(a ilustração da capa é de minha autoria - Naomi)
Naomi perde o ar por um instante e solta um grito que mistura medo e raiva. Diego está no chão, as mãos cobrindo o peito, desnorteado, tentando olhar o ferimento. Rafael está lá para ampará-lo e tirá-lo da frente do atirador, que já está na companhia de amigos. Ele o arrasta para trás de um carro estacionado.
Mas Naomi não têm medo. Tomada pelo puro ódio, a adrenalina explode por suas veias. Ela engatilha o rifle em suas mãos e, aproveitando que a luz que entra da rua a favorece, ela atira com toda a precisão que consegue e, com sua impecável mira, explode a cabeça do atirador. Seu corpo inteiro tomado por fúria, ela não para por aí.
Sente as mãos de Levi a puxarem para trás de uma pilastra assim que os tiros começam a vir em direção a eles. Fogo contra fogo, não sairão dali assim. Ela só precisa de tempo para pensar.
Olha para seu lado - Rafael pressiona com força o ferimento logo abaixo da clavícula de Diego, que está deitado no chão, gritando, sua dor se misturando com a atmosfera caótica.
Ela olha para a rampa que os levaria para fora do estacionamento.
Tão perto.
Precisam de outra alternativa.
Estão em desvantagem numérica - não demorará para que sejam cercados.
— Me dê cobertura. - Diz a garota para Levi, e se abaixa ao lado de Diego antes mesmo que o loiro responda.
A dor e o desespero estampados em seu rosto sujo de preto. Ela leva a mão trêmula ao seu peito e se espanta com a quantidade de sangue quente que entra em contato com sua pele.
Balançando a cabeça para que ela mesma mantenha o foco, pega a mochila caída de Diego. Alcança um dos walk talks e o prende à bainha da calça. Faz seus olhos se encontrarem com os de Rafael.
— Tire ele daqui. - Sua voz está trêmula. - Faça o que for necessário, mas tire ele daqui. Vamos mantê-los ocupados.
Rafael tem diversas perguntas, mas dessa vez sabe que a responsabilidade de respondê-las é dele. Apenas concorda, as mãos trêmulas pressionando o peito do amigo.
Naomi pega a mão de Diego e a aperta. Deposita um beijo rápido e desesperado em sua têmpora suja de sangue e tinta preta.
— Vai ficar bem. - Ela promete.
Rafael pensa rápido. Sabe que o escuro os encobrirá ali, mas não o suficiente. É arriscado demais. Ele olha para o amigo. Não consegue enxergá-lo bem, mas pelo seu tato, a situação não está nada boa. O sangue insiste em passar por seus dedos. Se não agir logo, Diego entrará em estado de choque.
— Cara, vai ter que aguentar mais um pouco.
Diego compreende a situação de vida ou morte. Ele passa o braço por cima dos ombros do amigo, que o ajuda a se levantar.
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Depois da Ruína
AdventureDurante a pandemia de um vírus mortal que assola o mundo, os irmãos Annenberg, Alex e Ivan, deixam a vida como conhecem e mergulham de cabeça no desconhecido. A questão permanece - que destino terá a humanidade depois da ruína? ○ História Original;...