a despedida

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Nos últimos meses de aula, ninguém no colégio tocava no assunto sobre o acidente, Fábio parecia ser muito mais do que um assunto real... era como se tivesse se tornado sombrio.
Mas eu aprendi com o passar desses meses que, aquele não era o Fábio. O Fábio era o rapaz doce, gentil e o excelente amigo quando estava sob tratamento e seus remédios. Uma pessoa que sofria com a separação de seus pais e ao mesmo tempo com os monstros que moravam dentro dele até se perder ... mesmo que eu quase tenha me perdido também. Olívio nunca mais tocara no assunto.
Em julho, nós fomos para Paris, onde tivemos cinco dias incríveis, tomando café em frente à torre e fazendo passeios que eu via só em filme romântico.
Um pouco antes do término das aulas, Pamela se mudara e eu soube que sua filha, Nirvana (eu sei!) tinha nasci no primeiro dia de agosto.
Nossas coisas estavam prontas. O apartamento não estava vazio, Eliza ia alugá-lo e morar sozinha até terminar o colégio, onde decidiu que faria relações exteriores na Noruega e que sempre estaríamos juntos.
Olívio parecia nostálgico na última semana, me infectando completamente e me deixando chorosa a todo momento em que precisava guardar algo que havia esquecido.
- Ah! Essa foto, tá vendo? Foi quando Pamela quebrou o dente andando de bicicleta. Ela ficou furiosa comigo e me bateu por dar risada da cara dela... - ri em meio às lágrimas.
- Ela estará por perto, não se preocupe. - ele me abraçou, acariciando meu braço.
A pior parte foi se despedir de Eliza e meu pai.
Eliza chorava alto no aeroporto, abraçando tanto a mim quanto ao seu irmão.
- Não fique triste, querida... você ainda tem o velho aqui. - sorriu papai, dando leves tapinhas em suas costas enquanto ela nos abraçava, ele também parecia prestes a chorar. Eliza nos soltou, fungando em sua camisa.
Papai se aproximou de Olívio, com lágrimas silenciosas em seu rosto.
- Olha, meu filho... eu tenho muito orgulho de você, não esqueça disso. Você é um grande homem. - papai apertava a mão de Olívio, que começou a chorar e lhe abraçou.
- Obrigado. Você é como um pai pra mim. - abraçava-o Olívio.
- Cuide bem de minha moça, sim? - meu pai deu um tapinha no rosto de Olívio, bagunçando seu cabelo. Ao me abraçar, ele chorava de soluçar.
- Ah... minha filhinha. Minha filhinha...!
- Eu também te amo, pai. - chorei, abraçando-o. - Você vai nos visitar, não é? - ele me soltou, olhando pra mim como se eu tivesse falado um absurdo.
- Mas é claro! Que ideia... - ele limpou as lágrimas do rosto. - Não quero saber de você comendo congelados. Nem salgadinhos. Lurdes vai te matar se souber que vai para as aulas sem tomar café, está entendendo? Ela me fez jurar que ia te falar isso! - eu ri, secando as lágrimas. - Vai dar tudo certo, meu amor. E... caso não queira mais, é só voltar para o papai. - eu ri novamente, tornando a lhe abraçar.
Chamaram nosso voo novamente para o embarque naquele momento, fazendo todos nós respirarmos profundamente.
- Pai? - disse, antes de irmos embora.
- Sim, querida?
- Não esqueça de pedi-la em casamento antes! - ele riu.
- Não esquecerei, querida. - concordou, sabendo o que eu estava falando.
Nós seguimos de mãos dadas para o corredor de embarque.
Eu olhei para Olívio, há exatamente um ano atrás nós estaríamos prestes a nos conhecer.
Por um minuto, todo o mundo pode esperar.
Você consegue ouvir?

Meu nome é RonaOnde histórias criam vida. Descubra agora