Capítulo 30

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Depois daquele abraço, Luca insistiu em colocar a escada e descer para o andar inferior da casa, nós nos vestimos e eu ajudei ele a pregar aquela coisa, garantimos que estava segura. Ele colocou um capacete de segurança que usamos na reforma, colocou um  cinto de utilidades na cintura onde tinham algumas ferramentas e uma lanterna potente, mesmo com o sol alguns lugares devem ser escuros o suficiente para precisar dela.

Ele desceu e eu fiquei lá em cima olhando preocupada, até que ele chegou no chão.

-Você está bem? - Gritei aflita.

-Sim... 

-Não esquece de tirar fotos! Estou curiosa par saber o que tem ai!

-Pode deixar! - ele respondeu e entrou por uma das janelas grandes, sempre tomando cuidado por onde pisava. 

Luca realmente veio preparado, para explorar o lugar. Fiquei curiosa para fazer o mesmo, então comecei a vasculhar o andar que estava. 

O comodo em que eu e Luca ficamos é ao lado da entrada que usamos, procuro por outra lanterna nas coisas dele e acho uma grande que mais parece um farol. 

Ele parece não gostar do escuro.

Pego o farol portátil que achei e coloco um dos capacetes que ele trouxe, entramos por um lugar que parece ser a sala e esse comodo talvez seja um hall que da acesso a uma escada que agora só tem alguns degraus, do lado da escada em um espaço com alguns escombros e um arco, que provavelmente dá para algum outro comodo. 

Além da escada e do arco tem também uma porta que fechada, tento forçar para abrir e não consigo, volto para ver as coisas que Luca trouxe e encontro uma chave de fenda, um martelo e outras coisas que levo para tentar abrir a porta.

Bato com o martelo, mas a fechadura segue intacta, procuro por partes moles ou que não estejam mais firmes e reparo que as dobradiças estão enferrujadas, o metal é diferente e menos resistente que o da fechadura. Pego então a chave de fenda e enfio entre a madeira da porta e o material da dobradiça e forço para empurrar o metal da madeira.

Demora, mas acaba sedendo e eu consigo abrir a porta. Tomo cuidado ao empurra-la, já que agora ela só está segura pela fechadura. Quando tenho certeza de que a porta nem o comodo vão desabar eu ligo a luz do farol para clarear o lugar, o cheio é o que bate primeiro de podridão e mofo. 

O lugar parece ser um escritório, com varias estantes e livros por todo o lado, uma mesa perto de uma das janelas fechadas, com parte do teto inclinado. Ele quase desabou, eu entro tomando cuidado com onde piso e olhando em volta para ter certeza de que nada vai cair em mim ou algo do tipo.

Tudo está coberto por teias de aranha, atravesso o quarto devagar e com cuidado, encosto na janela tomando cuidado e tento abri-la, sem esforço ela abre e a luz do sol invade. Tomo alguns passos para trás com medo de que o resto do teto desaba sobre mim, mas ele não se mexe.

Volto a olhar em volta, alguns livros estão totalmente destruídos e outros ainda tem salvação, eu começo a pegar esses e a levar para fora do comodo, sempre devagar e com cuidado. Decido procurar algo de interessante nas prateleiras depois e em uma das paredes, onde a estante desabou eu vejo que exite um buraco lá. 

Fico empolgada em ter descoberto algo interessante, então volto para pegar a lanterna gigante, para iluminar o buraco na parece. Quando jogo a luz lá encontro muita sujeira, mais teias de aranha e um pacote todo embrulhado. Com medo de enfiar a mão e alguma coisa grudar em mim, pego a chave de fenda para puxar o pacote para fora.

Coloco junto com os livros e volto a fazer buscas, paro na mesa e tento abrir as gavetas, uma esta destruída e a outra trancada. Uso a chave de fenda e o martelo para forçar a gaveta trancada e consigo quebrar a fechadura.

Dentro tem muito papeis e um outro livro tiro tudo o que está em bom estado e levo para fora do comodo, quando estou quase dando por encerrado minhas buscas, vejo que atrás da porta tem um quadro na parede, ele está coberto por poeira e ilegível para identificar que tipo de pintura seria, então apenas tento tirar ele com cuidado da parede.

Coloco ele junto das outras coisas que peguei, volto e olho em volta e decido que já vasculhei de mais. Volto com meus tesouros para o comodo onde fiquei com Luca e começo a arrumar tudo para irmos embora quando ele voltar.

Pego um dos sacos que ele tem com material de acampamento e esvazio, para colocar meu tesouro, depois compro outro para ele. Só sei que não vou deixar as coisas que achei aqui.

Quando estou quase acabando ele aparece subindo as escadas, carregando mais algumas coisas.

-Uau, parece que não fui a única que achou coisas legais por ai! - Digo ajudando ele com sua carga.

-Como assim? - Ele pergunta secando o suor da testa com o antebraço.

-Eu arrombei uma porta e entrei em um dos cômodos trancados... - disse dando de ombros.

-Você o que? -Ele disse arregalando os olhos com preocupação.

-Relaxa tomei cuidado, e achei varias coisas legais...

-Como você arrombou uma porta mulher! - ele fala revoltado - Eu venho aqui a anos e nunca consegui abrir nenhuma fechadura desse andar!

-Eu quebrei as dobradiças - Respondi como se não fosse nada de mais e vi que ele ficou louco da vida por não ter pensado nisso antes.

-Eu deveria ter te trazido aqui antes... - ele resmunga e volta para a escada.

-Vai voltar? Achei que quisesse ir embora...

-Eu só vou pegar o restante das coisas que achei... Estão no final da escada

-Tem tanta coisa assim? - pergunto surpresa.

-Tem coisas interessantes, acho que você vai gostar! 

Eu aceno e ele volta, depois de três viagens de volta para o andar de baixo acabam as coisas que ele juntou e carregamos o carro. Meu quadro quase ficou de fora, mas Luca deu um jeito de colocar ele contra a porta do porta malas.

-Deveríamos ter vindo no meu carro! Cabe muito mais coisa nele! - Digo animada com a aventura e com as coisas que estamos levando.

-Da próxima podemos vir nele...-  Ele responde entrando no carro 

-Vai ter próxima! Adorei!

-Claro! Eu preciso que alguém fique de vigia - ele responde depois que entro e da a partida para irmos embora.

-HA! Da próxima vez vou descer querido, você fica de vigia! - respondo cruzando os braços.

-Bom você sabe arrombar portas, talvez seja de grande ajuda lá em baixo... - ele fala dando risada da minha atitude- Vou ter que arranjar outro vigia então.

-Fica você de vigia! Não quero dividir esse lugar com mais ninguém... Por enquanto...

-Eu gosto de ouvir você falar assim... -ele fala e puxa a minha mão para segura-la e me lança um sorriso doce e brilhante. 

Esse cara vai me levar a ruína com um sorriso!

-Alias... Você sabe de quem era essa casa? - Pergunto para aliviar o clima.

-Não sei.. Só sei que aqui é o limite entre as terras da minha família e da sua... Então pode ser de um dos dois - Ele faz uma pausa antes de continuar - Russo ou Rossi

-Posso tentar descobrir de quem é? 

-Por que está pedindo permissão? - Ele pergunta confuso.

-Porque aqui é importante para você, além de ter achado primeiro, seria injusto decidir sozinha o que fazer...- Respondo olhando para fora da janela, evitando seus olhos.

-Ai minha Bianca... Quando você fala assim com tanta consideração por mim... Me faz querer de agarrar e nunca mais soltar! - ele fala sem olhar para mim.

Por favor faça isso...  

É o que eu deveria ter dito, mas fiquei calada. Apenas olhando a paisagem no caminho de volta para casa.


Desafiando a Maldição  - Trilogia IRMÃS RUSSO Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora