○47. - Você Termina Com Isso

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 — Essa não pode ser a única solução. - Diego caminha de um lado para o outro na sala de controles, tentando manter todos os amigos sob sua perspectiva dentro dos aparelhos televisivos.

– Não é. - O aliado improvável ainda mantém-se ao seu lado com a promessa de que será livre em breve, quando tudo acabar.

Não, não é. Mas em seu âmago, Diego sabe o que fazer. Sente o estômago revirar.

Respira pesadamente enquanto recoloca o rifle nas costas. Olha para o calvo.

— Eu ajudo vocês. - O homem diz, com aparente sinceridade no olhar.

Diego se pergunta se pode confiar nele. Acabara de ameaçá-lo com o cano de uma arma apontado para sua cabeça. Encontra-se em um beco sem saída. Têm medo da decisão que acaba de tomar.

Mas fez uma promessa ao homem - ele encontraria sua filha e tiraria ela em segurança se ajudasse, antes de fazer o que têm que ser feito.

Ele aponta para ela antes de entrar em uma tenda conhecida no setor B.

— Por quê? - Diego indaga.

— Não quero fazer parte dessa guerra, garoto. Já disse. Só me importo com aquela menina.

— Mas está tomando um lado.

— O lado que prometeu me deixar viver, a mim e à minha família, e que está me dando uma chance. Não me custará nada, anda. Sabe o que fazer.

Ele sabe. Recoloca o rifle nas costas e sai por onde Rafael havia saído, fazendo um último pedido antes de partir.

— Abra os portões quando eu sair.

x

A sala de estar escura de Amélia Conti tem um cheiro diferente. Lembra uma mistura de produto de limpeza e perfume de madame.

Estão apenas ela e Kássia, mas a mulher não abaixa a guarda ou sai da personagem. Alex não precisa fingir nada - está apavorada.

Uma sombra escura aproxima-se delas. Quando está próxima o suficiente, Alex vê um soldado de maior patente que os outros, ela suspeita. Um homem alto e forte, com uma cicatriz cortando-lhe o rosto verticalmente que o deixa ainda mais ameaçador.

— General. - Kássia o cumprimenta.

— Soldado.

Ambos fazem um aceno ensaiado com a cabeça. O homem dá uma boa olhada em Alex, dos pés à cabeça, e sorri maldosamente.

Faz um gesto com a mão para que Kássia o siga e volta para a escuridão. Kássia o obedece, puxando Alex com agressividade pelo braço.

Os três rumam em direção à uma parede. Alex o observa. O general aperta um botão escondido na decoração do aparador ao seu lado e uma porta surge da parede falsa, arrastando-se para o lado.

É claro que não tratariam de negócios na sala de estar de Conti, Alex pensa. Ela não vai querer sangue no sofá de chenile impressionantemente branco.

O espaço dá em uma escadaria que estende-se para baixo, sombria, como um bunker dentro de um bunker. Um lugar para fugir quando as coisas apertarem.

Alex não está surpresa com a covardia da mulher.

Entre as duas autoridades, Alex desce as escadas, cambaleando e desequilibrada pelas mãos atadas. A porta se fecha atrás de Kássia, e o som do alarme fica abafado. O medo de Alex denuncia-se em sua respiração, agora alta e clara, entrecortada e acelerada.

Os degraus parecem não cessar nunca, quando ela finalmente vê a luz de emergência fraca de um recinto iluminar o piso.

Sente como se seu coração tivesse parado de bater quando finalmente chega. A sala abafada sem janelas é um cubículo pequeno, com um colchão em um canto e uma mesa, onde Amélia Conti espera Alex com um sorriso vitorioso no rosto. Ao seu lado, outro homem lhe dá cobertura. O general para do outro lado.

Depois da RuínaOnde histórias criam vida. Descubra agora