○33. - Conversas da Madrugada

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A noite decide chegar cedo, como esperado

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A noite decide chegar cedo, como esperado. O céu nublado anuncia uma chuva passageira pela madrugada.

O grupo havia decidido por passar a noite ali, acomodados cada um em seu canto.

As fogueiras foram apagadas há horas, e à medida que a noite cai, mais escuro fica. Silenciosos, tentam dormir, incomodados com os animais que dominam a mata. O lugar frio e sombrio durante à noite parece o cenário de um filme de terror.

Lídia, como combinado, mantém-se acordada. Encostada em uma árvore de tronco largo, deseja ter os sentidos mais apurados. Se sente inútil olhando para a escuridão vazia.

O barulho de um galho quebrando ao seu lado a faz se sobressair. A silhueta de Maia se aproxima devagar.

— Me assustou. - A ruiva diz.

— Desculpa. - Maia se senta ao seu lado.

— Não devia estar dormindo?

— Disse ao Rafa que estava sem sono. - Ela sorri com os olhos pesados. Claramente é uma mentira. - Ele perdeu o irmão ainda ontem. Conheço ele. Sei que esconde bem, mas está devastado.

— E como você está? - A ruiva pergunta.

— Vou ficar bem. - Ela sacode a cabeça com os olhos fechados para a lembrança de Murilo morrendo em seus braços sumir.

Um silêncio se segue entre as duas, misturando-se aos sons da mata, tranquilizantes e assustadores.

— Pode perguntar. - A ruiva diz, com um tom de voz amigável, sentindo a curiosidade da garota.

— Ok. Como... Qual a sua história?

— Que pergunta íntima.

— Desculpa, é que... Me ajuda a entender as pessoas.

Lídia concorda com a cabeça.

— Bom, eu tinha catorze. Eu morava com meus pais, mas minha mãe tinha ido viajar à trabalho logo antes da quarentena. Ficou ilhada em Milão, onde a situação ficou feia muito rápido. Demorou alguns dias para sabermos de sua morte. - Lídia diz, fitando os próprios joelhos, a cabeça apoiada em uma das mãos.

— Sinto muito.

— É, foi um período difícil. Não pudemos nem enterrá-la, nem nos despedirmos. Meu pai morreu dormindo uma semana depois. Acho que não aguentou.

Maia imediatamente se arrepende de ter tocado no assunto.

— Me desculpa, eu... não devia ter perguntado.

— Não tenho mais problemas em contar isso, foi há muito tempo. Fico pensando que... talvez os dois estejam juntos em um lugar melhor do que isso aqui em que a gente vive. É bobagem, eu sei.

— Não, nem um pouco.

Maia consegue sorrir para a recém amiga mesmo no escuro, que retribui.

Depois da RuínaOnde histórias criam vida. Descubra agora