1- Situação de Rua

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Algumas pessoas diriam que é TOC, eu diria que é tradição, todo mês de Abril começo uma fic nova, mas essa é a última, três é um número bonito para ter de coisas escritas, é isso.

Oi hehehe

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Camila estava tentando escolher o que teria para o jantar aquela noite. Pensava que seria bom algum tipo de macarrão, mas sua nutricionista iria matá-la se continuasse a se encher de massas. A mulher parecia ter algo muito sério contra carboidratos, do tipo pessoal mesmo, ela com toda certeza já havia perdido a capacidade de degustação, pois insistia que se enchesse com coisas sem gosto algum, ou pior, com gosto de morte.

Mas aquele dia chegaria cedo em casa, então estava tranquila sobre se dedicar um pouco mais para preparar algo adequado. Gostava de usar o metrô para ir trabalhar, toda uma coisa ambiental ali, mas precisava admitir que economizava muito tempo quando fazia aquilo em seu carro.

Seu celular apitou no painel, provavelmente seria Lúcio tentando algum tipo de contanto, não atenderia, não só por estar dirigindo, apenas não queria mais o mínimo contanto com o homem. Mas mesmo assim se permitiu dar uma olhada na tela, e foi aquilo, nem dois segundos de distração e sentiu o baque seco, fazendo seu corpo ir para frente com tudo, sendo apenas sustentada pelo cinto de segurança.

Seu coração bateu alucinado assim que voltou do susto. Havia batido em algo e pela forma que as pessoas ao redor olhavam com horror percebeu que esse algo estava vivo, pelo menos esperava que estivesse vivo ainda.

Muito afetada pelo acidente tirou o cinto o mais rápido que conseguiu e saiu do carro cambaleando tonta. A lataria estava ligeiramente amassada, mas isso foi totalmente desimportante, pois havia uma pessoa poucos metros a frente, no chão, se contorcendo de dor. Olhando com atenção percebeu ser uma mulher, e ela tinha sangue, isso não era bom, nada bom.

-Oh meu deus.

Exclamou assustada sem saber se deveria se aproximar. Não sabia ao certo o que fazer na verdade, queria chorar, isso era verdade. Mas tentou respirar, ela não era exatamente a vítima naquele caso.

Com pressa entrou no carro, pegando o celular ainda trêmula. As pessoas ao redor começaram a se aglomerar ao redor do acidente, podia ver alguns olhares indignados em sua direção, fazendo com que engolisse em seco.

-Papa, socorro.

Era uma mulher ridícula. Vinte cinco anos e o primeiro que fazia em uma situação de perigo era ligar para o papai, mas não podia fazer nada além disso, estava em estado de choque. E seu pai era aquela pessoa, a pessoa que sabia resolver todos os problemas do mundo. Quando ela caiu de bicicleta a primeira vez, por exemplo, ele foi o único a saber que precisava mais de um abraço do que qualquer remédio para as feridas.

-Se acalme querida- Ele disse calmamente com aquela voz firme e ainda assim aveludada- Me fale o que houve.

Tentou respirar fundo, mas era tão complicado. A mulher continuava no chão, e ela já deveria ter levantado não é? Não é como se estivesse morta, ela se mexia. Os mortos só se mexem em séries apocalípticas e nesse caso seria totalmente compreensível passar com o carro por cima dela. Era isso, ou ela estava viva, ou era um zumbi e tudo bem atropelar zumbis.

-Eu acho que quase matei uma pessoa.- Sussurrou agoniada querendo que nada daquilo estivesse acontecendo de verdade.

Ouviu o suspiro assustado do pai do outro lado da linha e a voz abafada de sua mãe perguntando o que acontecia. Queria que eles não estivessem do outro lado do país, seria mais fácil poder se esconder em braços seguros.

SOS 7053Onde histórias criam vida. Descubra agora