o jantar

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É claro que eu estava pronta em 25 minutos e sentei ao lado de papai no sofá, lhe contando absolutamente tudo sobre o dia, ele estava tão empolgado quanto eu, afinal, era algo que nós dois queríamos muito ha muito tempo... não é?

- E aí o Olivio vai me levar pra jantar, tudo bem? - eu não tinha contado ao meu pai nada sobre Olívio e eu, claro. E muito menos sua idade, mas o que eu teria pra dizer? - Não se preocupe, a irmã dele, Eliza, também vai. - inteirei quando ele franziu a testa, suspeitando.

- Claro, pode ir. Avise se for dormir fora, não quero ficar esperando acordado. - ele nunca ficava esperando acordado. Lhe dei um beijo na bochecha.

- Eu te amo, gatão. - disse, bagunçando o cabelo de papai. Ele sempre usou cabelos longos, o que eu achava esquisito quando eu era menor mas agora achava o máximo porque ele realmente parecia um cantar de rock famoso.

Nós ficamos assistindo um dos seriados que papai gosta até Olivio mandar mensagem dizendo que tinha chegado.

- Juízo, Kerstin. Me liga qualquer coisa. - mandou papai, eu acenei lhe jogando um beijo, estilo Pamela.

- Te amo.

Eu desci e entrei no carro depressa.

- Você está linda. - elogiou ele, sorrindo ao lhe dar um beijo no rosto.

Eu estava de jardineira jeans, uma regata preta e all Star branco, com um laço preto no cabelo. Ele usava uma calça jeans uma camisa branca com os botões de cima abertos. Olivio provavelmente malhava, seu corpo era bem definido e dava pra notar como suas camisas ficavam.

No caminho para não-sei-onde-vamos-jantar eu lhe contei sobre minha conversa com meu pai e como meu pai também estava animado e que tinha dito que ia sair com ele para comer.

- Você falou para seu pai de mim? - indagou, franzindo a teste de leve.

- Sim. Não.. bem, não totalmente.

- Não totalmente? - me entreolhou.

- É... bem, o que eu deveria falar? - ele levantou as sobrancelhas, rindo de leve.

- Chegamos.

Era um restaurante mexicano, não sei se ele sabia, mas eu amava comida mexicana.

- Eu simplesmente aaamo comida mexicana.

- Eu sei. Notei nas suas redes sociais... mas não de um jeito stalker! - completou ao ver minha cara - É que você compartilha bastante comida- ele sorriu, pegando em minha mão enquanto entregava as chaves para o manobrista.

Sua irmã já estava lá, sentada, ao lado do rapaz que eu reconheci pela foto de quando Olívio me mandou. Eles eram muito diferentes.

Ela tinha o cabelo num tom claro de rosa e usava batom vermelho, se ela não tivesse um jeito tão rebelde, ela pareceria ainda mais nova. Ele usava uma blusa de moletom preta, tinha barba e um cabelo mais cumprido que de Olivio, o tipo de cara que meu pai, se visse, teria um pequeno infarto.

- Olá! - cumprimentei ao chegar na mesa, sentando à frente deles, do lado de Olivio. Eliza tocou em minha mão, sorrindo.

- Seus olhos são lindos, você é tão branca! Me fala, meu pai deve estar apaixonado por você, né? - a voz dela era fina, parecendo de personagens dublados, eu sorri.

- Obrigada. Er... eh, não, acho que não. - Eliza e Olivio riram, eles tinham o mesmo tipo de risada leve.

- Sim, ele a adorou. Mas ela tem muito talento. - disse ele.

- Perfeito! Esse aqui é o Henrique. - apresentou ela, o rapaz acenou com a cabeça, tinha olhos muito claros também. - Bom, eu já tomei a liberdade de pedir nossa comida, estou faminta!

Nós conversamos sobre muitas coisas, Eliza estudava em outra escola que eu conhecia por parecer um "regime semi fechado", ela estava no primeiro ano do ensino médio o que significa que estava um ano adiantada.

- O que é um saco, porque a escola é total superestimada. - ela revirou os olhos. Olívio me entreolhou.

- Talvez você esteja ficando em outra coisa? Já tentou trocar de escola? - sugeri, encolhendo os ombros. Ela riu.

- Ai meu Deus. Se meus pais escutam isso eles me mandam para um internato, com certeza.

Ela riu fazendo brincadeira quando contei que esse ano entrei para a equipe de líder de torcida do colégio novo.

- Líder de torcida? - ela riu, batendo na mesa. - Se alguém me perguntasse eu diria que você jamais era líder de torcida!

- Para de pegar no pé dela, Liz. - disse Olívio, olhando sério para Eliza, que se endireitou na mesa.

- Não, não. - interrompi, sorrindo. - Ela tá certa! Mas eu só faço isso porque da notas extras. - expliquei balançando a cabeça.

Era dez e vinte quando terminamos de comer e ouvi a voz de Henrique pela primeira vez.

- Vamos? - disse, se dirigindo à Eliza.

- A gente vai pra casa dele, estão afim? A gente pode conversar mais e beber alguma coisa. O Olivio sempre vai com a gente mas seria ótimo ter uma garota normal e quase da minha idade. - pediu ela, olhando pra mim parecendo um esquilinho perdido. Olivio e eu nos entreolhamos.

- Se você quiser ir, a gente vai. - sorriu, segurando minha mão por baixo da mesa.

- Claro! - concordei, animada para ficar mais tempo com eles.

Henrique morava no centro também, um pouco perto do condomínio onde eu morava. Mas a área que ele morava era conhecida como "gueto".

Não porque as casas ou prédios eram feios ou abandonados mas porque a maior parte das pessoas que moravam ali vendiam drogas ou produtos contrabandeados, principalmente medicamentos.

Eu sabia disso porque estudava em escola pública até o outro ano, onde os meninos compravam drogas dali e todo mundo conhecia aquele lugar. Olivio pareceu notar e me olhou.

- Não se preocupa. Henrique é um cara bacana, meio caladão e na dele mas ele é uma pessoa tranquila. - suspirei. Meu pai sempre diz que quando alguém precisa dizer que uma outra pessoa é boa, é porque está tentando vender algo que não é.

Eu descobriria que ele não está errado.

Meu nome é RonaOnde histórias criam vida. Descubra agora