○28. - Ossos do Ofício

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(Naomi na imagem abaixo)

Ivan puxa Júlia que, paralisada, olhava os escombros do amado abrigo caírem aos seus pés

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Ivan puxa Júlia que, paralisada, olhava os escombros do amado abrigo caírem aos seus pés.

Os sobreviventes misturam-se à escuridão em silêncio, encobertos pelas volumosas copas das árvores, como lhes fora instruído. Os últimos três a sair se distanciam das chamas e destroços de sua casa.

Em silêncio, Júlia ajoelha-se na terra molhada.

Se pensam que estão todos mortos, então ela pode ter seu luto em paz.

Abafando o choro com as duas mãos na boca, não se importa com a dor excruciante nas pernas rasgadas nem com o supercílio aberto, cujo sangue escorre incessantemente até pingar em seu peito.

Ela olha ao redor - não sabe quantos são os que conseguiram fugir, mas sabe que não conseguiu tirar todos de lá de dentro antes que o pior acontecesse.

Gabe.

O homem que fora como um pai para ela durante todos aqueles anos, o mais inteligente líder. Estava a preparando para situações como essa, em que ele não estaria presente. Mesmo assim, ela nunca achou que pudesse acontecer.

Nic aproveita para sentar-se nas raízes de uma árvore distante dos amigos, segurando os soluços que socam sua garganta, implorando para sair.

Aquilo foi culpa dele. Aquelas pessoas salvaram sua vida, e ele chegou em suas casas como um cavalo de Tróia. O remorso o consome. Do escuro, ele olha para a garota Júlia e o irmão da amiga, Ivan. Sentada sobre os joelhos, a garota olha para as estrelas enquanto deixa as lágrimas escorrerem. Agachado ao lado dela, Ivan a abraça tão forte que parece tentar mantê-la sã ali, com ele.

Ali mesmo, Nicolas faz uma promessa. Dará tudo o que for preciso para proteger a vida de cada uma daquelas pessoas. Estão em guerra.

— Júlia, - Luís sai das sombras, abaixando-se ao lado da garota que não se importa com os olhares em suas costas. - O que vamos fazer?

Ela retorna os olhos para a floresta. Atrás de Luís, os olhares esperançosos vindos das sombras a encaram. Crianças abraçadas aos pais, assustadas.

Ela se lembra de si própria, colocando a mão sobre a barriga e olhando para Ivan. Ele a olha de modo encorajador.

Júlia tem uma vida crescendo dentro dela, um parceiro que ama, e pessoas que contam com ela para tomar as decisões.

Apoiando-se em Ivan, se levanta, os olhos cheios de determinação - tem todos os motivos que precisa para continuar em frente.

— Vamos procurar abrigo.




Naomi abre os olhos devagar.

Deitada confortavelmente em um colchão no chão, a cabeça apoiada em um suave travesseiro e aquecida por um cobertor de lã, sente o corpo inteiro queimar em dor quando pensa em mover um dedo sequer.

Depois da RuínaOnde histórias criam vida. Descubra agora