○48. - Fragmentos

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 Naomi a chama pelo nome, mas Alex não a escuta. Apenas olha para a mulher que acabara de matar bem a sua frente e como aquilo não a fez se sentir melhor. Ela não consegue abaixar a arma, mas a amiga o faz por ela, segurando em seu punho. Tem sua atenção.

Alex se assusta ao vê-la pálida. O walk talk em mãos.

— O que aconteceu?

— Alex?!— A voz de Júlia sai do outro lado do aparelho. - Graças a Deus, estão bem!

— Júlia, - Naomi chama. - Conte a ela.

— Contar o que?

Júlia hesita apenas um segundo. O barulho da chuva cessara, e o dos gritos do interior do bunker chiam pelo aparelho. Ela estava lá dentro.

— Descobrimos como acabar logo com isso.

A voz de Júlia sai falhada, mas Alex não vê onde aquilo pode ser algo ruim. Espera que a amiga termine, nervosa e ansiosa.

— Diego estava na sala de controle e conseguiu acesso a todos os dados deles. Inclusive, dos planos para caso tudo dê errado. — Ela continua, aparentemente em local seguro. - Não é da minha boca que vai ouvir isso, mas basicamente conseguiremos explodir tudo com todos eles dentro.

Alex não encontra o problema, mas sabe que Júlia o esconde.

— Mas alguém tem que ficar para trás.

Ela respira fundo com a notícia.

— Por quê?

— É o procedimento para não haverem traidores. Os explosivos estão na sala das aeronaves, bem no centro do bunker, abaixo de nossos pés. Se alguém acioná-los, terá que ser intencional. E não há tempo para fugir.

— Eu vou. - As palavras de Alex saem tão rápido que ela mal consegue entender de onde saíram, mas não há tempo para pensar bem. Se alguém tem que ficar, será ela.

Júlia não responde. Nem mesmo Naomi.

Alex começa a estressar-se.

— Me digam o que fazer!

— Alex? — A voz que sai do walk talk não é a de Júlia. É uma voz conhecida, que arrepia todo seu corpo.

Ela entende o que as duas escondem dela.

— Nic?

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O som dos portões abrindo os acorda para mais uma última batalha. Paulo e Laura preparam-se para amparar Levi, enquanto Felipe e Ava, para ajudar Nic, quando a porta da tenda se escancara. Armado, Paulo aponta o rifle para a porta, mas a figura levanta as mãos, dando um passo para trás.

— Sou eu! - Diego para, ofegante, e fecha a porta atrás de si. Puxa o ar com força. Havia corrido o mais rápido possível para encontrá-los ali.

— Diego? Quem está na sala de controles? - Levi indaga, sentando-se novamente.

Diego cruza os olhos com os da garota morena com tranças, Laura.

- O pai dela.

A garota respira aliviada, jogando a cabeça para trás.

Levi pensa em perguntar, mas Diego o interrompe com o olhar antes mesmo de começar.

— O que faz aqui? - Nic pergunta.

Diego respira fundo. Ainda não conseguira processar a decisão tomada, mas tira a mochila das costas com o mapa de Sara e o estende no chão o mais rápido que pode. Os outros do recinto o ajudam. A vela se reacende para que todos possam ver com clareza.

Depois da RuínaOnde histórias criam vida. Descubra agora