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Ao chegar na casa dele senti cheiro de bolo e queijo. Olhei pra ele, franzindo a testa.

- A Eliza tá fazendo bolo? - ri.

- Mas nem se o fogo não queimasse. - respondeu. - Eu fiz. Deixei o fondue esquentando também.

- O fon do que? - repeti sem entender o que era.

Ele abriu a porta, jogando minha mochila em um aparador no canto do hall. - Cadê a Eliza?

- Ela já, já aparece. - sorriu, me abraçando. - Agora, vem aqui. - ele me puxou de leve pela cintura, me beijando. A boca dele parecia ter sentido tanta falta quanto a minha. Nossos corpos estavam tão juntos, escorados no canto da parede do hall, desafiando a impenetrabilidade da física.

- Ei, que pouco vergonha é essa? - Eliza estava no pé da escada, com um sorriso e as mãos na cintura. Ela desceu depressa e pulou em um abraço. - Que saudade de você! Você viu que o bonitão aqui fez? Foundue de queijo pra "Ron Ron". - essa parte ela fez um biquinho, debochando e rindo. - Estou faminta e tive que pedir uma pizza pra mim porque meu irmão mais velho é um péssimo babysitter. - ela me puxou pela mão, para a cozinha. Eu olhei para Olívio, que deu de ombros mas com um leve sorriso.

Eliza abriu a geladeira, pegando uma jarra de água e bebendo direto da jarra. Ela nos entreolhou, com um olhar malicioso.

- Estou atrapalhando vocês?

- Claro que não!

- Sim. - respondemos Olívio e eu. Eu o olhei, reprimindo-o.

- Não está, Liz. - ri, me aproximando do balcão de mármore da cozinha. - E esse bolo, uh?

- Nós chamaremos a Eliza pra comer com a gente depois da janta. Tá? - ele olhou para Eliza, que revirou os olhos e olhou pra mim.

- Acho que meu irmão não sabe namorar. Desculpa ele, tá? - disse, dando uma piscadela. - Ok, irmãozinho. Tô subindo, tá? Olha eu subindo para meu quarto, morrendo de fome...! - ela subia os degraus teatralmente, com a mão na testa. Olívio foi até a sala pegar uma almofada e atirou nela, pegando em suas costas. - AI! Ei! Palhaço. - ela arrumou o cabelo, se endireitando e mostrando a língua. - Tá bom! - ela subiu depressa e ouvimos a porta fechar.

Eu sorri, maliciosa, me aproximando de Olívio.

- Onde paramos? - disse, segurando em seu cinto e puxando devagar pra mim. Ele sorriu, me dando um beijo na testa.

- Na hora do jantar. - ele me segurou na mão. - Vamos.

Ele pegou um refratário de barro com uma pequena vela por baixo, que mantinha o queijo quente e derretido.

Fiquei sentada na mesa, enquanto ele trouxe um vinho que eu não saberia dizer nada sobre ele, pedaços de pão e carne.

- Está um cheiro maravilhoso! - exclamei quando ele sentou ao meu lado, servindo vinho em uma taça, eu ri. - Nossa, que chique.

- Não é pra fazer brincadeiras. - disse, reprimindo-me com o olhar. - É a primeira vez que você vai dormir aqui em casa, digo, em circunstancias normais. - sorriu, senti meu rosto corar. - E resolvi fazer algo para nós dois.

Olívio me contou o que tinha feito desde a última vez que nos vimos. Ele disse que visitou uma cidade chamada Cesky Krumlov, um lugar apaixonante e que fazia lembrar de mim a cada detalhe e de um clima delicioso.

Enquanto me falava dos bares que conheceu, os artistas com quem conversara e comidas diferentes que havia provado, eu reparava nos detalhes de seu rosto. Sua barba estava um pouco maior, feita de uma forma perfeita, que deixava seu rosto quadrado, seu nariz um pouco fino e seus olhos tão escuros que eu poderia facilmente me perder nessa escuridão.

- Mas e você? Alo? - estalou os dedos, tirando-me de meus devaneios.

- O que? Bom... você já sabe tudo, praticamente. A única coisa que não deve saber é que Eliza e Fábio vão se encontrar.

- Sei disso também. - ele arqueou as sobrancelhas, reprovando a ideia.

- Bom... minha família vai pra Noruega no Natal.

- O Natal? E o Ano Novo? - perguntou ele, dei de ombros, atacando os últimos pedaços de pão e mergulhando naquele queijo maravilhoso.

- Provavelmente passaremos lá? Não sei. Minha nossa, você cozinha muito bem, sabia disso?

- Disseram que a melhor forma de ganhar alguém é através da barriga. - ele sorriu, eu fiz uma careta.

- Então te peço desculpas. - disse, ele riu.

Depois de jantarmos e Eliza comer sua pizza - inteira -, nos juntamos na sala de vídeo para assistirmos filme.

Eliza nos fez maratonar todos os filmes De Volta Para O Futuro, que são ótimos, enquanto eu fiquei deitada no colo de Olívio - em alguns momentos, é claro que eu aproveitava para lhe acariciar entre as coxas e abdômen, enquanto o ouvia ficar ofegante.

- Acho melhor irmos dormir. - anunciou ele.

- Mas está na metade do último! - protestou Eliza. - Você também vai? - me perguntou, fazendo um pequeno bico. Eu fingi bocejar.

- Estou um pouco cansada, Liz.. Mas prometo que amanhã ficaremos juntas! - prometi, ela bufou, revirando os olhos.

- Ah, sai daqui vocês dois, então. OLIVIO! Você trate de não fazer besteira! - advertiu, apontando o dedo e depois se virando para a tela enorme da sala escura.

Meu nome é RonaOnde histórias criam vida. Descubra agora