1

11.2K 556 42
                                    

Estava tudo bem, antes de tudo acontecer, já tínhamos superado a minha fase de garota gorda e esquisita para a garota Miranda, definitivamente. Sentia-me orgulhosa e de certa forma sentia orgulho em ver como Miranda confiava em mim para levar o livro em sua casa, em como ela me olhava dos pés a cabeça, aprovando meu look, mesmo que para isso acontecer, eu tivesse que ter passado pelo pesadelo de ver o dragão em sua mais bela fúria por eu,  e uma tempestade tê-la feito perder o recital das gêmeas. Foi ali que eu passei de uma jovem adulta, para apenas adulta.
E agora parece que mais um novo ciclo está por me transformar, pois, eu e meu eu destrambelhado tropeçou nos próprios pés enquanto se colocava ao lado de Miranda para mostrar as modificações em uma cláusula de um contrato para Miranda, e cai sentada em seu colo, mas, ao invés de me levantar rapidamente, olhei para seu rosto, ao invés de ficar com medo, observei suas delicadas e sutis marcas de expressões escondidas pela maquiagem, seus olhos azuis piscina profundo. Sempre pensei que os lábios de Miranda eram finos, mas olhando de perto, é tão carnudo e parece ser tão macios... Meu corpo esquentou, mas o que me tirou dos meus devaneios e me fez olhar confusa para ela, foi sentir algo crescendo debaixo de mim, olhei para ela com o cenho franzido. Ela estava com os olhos arregalados, seus lábios comprimidos. O dragão estava pronto para me carbonizar.

— Sai! — Ela disse em seu tom habitual, frio e baixo. Levantando-se de pressa e indo para frente da janela, ficando de costas para mim.

— M-me des-desculpa, Miranda. — Maldita gagueira que só me aparece nos piores momentos.

— Saia!

Girei nos calcanhares e segui para minha mesa sem ter mostrado as modificações dos documentos, porém, deixando em cima de sua mesa.

Tentei, juro que tentei não pensar naquilo que senti crescendo enquanto estava sentada no colo de Miranda, mas por deus, era impossível não pensar, será que Miranda tinha um pênis?
Abri o navegador no notebook e comecei uma busca desesperada por alguma pista sobre, porém, não tinha nada além de seus dois casamentos fracassados, e algumas coisas sobre seu atual casamento, coisas também sobre as gêmeas. Não era um pênis sua idiota, ela já foi casada varias vezes, tem filha, como ela vai ter um pênis?
Meu eu dizia na minha mente, tentando fazer com que eu deixasse esse assunto de lado, mas, ao mesmo tempo eu não parava de buscar uma resposta para aquilo que senti crescendo debaixo de mim, se tiver sido mesmo um pênis, seria grande... senti um frio percorrer toda a minha espinha só em imaginar Miranda entrando em mim com... será que ela foderia forte?
Desisti depois de alguns bons minutos, minha curiosidade passou para preocupação, pois desde o "incidente", Miranda não estava dirigindo a palavra para mim, só chamava pela Emily e ela me passava as ordens, aquilo começou a me dar aflição e agonia, não queria ser demitida, gosto do meu trabalho, mas gosto mais de estar perto de Miranda, de ouvir sua voz, de admirar seu trejeito, ela é linda e não é de hoje que tenho uma paixão platônica por Miranda, e me contento com isso, — sou tão ridícula —  mas tenho pés nos chão, ela é hetero, é famosa, é casada e eu sou apenas Andrea, sem nada na vida ainda, e hetero, pelo menos era até começar a sentir desejos por Miranda, mas isso é um segredo que guardo a 7 chaves.

— An-dre-ah!

Ela me chama e eu me assusto, é agora que seria demitida, ela passou o restante do dia todo me evitando e me chama justo no final do expediente quando Emily saiu para cumprir talvez a última ordem do dia. O medo veio forte e a passos inseguros segui para sua sala.

— Sim, Miranda? — proferi insegura e com a voz trêmula.

Nada ela disse, abriu sua bolsa e pelo que reconheci, tirou um talão de cheque e começou a preencher algo nele ainda sem olhar para mim.

— Quanto você quer para manter em sigilo? — Ela questionou ainda sem olhar para mim. Seu rosto estava rubro, ela estava envergonhada?

Não, claro que não, ela é Miranda Priestly, a dama de ferro, vergonha é algo que não existe eu seu dicionário.

— Não entendi, Miranda. — Praticamente sussurrei, estava com medo de ser demitida.

— Não se faça de sonsa, garota tola, me diga qual o seu preço, eu cubro qualquer valor que você possa ganhar sobre esse furo de reportagem que qualquer imprensa possa oferecer sobre o fato de eu ter um pênis, vamos Andreah. Não roube meu precioso tempo!

Arregalei os olhos, céus! Então ela realmente tem um pênis, maldito calor que tomou conta do meu corpo, maldita minhas entranhas que se apertaram dolorosamente ao ouvir tal confissão. Mordi o lábio inferior.

— Não precisa me pagar para manter um segredo que você guarda, Miranda, fique tranquila, que se você quer manter isso em segredo, não será eu quem irá revelar. — Falei de forma suave.

Ela me olhou surpresa, sua boca abria e fechava, ela queria falar algo mais não saia nada, e eu queria muito ouvir o que ela me tinha a falar, porém, o barulho do elevador despertou ambas, e uma Emily afoita adentrou a sala de Miranda.

— Isso é tudo! — Miranda proferiu sem me olhar, dando a vez de Emily falar.

Sai frustrada dali, queria ter conversado mais, ter ouvido mais, aquilo era muito insano para mim, como assim Miranda Priestly tem um pênis? Sentei em minha cadeira e fiquei imersa em meus pensamentos até Emily me despertar me liberando para ir para casa.

Ali naquele dia, era mais uma nova Andrea que surgiria.

Miranda sempre me transformando.

RecônditoOnde histórias criam vida. Descubra agora