Título do capítulo: Piloto
Anne Eliott's P.O.VAbri meus olhos vagarosamente, sentindo meu gato lamber meu rosto, me acordando repentinamente. Sorri para o bixano, que miou em resposta.
Tá com fome Bixano?- perguntei à ele, que me respondeu com um miado fino.
Joguei as cobertas para o lado, me levantando apara pegar o potinho de ração. Cocei meus olhos, enquanto pegava e despejava a ração de peixe, que logo em seguida foi devorada pelo gatinho. Sorri vendo o felino derrubar a ração.
Seu comilão!- exclamei, me aguaixando e alisando os pelos do meu gato, sentindo seu ronronar.
Olhei as horas no meu celular e arregalei os olhos, eu estava quase em cima da hora. Hoje é domingo, e como de costume, eu tinha que ir à igreja com minha mãe. Honestamente, eu não gostava muito de ir, não pelo menos todos os domingos. Mas em respeito à ela, eu fazia o que ela me pedia. Peguei um vestido na cor rosa bebê, separei ele em cima da minha cama, e fui ao banheiro. Fiz tudo rápido, em poucos minutos, minha mãe estaria batendo na minha porta, me chamando para irmos. Deixei meus longos cabelos negros soltos, vesti meu All Star branco e apenas passei um rímel, como maquiagem.
Anne? Já está pronta? Está na hora- minha mãe Mary, gritou atrás da porta do meu quarto.
Estou sim- falei, abrindo a porta, e dando o meu melhor sorriso.
Então vamos- ela disse, andando na minha frente.
Meu pai, como de costume, estava sentando no sofá, com seu notebook no colo, resolvendo algo no trabalho. Entrei no carro, minha mãe tinha tirado sua carteira de direção há alguns meses atrás, agora ela se libertou do meu pai, e dirige para onde quiser. A igreja ficava perto da nossa casa, daria para ir andando sem problema algum, mas iríamos no supermercado na volta, então, pegamos o carro.
Várias pessoas entrando na igreja, todas bem vestidas, falando baixo, com o devido respeito ao local. Minha mãe cumprimentou as pessoas, no caminho até a entrada da igreja. Me sentei mais ao fundo, perto da porta de saída, minha mãe ficava sempre à frente, pois ela era uma voluntária desta igreja.
Fiquei batucando baixinho meus pés no chão, imitando o som da bateria, da música que eu ouvira ontem e, que não saía da minha mente. Respirei fundo quando a missa começou, escutei atentamente o que o padre dizia, eu falava exatamente como os outros ao meu redor, quando era hora, e vez ou outra eu me distraía.
Reparei em um cara, diferente dos outros, sentando na ponta do último banco da igreja. Seu modo de se vestir se destacava dos outros, sua roupa toda preta, com um casaco de couro, isso é algo bem diferente para ir à igreja, ele mantinha seu olhar para frente, com um leve sorriso de lado, mas eu acho que ele não estava muito animado de estar alí. Seu cabelo loiro escuro, com leves cachos que alcançavam quase o ombro, eu nunca o vi antes na igreja, se visse eu claramente me lembraria. Desviei meu olhar dele, quando o mesmo percebeu que tinha alguém o encarando.
Minha mãe lia algo lá na frente, prestei atenção no que ela falava, mas meus olhos foram para o homem ao meu lado. Era intrigante a minha curiosidade nele, ele nem sequer abriu a boca para interagir como os outros, durante as orações.
[...]
A missa já estava no fim, o padre apenas encerrava mais um dia de culto, e por fim todos estavam desejando a Paz Do Senhor, antes de irem embora. Olhei para ele, que estava de pé, apertou a mão de uma mulher, que o olhou com a testa franzida, seu olhar me pegou, ele sorriu levemente e saiu da igreja.
Soltei o ar que eu havia segurado, nem percebi quando isso aconteceu. Minha mãe veio até mim, me tirando dos meus devaneios.
Vamos querida?- ela perguntou, me olhando com a testa enrugada.
Assenti e a segui para fora.
Porquê você ficou a missa toda olhando para aquele cara?- minha mãe perguntou, direta como sempre, olhando para o homem, parado em frente a um carro com um cigarro nas mãos. Me enguasguei.
Eu não tava- falei, olhando para o nada, como eu sempre fazia, quando estava mentindo.
Tava sim- ela disse, ainda olhando para o cara, seu semblante era de reprovação.
Eu conhecia aquele olhar, sempre quando ela não gostava de algo, ela cruzava os braços e torcia a boca. Encarei ele, que fumava seu cigarro e olhava para a igreja, como se tivesse perdido em pensamentos, tem algo nele que me intriga.
Que falta de respeito! Ficar fumando em frente à igreja- ela disse, negando com a cabeça.
Respirei fundo.
Eu detestava esse seu comportamento de desdém. Arregalei meus olhos, quando percebi que minha mãe estava indo na direção dele.
Mãe!- a chamei, mas ela apenas me ingnorou. Bufei e segui ela.
Não acha que é falta de respeito fumar em frente à igreja rapaz?- ela perguntou, de braços cruzados e o olhando com desdém.
Mãe!- a repreendi, segurando em seu braço, tentando tirá-la dalí.
Não! No aviso é proíbido fumar lá dentro, e não aqui fora- ele disse, olhando minha mãe e logo depois me encarando, com um sorriso ladino.
Aqui também!- ela disse, apontando para o chão. Minha mãe bateu os pés contra o chão, como uma criança mimada. Revirei meus olhos, irritada por essa confusão tola.
Mãe vamos embora- eu disse, a puxando pelo braço.
Porquê um cara como você veio à uma igreja? Esse não é o lugar certo para ficar com palhaçada rapaz, a casa de Deus é somente para aqueles que acreditam nele- ela continuou, tirando seus braços das minhas mãos.
Mãe chega!- exclamei, bufando por ela nem sequer me dar ouvidos. O loiro alto me olhou, sorrindo levemente.
Não se preocupe senhora, eu não vou mais pisar aqui. Eu nem devia mesmo ter vindo- ele disse, jogando seu cigarro no chão e pisando nele, para apagar. Seus olhos azuis me fitaram, novamente. Ele apenas sorriu de lado, entrando no seu carro e cantando pneu, fazendo a gente engolir fumaça.
Mal educado- minha mãe reclamou, tossindo.
Você não devia ter feito isso, foi ridículo mãe- falei, ela me olhou estranho e segurou meus ombros, os apertando com força.
Nem pense em se apaixonar por um cara como esse Anne, nem pense ouviu bem?- ela me repreendeu, me olhando sem piscar os olhos. Revirei os meus olhos castanhos, encarando a figura materna na minha frente, que ainda apertava os meus ombros, em adversão.
Estou falando sério Anne! Esse tipo de cara não é certo para você- ela disse, soltando meus ombros e andando na minha frente a passos duros. Fiquei alí por breves segundos, refletindo sobre sua mais nova repreensão. Respirei fundo antes de seguir ela até o carro.
Minha mãe sempre tem essa mania, de julgar os outros sem ao menos os conhecer. Foi assim que eu me afastei da minha melhor amiga, que aos olhos dela, era uma má influência. Por isso nos mudamos para Sydney, ela disse que com lugar novo, gente nova.
Mas acontece que sou eu quem escolho as minhas amizades, e ninguém manda no coração.
Continua...
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Better Man
FanfictionAnne Eliott, uma garota de 21 anos, com o humor e a alegria inabalável. Inteligente e reservada, ela conseguia conquistar qualquer um ao seu redor. Mas sua mãe superprotegia ela, impedindo-a na maioria das vezes, de viver como uma jovem da idade del...