Capítulo 17

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Ele ameaça a sair da água eu fico vermelha que bem camarão então eu viro pro outro lado enquanto ele sai, eu sei que muitos não devem sentir vergonha mas isso aí já é de mais, eu escuta ele mexer em alguma coisa o som parece ser dos arbustos e de um zíper, a curiosidade me toma e eu viro o rosto só um pouquinho então eu vejo ele de costa vestindo uma bermuda jeans, ele tá se vestindo, como assim?.

- De onde você tirou essas roupas?- pergunto curiosa.
- Você não achou que eu andava pelado por aí.- ele fala em tom divertido.
- Mais ou menos.- murmuro.
- Eu deixo roupas escondias em alguns cantos da floresta pra caso de emergência.- ele pega a camisa e começa a se vestir, mas antes eu admiro suas costas musculosas, então meu olhar me leva pra sua panturrilha e algo me chama a atenção é uma árvore seca detalhada, com a raízes.
- Porque você e os meninos tem uma tatuagem iguais?- minha curiosidade me toma, ele fica em silêncio e me olha de canto de olho.
- Tem uma cueca e camisa na mochila ali no canto se quiser se vestir, não que eu vá reclamar de você andar pelada por aí, mas já aviso que você pode ser presa por nudismo.- ele fala ignorando minha pergunta, e caminhando pra floresta.
- Mas o que?.- eu fico vermelha e minhas palavras se embolam, como ele ousa que audácia.

Eu não pensei no que vestir depois, talvez eu voltasse pra floresta transformada e procuraria minha mochila, droga ainda tenho isso pra resolver, espero que ninguém tenha achado, eu saio da água e vou até os arbustos que
ele me indicou e procuro a cueca e a camisa, eu vou vestir uma cueca dele e uma camisa, como tudo acabou assim, eu me visto relutante, mas isso é melhor do que ficar pelada e eu já me transformei de mais por uma noite eu sinto minhas energias no fim e preciso delas pra decidir o que fazer agora.
Eu suspiro cansada e olho pra camiseta preta larga dele e sinto o cheiro, um cheiro de selva e perfume emadeirado e apimentado, a cueca boxe ficou justa em mim mas por sorte a camisa cobre meu corpo até abaixo dos glúteos. Eu olho em volta tentando acha-lo, será que ele foi embora e me deixou aqui? Eu caminho na direção que ele foi, e ameaço a chamá-lo.

- Você demora de mais pra vestir apenas duas peças.- ele surgi de trás de uma árvore já com os cabelos pra trás.
- Não estou acostumada a vestir roupas masculinas e andar semi nua por aí.- me defendo em tom áspero, ele não pode ser um pouco mais gentil.

Ele me avalia e sinto seus olhos me queimarem como brasa.

- Esqueci, vamos.- ele se vira e começa a andar.
- Aonde vamos? - eu ando atrás dele.
- Te levar pra casa é claro. - fala grosseiramente, então eu congelo, eu não posso voltar eu não tenho cara pra isso e nem tenho direito não depois de tudo. - Você vem ou não?- ele questiona dando de ombros.
- Não posso voltar.- eu sussurro.
- Como assim ?
Eu hesito.
- Eu fugi.- eu giro os calcanhares e ando na outra direção.
- Você o que? - ele grita.
- Não me ouviu o que, tá surdo achei que lobos tivessem audição boa.- eu grito de volta andando mais rápido mas sinto ele atrás de mim só que agora com raiva, provavelmente pela minha acusação.

Ele me alcança e me puxa pelo braço me fazendo chocar de frente com seu peito, to começando a achar que isso vai virar hábito.

- Garota você não pode falar uma frase sem ser sarcástica ou provocadora, parece que você não tem noção de perigo, que foi virou o Simba pra rir na cara do perigo. - ele fala irritado.

Simba? quem é esse ?

- Espera você nunca assistiu Rei Leão? . – ele relaxa e começa a rir.

Eu fico envergonhada por não saber ou perceber que ele estava sitando um personagem de filme.

- No orfanato não tínhamos computadores com internet muito menos dinheiro pro cinema. – eu falo sem perceber, porque sempre que estou com ele eu entrego informações sem pensar.

Ele continua rindo, mas logo para quando percebe que eu falei serio, então seus olhos se transformam em surpresa e então ele engole seco, e seus ombros caem percebendo que fez besteira, eu conheço esse olhar como ninguém é de pena, mas eu não quero que ele sinta pena de mim não ele, não gosto que sintam isso de mim e quero muito menos ele sentindo pena de mim como se eu fosse uma pobre coitada.

Eu me solto meu braço das suas mãos com facilidade, e volto a caminhar na direção que acredito que minha mochila possa estar.

- Eu sabia que os Greys tinham te pegado pra criar mas não imaginei que ...- ele para se tocando o que ia falar. – Então porque você fugiu de casa se eles te trouxeram de um lugar precário. – ele anda atrás de mim.

Precário? É eufemismo pra o que aquele lugar era, vivíamos de doações, a prefeitura mandava pouco dinheiro dizendo que não tinha verba já que ocorria bastante desastres por conta da chuva, quando não tinha comida suficiente pra todos os mais velhos iam pras ruas escondido achar o que comer, tudo que aprendi sobre o mundo veio das ruas e da biblioteca que tinha com os poucos livros que recebíamos de doações, pelo menos eles mandavam a gente pra escola publica, lá era o único lugar que a gente comia bem e não sentia frio, mas nos sentíamos deslocados dos outros e não conseguimos nos integrar com eles, eles podiam não ser ricos mas nos tínhamos menos que eles.

Crescemos sabendo que fomos abandonados e deixados pra trás pela nossas ''família'', muitos de nos não seriam adotados e jamais teriam uma família ou algo pra chamar de seu, era mais difícil pros mais velhos que ficava mais difícil de serem adotados já que muitas famílias preferiam crianças fofas ou bebes, então eles sempre ficavam ansiosos para sair dali e começar sua vida, os que eram adotados iam embora sem olhar pra trás, outras crianças se juntavam e formava sua própria família, eu nunca me dei muito bem sempre ficava isolada dos outros me sentia diferente delas e hoje eu sei o porque. As assistente eram gentis pelos menos algumas eram menos fechadas e tentava nos animar mas já sabíamos da realidade, fomos forçados a crescer mais rápido que as crianças normais, amadurecemos antes de qualquer outra, então ela sempre dava dicas e nos ensinava a como viver aqui fora o que ela não ensinou foi como viver sendo um lobisomem, eu me considerei sortuda pela Jane ter me escolhido mesmo sendo por eu ser quem eu sou, então tem vez que eu me pego agradecendo por ser assim, ela me deu um teto, uma família, carinho, comida, roupas e uma cama quentinha pra poder descansar, e agora eu fujo dela e escondo as coisa e trago problemas pra sua família e isso me destroi.

Lua CinzaOnde histórias criam vida. Descubra agora