○4. - O Bunker

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(a ilustração da capa foi feita por mim - Alex)

É incrível como o mundo pode mudar em sete anos

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É incrível como o mundo pode mudar em sete anos.

Os trens tinham um destino comum: um bunker esplendidamente grande, parcialmente subterrâneo. Tinha o tamanho de uma cidade pequena, na extremidade norte de Aracê, mas grande o suficiente para abrigar todos os fugitivos da pandemia.

A PEST-1 dizimou o mundo como o conheciam. Para perpetuar a espécie, os governos de todos os países decidiram, por via das dúvidas e por baixo dos panos, produzir espaços em que pudessem isolar o máximo de pessoas possível. E assim foi feito.

A vida voltou a surgir do lado de dentro do bunker. Sete anos atrás, quando os novos moradores chegaram. Além das crianças, os maiores cérebros do país foram trazidos com suas famílias. Estavam bem abastecidos e estudando constantemente para combater o vírus - um inimigo invisível - e repovoar a Terra que amavam.




Alex acorda com o bip de seu monitorador, preso em seu punho. 6:10 da manhã. O dia está começando. O monitorador lhe informa as horas, a frequência cardíaca, o número de passos e as tarefas designadas a cada empregado naquele dia. Todos têm um atado ao punho esquerdo.

A luz artificial do bunker acende. Ela abre sua janela e olha para fora. Tem uma visão privilegiada do ambiente, por mais que estivesse na tenda mais distante de tudo, nos fundos do setor A. O abrigo fora desenhado para ser uma grande depressão, com o centro baixo e as laterais altas. Alex estava nas laterais, na última rua de seu setor. Ela não se importava com a distância.

A luz artificial sai do teto, com um incrível pé direito de cem metros. Acende-se todos os dias às 6:10, apaga todos os dias às 22:20, quando ninguém pode mais sair de sua tenda. Ou eles saberão.

Levantando-se de seu colchão estirado no chão, dobra sem cautela o cobertor e o coloca por cima do travesseiro. Para ter mais espaço no cubículo em que vive, ela levanta o colchão e o coloca na parede fina de drywall que a separa dos outros. 3,00x2,00m, era tudo o que lhes era designado.

Abre a porta da cabine de seu banheiro e se olha no espelho sujo em cima da pia. Estava crescida, os cabelos compridos cor de mel, suavemente enrolados.

Pensa na família todos os dias, e tenta se encontrar neles nos pequenos detalhes de seu corpo. Os cabelos da mãe, o nariz do pai. Os olhos eram iguais aos de Ivan, era o que diziam, grandes, redondos e cativantes. Com a diferença de que os dela eram verde escuros, quase castanhos, e os de Ivan eram azuis como uma piscina.

Toma seu banho quente – quase descamando a pele – e se enrola na toalha. Ao desligar o chuveiro, escuta alguém bater à porta.

— Já entrei, vou fazer café! - Uma voz masculina grita.

Depois da RuínaOnde histórias criam vida. Descubra agora