a ressaca

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Estava bem claro quando acordei, minha cabeça latejava. Onde eu estava?

Eu estava com uma camisola, que não era minha, de seda rosa, combinando com o esmalte das unhas dos meus pés.

O quarto tinha papel de parede de arabescos claros, num tom creme e verde bebe, as cortinas na janela também era creme. A cama, grande demais para mim, estava bagunçada e vi meu celular na pequena mesa de canto. Onde eu estava mesmo? Ouvi pessoas cochicharem na porta.

- Deixe-a dormir, está bem?

- E se ela estiver mal? - reconheci a voz de Olívio e Eliza.

- A culpa é sua de não ter me dito nada!

- Ela precisa comer e se hidratar.

- Você com certeza sabe melhor do que eu, então vai! - resmungou ela ainda mantendo o tom de voz baixo.

- Entre e veja se ela está bem, Eliza.

- Quando foi que você virou esse Sr Certinho, hein? - debochou, abrindo devagar a porta e me encontrando sentada.

- Er... oi? - eu tentei sorrir, mas acho que saiu uma careta muito estranha pois minha cabeça doía. - Ai...

- Alô, ressaca! - ela riu baixo, tinha um copo de água na mão. - Toma. - ela estendeu o copo, me dando um remédio que eu reconheci para dor de cabeça. Olívio entrou no quarto em seguida.

- Está se sentindo bem? - perguntou, sentando no baú acolchoado em frente a janela.

- Como se um caminhão tivesse me atropelado e jogado no trilho do trem. - resmunguei. Eliza riu, encostando seu ombro no meu.

- Você dá um trabalho e tanto, uh? - eu olhei para Olívio, que balançou a cabeça negativamente. Eliza soltou um "há!" - E como! Você lembra que queria apostar corrida em uma praça? E falou que podíamos todos ir no lago perto da casa de uma amiga sua e pularmos pelados? - ela ria, baixo. - E quando chegamos em casa, insistiu para que eu pintasse as unhas de seu pé porque não estavam combinando com sua roupa da "realeza". De madrugada! - flashes apareciam na minha mente como pequenos trailers.

Eu também fiz Olívio tirar minha roupa e me ajudar a me trocar depois de um banho, querendo que ele ficasse ali comigo e prometendo que namoraria comigo.

Ele me olhava, numa mistura de preocupação e entretenimento. Eu afundei a cabeça nos travesseiros da cama.

- Gente... desculpe. Juro que eu não sou assim. - me defendi, levantando e pegando a mão de Eliza. - Eu não quis fazer você passar vergonha, me desculpe. - pedi, envergonhada. Ela levantou da cama, rindo.

- Vem, vamos comer alguma coisa. Separei uma roupa minha que deve servir em você, você se sujou toda ontem e seu pai ligou pra mim várias vezes, eu disse que você já tinha ido dormir e parecia exausta. Você me deve uma! - concluiu, já fora do quarto.

Eu olhei para a roupa do lado de Olívio, parecia um vestido de tecido leve e amarelo, meu all Star branco estava cheio de terra e mato e lembrei de ficar rolando na grama suja do quintal de Henrique, falando do que era feito o barro e argila.

Eu me sentia uma completa idiota e infantil, Olívio se sentou ao meu lado.

- Você não está com fome?

- Entre outras coisas... - eu senti vergonha de lhe encarar, pensando também no hálito horrível que eu deveria estar.

- Relaxa. Todo mundo passa por isso um dia. Fico feliz que você tenha passado comigo. - sorriu, me dando um beijo no rosto e se levantando. - Vou deixar você se arrumar, o banheiro é nessa porta aqui, caso não se lembre. - ele apontou para uma porta branca ao lado do armário. - Ou você precisa de ajuda? - ele sorriu, maliciosamente. Eu ri, jogando uma almofada nele antes dele fechar a porta.

Meu nome é RonaOnde histórias criam vida. Descubra agora