que a verdade seja dita

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Meu pai estava animadíssimo.

Aline e Varg ainda estavam em casa. Era muito meloso ver os dois juntos, eles não se desgrudavam e ficavam se chamando de nomes como "pudinzinho" "bebê" ou "amorzinho", o que eu acho um absurdo, a não ser que você seja uma criança de cinco anos e esse seja o seu primeiro amor, não tem um bom motivo.

Eu tomei banho, Olívio ainda não tinha respondido minha mensagem.

Eu estava com meu velho coturno e um vestido vermelho de manga curta justo e de veludo. Parecia que eu estava pronta para algum show mas era a primeira vez que Olívio viria em casa como uma "visita" e eu queria apresentá-lo ao meu pai, da forma certa, dessa vez.

"Estou aqui embaixo." ele me mandou.

- Já volto! Vou abrir o portão! - disse, correndo pelo apartamento até a porta.

- Mas por que você não usa o inter... - escutei Varg dizer enquanto eu corria pelo corredor até o elevador.

Olívio usava uma camisa azul escura, com os primeiros botões abertos, um jeans claro e seu par de all star. Seu cabelo estava levemente mais penteado mas ainda havia aquele bagunçado que lhe fazia jogar o cabelo pra trás.

Ele segurava uma rosa, enquanto eu me aproximava, notei que ele me olhava dos pés a cabeça, com o mesmo olhar que eu reconheci que ele sempre fazia segundos antes de tirar minha roupa toda vez que transamos. Minha barriga ficou gelada.

- Você está... - começou ele, com um olhar malicioso.

- Arrumadinha?

- Eu poderia arrancar essa roupa aqui agora mesmo. - sussurrou em meu ouvido, me dando um beijo no rosto em seguida, fazendo minhas pernas falharem. - Aqui, é pra você. - ele me entregou a rosa, ainda com a mão em minha cintura. - Tem algo que você quer conversar, certo?

Eu me sentia errada e desconfortável, qualquer coisa que tinha acontecido antes, já tinha acontecido e eu acreditava no caráter de Olívio.

- Desculpa te abordar daquele jeito é que o Fábio falou de...

- O Fábio? - ele cerrou os dentes, seu maxilar ressaltava. Em qualquer outra ocasião, aquilo seria tão sexy.

- Sim.

- Eu não vou falar mais o que eu penso disso. O que ele disse não é mentira.

- O que?! Como não? - senti o sangue fugir no meu rosto e minha mão ficar gelada.

- É verdade. Enquanto eu andava com o Henrique a gente vendia droga pra galera dos colégios da região. Não é algo que eu me orgulho de ter feito, Rona. Mas eu já vinha evitando isso um pouco antes de te conhecer...

- Quando a gente se conheceu. Na festa de sua irmã... Você estava sóbrio?

- Não. - eu senti como se um tapa atingisse meu rosto.

- Eu tomava muita bala pra ficar acordado e ir nas festas e andar com essa galera errada... - ele parecia envergonhado de tudo, mas mantinha sua posição séria.

- Você ainda sente vontade de usar? - eu não conseguia encara-lo, eu olhava o cadarço sujo do meu coturno velho.

- Não. - ele me segurou nos braços, fazendo-me olhar em seus olhos. - Eu não sinto vontade nenhuma a não ser estar com você, Rona. - ele estava sério, com um olhar fixo em mim. - Você acredita em mim? - nós ficamos nos olhando em silêncio alguns segundos, até que acenei com a cabeça.

- É claro que eu acredito em você, Olívio. - suspirei, ele me abraçou forte por um tempo. - Vamos, antes que meu pai venha aqui ver o que está acontecendo.

Meu nome é RonaOnde histórias criam vida. Descubra agora