pra onde eu vou?

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Março chegou com uma temperatura maravilhosa e notícias espetaculares.

De manhã, na mesa do café, havia três envelopes que eu sabia exatamente de onde vinham.

"Nós, da Universidade do Estado da Bélgica, viemos por meio desta comunicar nossa enorme satisfação em receber os exames de Rona Kerstin e dizer que você está aprovada para iniciar sua carreira acadêmica em nossa instituição."

As outras duas cartas, da Dinamarca e Suíça, também passavam as mesmas informações.

- Eu consegui! Lurdes! EU CONSEGUI!! - eu gritei, pulando e abraçando Lurdes, que por sua vez gritava e dava pulinhos enquanto sua sapatilha fazia barulho ao bater no chão.

- Parabéns! Parabéns!! - nós nos abraçávamos e chorávamos de felicidade.

- Aí meu Deus... aí meu Deus. - o que eu ia fazer? Para quem eu tinha que ligar? E agora?

- Vamos! Ligue para o seu pai! Ele nem queria ir trabalhar hoje depois de ter recebido os envelopes. Ande, menina!

Eu liguei para meu pai, que atendeu logo no primeiro toque.

- Nós, da Universidade de Keller, com muita satisfação recebemos os exames de Rona Kerstin e viemos por meio desta comunicar sua aprovação imediata. - eu li o primeiro parágrafo, com papai gritando ao fundo, eu podia ouvi-lo dizer "minha filha passou na Keller! Como assim não sabe?! É na Suíça!" e para as outras duas que eu li, ele fez o mesmo. Dava pra ouvi-lo fungar ao telefone. - Pai, você não está chorando, está? - eu estava chorando, com meu coração batendo acelerado, Lurdes secava as lágrimas em seu avental, na cozinha.

- Eu estou tremendamente orgulhoso, isso que estou! Parabéns, minha filha. Parabéns! - ele soluçava. - O que Olívio achou? - eu ri, nervosa. - Você ainda não contou pra ele? - ele riu, ainda chorando.

- Não! Lurdes disse que você nem ia trabalhar hoje se eu não te contasse logo!

- Parabéns, minha filha. Parabéns. Chegarei em casa mais cedo hoje.

- Eu te amo, papai. - ele soluçou, fungando.

- Jeg elsker deg. - "eu te amo".

Eu já tinha me atrasado grandemente para o colégio, por isso, decidi pegar os envelopes e ir até a casa de Olívio de táxi.

Ao chegar no residencial, esperei que interfonassem informando que eu estava ali e para me liberar e, antes mesmo de chegar em sua casa, Olívio já me esperava no jardim de entrada, com semblante preocupado.

- O que? O que houve? - ele me olhava para certificar se eu estava bem. Eu chacoalhei os três envelopes na sua frente, voltando a chorar e rindo. Seu rosto se iluminou, me abraçando e me levantando. - Quais? Onde?

- As três! AS TRÊS!

- As três?

- As três! - nós riamos, ele me girando em seu colo. Me colocou no chão, me beijando como se não nos víssemos há dias, apertando minha cintura contra ele.

- Você conseguiu! Rona Kerstin, você conseguiu! - ele sorriu, ainda me dando beijos.

Ele leu os três envelopes, nós estávamos sentados na escada de entrada. Sua irmã estava no colégio, seu pai no estúdio e sua mãe tomando café.

- Eu não sei dizer o quanto estou orgulhoso e feliz por você. - disse ele, fechando os envelopes ainda com seu sorriso arrebatador no rosto. - Qual você quer?

Eu encarei meus três possíveis futuros, guardados dentro de envelopes pardos.

- Eu não sei.

Meu nome é RonaOnde histórias criam vida. Descubra agora