha para o seu braço e puxa a manga para baixo. “Ao princípio sim, mas agora já estou habituada.”

“Estas são as minhas cicatrizes, e essas as tuas. Apenas temos uma maneira diferente de libertar a dor.”

“Nunca pensei disso dessa maneira…”

O Marcel fez uma amiga U.U

Novo capitulo lalala amo-vos :3

Já sabem que dedico os capítulos ao comentário que mais gostar

Que idade vós tendes? Eu tenho 17 U.U

LY ALL <3

Marcel (tradução)Onde histórias criam vida. Descubra agora