eu sou a ansiedade

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Quarta feira chegou. Os dois primeiros dias de aula foram tranquilos, segunda feira foi incrível e depois do episódio da sorveteria, Olívio não me mandou mais mensagens. O que me fez sentir um pouco estranha.

Não queria compartilhar com Pamela, então a única pessoa com quem eu poderia conversar era Lurdes, claro que não contaria como me sinto estranha perto dele ou ansiosa e até nervosa quando ele fica me encarando.

- Olívio ainda não me deu sinal sobre seu pai. Acha que pode significar que eles já esqueceram? - desabafei na mesa do café da manhã, enquanto comia sucrilhos com torrada e café. Lurdes se virou do fogão, limpando a mão em seu avental e arqueando a sobrancelha.

- Minha querida, mas vocês não se falaram ainda antes de ontem?

- Sim, claro, mas ele falou que iriam viajar semana que vem. E se eles esqueceram? E se eles viajarem e ficar muito tempo lá?

- Ora! Vamos. Se acalme e pare de falar de boca cheia, Rona. Eles vão te ligar, não se preocupe. De nada adianta ficar se preocupando com coisas que estão fora do seu alcance.

- Você é tão filosófica! - ri, beliscando-a de leve, como sempre faço para lhe irritar.

- Ará! - exclamou, batendo em minha mão. - Agora vá, depressa. - ela chacoalhou a mão como me expulsando de sua cozinha.

- To indo, estou indo! Aí! - exclamei, colocando a última torrada na boca e correndo do apartamento com a bolsa pendurada no ombro.

Pamela já me esperava no portão quando desci, ela estava de cabelo preso, o que era um milagre. Ela cerrou os olhos quando me viu.

- Hoje nós nos encontramos com a equipe, Rona! Você me deixa seu cabelo solto justo hoje?! Ah, esquece. Vem. Toma aqui uma de minhas xuxinhas. - eu prendi o cabelo enquanto andávamos. - Lucas me mandou mensagem ontem, ele não larga do meu pé, sabe? Disse que vai se mudar e gostaria de "me levar para jantar" - disse, fazendo aspas com a mão e uma careta. - Sinceramente! Desde o ano passado, não sei como eles sempre colocam as mesmas pessoas na mesma sala! Eu daria tudo pra estudar com o Fábio ou o Felipe da sala 12, o que você acha? Você os viu? O Fábio é o que tem um piercing na língua. Na língua, Ron! O Felipe é um gato e tem cara de mais velho, igual seu irmão, mas sem aquela barba incrível de um Deus nórdico e guerreiro. - ela suspirou. - Que que foi, hein? Tá muito calada. Não tá preocupada com essa coisa de hoje, né? A Samanta pode parecer essa pessoa antipatica mas juro que ela é bem legal, você vai gostar dela e vai dar tudo certo e ainda teremos notas extras.

- Não, não é isso. Estou pensando que o Paulo ainda não me ligou. Será que eles não gostaram de mim? - nós já estávamos chegando na escola.

- Puf! Bobagem, Rona. As vezes acho que você não se olha no espelho o suficiente. Eu daria tudo pra ser igual você. - ela me abraçou pelo ombro, me dando um beijo na bochecha. - Ninguém seria louco de não te chamar.

- Eh... - murmurei.

Na escola, as meninas da equipe de líderes sentaram comigo e Pamela. Alguma delas já estavam se preparando para tentar entrar em faculdades técnicas onde havia equipes maiores de torcida onde competiam.

Para mim, elas eram todas iguais. Loiras, brancas, cabelos longos e presos e altos rabo de cavalo, olhos maquiados e batom vermelho ou rosa. Imagino que demoravam alguns belos minutos para se arrumar todo dia antes da aula.

Samanta era a líder da equipe, aparentemente, ela quem marcava as reuniões, onde seria, quem ia apresentar o que, a música, coreografia e até as festas.

As festas eu sempre ouvi falar, até quem não era dessa escola.

Eles faziam festas enormes, sempre em alguma casa de férias ou quando seus pais não estavam.

Meu nome é RonaOnde histórias criam vida. Descubra agora