Meu nome é Rona

a festa

Aqui estou eu, com meu - melhor - vestido verde claro longo e decotado, esperando a Pamela chegar, sabendo o quão meu vestido estava dentro do esperado por ela.

O salão é enorme e está lotado.

Consigo ver o palco daqui, há duas escadas que se encontram na ponta e que até faz parecer um castelo, ha balões dourados e transparentes com glitter em gás hélio por toda parte. Mas eu já estive aqui diversas vezes e é difícil fazer essa relação de festa quando já viu muitos funerais no mesmo lugar.

- Alô! - olhos mais escuros que eu já vi, com a pele pálida, uma barba escura crescendo, com cabelo quase tão preto quanto ao meu. Ele abriu um sorriso de lado, quase tímido e sentou ao meu lado. Pude ver que ele não era do staff, já tinha visto esse tipo de terno em festas com a família da Pamela. - Aceita uma bebida? - ele estendeu o copo que cheirava a whisky com gelo, seu braço aparentava ser forte. Ele riu de leve - Você fala?

- Er...s-sim! - ele estendeu o copo novamente - Não, muito obrigada. - por que eu parecia desconfortável?

- Eu sou Olivio, irmão da Eliza. - Eliza era a aniversariante, ele estendeu a outra mão, sua voz era um pouco grossa, mais velho que os amigos do meu irmão.

- Sou Rona. - apertei a mão dele, sentindo seu pulso firme e vi suas sobrancelhas quase se juntarem.

- Rona? Que nome diferente, é de algum filme do Harry Potter? - ele riu, tomando do seu copo. Sorri, balançando a cabeça.

- Não. Significa algo como uma força poderosa. Meu pai queria que seus filhos passassem vergonha. - onde estava Pamela?

-Bom, é um nome lindo. Melhor do que de uma planta, com certeza. Você é amiga da Liz? Desculpa, acho que lembraria de você... - ele me olhava diretamente, simplesmente impossível retribuir seu olhar. Meu rosto estava formigando.

-Na-nao... eu vim aqui, vim para na verdade...

-Ron! Não acredito que você tá aí! Cacete... você tá linda!- Pamela irrompeu a área. E estava linda, óbvio. Um longo vestido preto de seda com os cabelos definidos em cachos que caiam em seu ombro. Eu levantei de susto. - Quem é esse? - ela cochichou, estranhando. Ele deve ter escutado pois levantou em seguida, estendendo a mão.

-Olá! Sou Olívio, irmão da debutante. Estava conversando com sua amiga que me pareceu muito deslocada da turma toda. - ele sorriu, deixando seu copo na mesa a nossa frente e passando a mão no cabelo, seu cabelo brilhava e era muito sedoso. Pamela o examinou dos pés à cabeça e sorriu, educadamente.

-Certo. - ela puxou meu braço, nos afastando da mesa, em direção ao fundo do salão - Você tem que entrar agora, tá? A banda tá pronta e te esperando. Minha mãe se atrasou pra me deixar aqui mas não se preocupa que estamos aqui dentro te vendo e essa família é muito importante, tá? A família toda é da indústria da música e você TEM que arrasar. Não esquece: sorria, você é perfeita, Ron. Vai dar tudo certo! - Pamela sempre foi assim; parecia que sempre estava atrasada e precisava falar tudo que sua língua conseguisse antes do mundo acabar. É o que mais amo nela.

Nós seguimos para o palco pela parte de trás, eu já conhecia os meninos da banda por conta dos ensaios.

Meu coração acelerava, nunca tinha tocado para tanta gente e, o mais importante, pessoas que poderiam me ajudar com uma carreira (que eu queria?)

Eu vi Olívio no fundo do salão, conversando com uma mulher mais velha e passando a mão em sua cintura para que os dois ficassem abraçados lado a lado, ela se parecia muito com ele.

Eliza, a debutante, tinha gostos muito diferentes. Em sua pequena playlist para as músicas ao vivo havia somente cantoras internacionais, havia Amy Winehouse ( love is a losing game, eu, certamente, não colocaria na minhas escolhas para debutante; nem se eu tivesse feito uma festa!) e até Katy Perry.