— Agora! - Alex e Nic precisam confiar cegamente em Rafael, que dita as ordens. Seus estômagos dão voltas, mas eles vão. Dependem disso.
Correndo o máximo que pode, Nic coloca o walk talk ao lado do ouvido e segue à frente de Alex. Ambos adentram o temido corredor, extenso e branco, pouco iluminado. Correm beirando a parede da esquerda.
— Próxima porta, próxima porta! — Rafael grita no ouvido de Nicolas. O garoto mergulha na próxima sala à sua esquerda e puxa Alex com ele. Conseguem ouvir a respiração aliviada de Rafael do outro lado, seguida por passos do lado de fora.
— Ok, estão na metade do caminho.— Sua voz sai falhada.
— Não parece feliz com essa notícia.
— É que agora é a parte foda.
O silêncio se segue do outro lado da linha.
— Falem logo, pelo amor de Deus. - Alex pede, nervosa.
— Estamos pensando. - O silêncio entre eles é seguido por chiados de uma respiração tensa. - Tudo bem, não podemos fazer os elevadores funcionar, vão denunciar vocês lá em cima antes que façam qualquer coisa.
— E sugere que...? - Nic pergunta, ansioso.
— Vão abrir a porta do elevador e entrar. Isso tem que ser rápido, ok? Se forem pegos, estão fodidos.
— Reconfortante. - Nicolas balança a cabeça e estufa o peito.
— A gente consegue. - Ela cochicha para o amigo.
— Se a Senhora Pessimista diz que a gente consegue, então a gente consegue. - Ele solta o ar com força, com um sorriso que tenta acalmar a si mesmo. - Como eu abro a porta do elevador?
— Ok, Nic, à sua direita têm um machado pra situações de emergência. Consegue pegar?
Nicolas apalpa a escuridão até encontrar o recipiente fechado por um vidro.
— Vai fazer um puta barulho.
— Já está um puta barulho. - Alex diz, ouvindo o caos vindo de fora.
Nic concorda. Alex espia pelo batente da porta.
— Agora, Nic, quebra essa porra.
Ao sinal de Rafael, Nicolas quebra o vidro. Alex prende a respiração, aflita. Nicolas toma o machado entre as mãos.
— Ok, isso vai funcionar.
— Fiquem espertos. Primeiro elevador. Estão muito perto.
Alex escuta os passos do lado de fora da sala.
O silêncio vindo do walk talk demora-se por minutos. O peito dos dois oscila de ansiedade. Não estão prontos quando as palavras saem do aparelho.
— Agora.
Nic empunha um machado vermelho em mãos. Corre corredor adentro abraçando a única esperança que eles têm. Alex o segue, empunhando a arma e segurando o walk talk.
Nic finalmente chega ao primeiro elevador, travando os pés no chão ao parar. Enfia a ponta do machado entre as portas fechadas.
— Rápido, Alex. - A voz de Rafael no ouvido da garota tenta manter-se calma, mas nenhum deles está.
— Vamos Nic! - Ela o apressa.
O garoto usa o cabo do machado para alavancar a porta. Seu rosto fica vermelho com o esforço, e seus braços tremem. Abre o suficiente para a amiga passar e faz um gesto com a cabeça para que ela o faça.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Depois da Ruína
AventuraDurante a pandemia de um vírus mortal que assola o mundo, os irmãos Annenberg, Alex e Ivan, deixam a vida como conhecem e mergulham de cabeça no desconhecido. A questão permanece - que destino terá a humanidade depois da ruína? ○ História Original;...