○34. - Passos na Escuridão

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O som da mata à noite não parece mais tão pavoroso

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O som da mata à noite não parece mais tão pavoroso. Inclusive, para Levi e Naomi transformou-se em uma sinfonia bonita e acolhedora. Deitados lado a lado, Naomi havia cedido ao sono, adormecida sobre o braço bom do garoto, abraçada ao seu tronco como se passasse vulnerabilidade. Esse, por mais que esteja com os olhos pesados, se força a mantê-los abertos. Enrola os cabelos castanhos de Naomi nos dedos para se manter entretido. Prometeu acordá-la para trocarem de turno, mas sabe que ela necessita mais daquele sono do que ele.

Levi se põe em alerta ao ouvir passos distantes quebrando os galhos. Seus olhos não alcançam nada em meio à escuridão da floresta. Por precaução, alcança o rifle deixado ao seu lado. Ele aguça sua audição. Age despreocupado. Qualquer um que tenha problemas para dormir em uma floresta à noite cercado de animais é um bom suspeito para dar uma caminhada às cegas. Mas um grito o tira de seu estado descontraído.

Naomi acorda instantaneamente, como se estivesse alerta o tempo inteiro, e os dois se encaram por um segundo.

Não há tempo para debates. Ambos, armados, mergulham de cabeça na escuridão.




Alex não consegue dormir.

Só de pensar na quantidade de animais que vêm para importuná-la durante a noite já sente calafrios. Ao seu lado, Diego dorme tranquilamente. Do outro, Rafael. Ficar próximo a eles ajuda a se sentir mais segura. Sentada e abraçada às pernas, permite-se pensar em tudo.

A brisa gelada da madrugada cai junto com um fino sereno sobre o acampamento.

Uma pontada de orgulho insiste em surgir em seu peito - está viva. Está com os arquivos da mãe. A foto da família ainda guardada no peito a deixa mais forte.

Havia se banhado no riacho gelado horas atrás. As roupas já estavam secas no corpo, o cabelo finalmente limpo voltando a encaracolar nas pontas.

Não vê a hora de voltar ao abrigo. Nem ao menos teve tempo de conhecer todo o lugar, mas se lembra dos quartos. Dos colchões compartilhados. Dormir em um colchão seria com flutuar depois dos dias dormindo no chão duro.

Ela boceja. O sono a persegue. Seu corpo pede que descanse, além de algo mais. Sua bexiga está cheia.

Tomando coragem, se levanta. A madrugada é a melhor hora para fazer suas necessidades. Está escuro, e estão todos dormindo. Por precaução, leva a faca de Levi consigo. Ainda não conseguiu devolvê-la.

Com cuidado, pisa nas folhas mortas e galhos secos, fazendo mais barulho do que gostaria.

Distancia-se do acampamento, o suficiente para conseguir tirar a água do joelho em paz.

Necessidades feitas, não tarda a voltar para a companhia dos outros, torcendo para se encontrar no escuro, mas os sons da mata a chamam. Ela pensa ter ouvido passos próximos. Talvez um animal.

Depois da RuínaOnde histórias criam vida. Descubra agora