○15. - Olhos Sem Vida

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(Diego na imagem abaixo)

Ivan acorda sentindo-se culpado

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Ivan acorda sentindo-se culpado. Deitado em um colchão, com roupas quentes e bem alimentado, pensa na família que partiu no dia anterior. A tempestade foi avassaladora e brecou toda a produção daquele fim de tarde. Ele espera que tenham chegado bem.

— Eles estão bem. - Júlia confirma seus pensamentos. Deitada ao seu lado, sorri como se dissesse bom dia.

Sim, ele sabe que estão bem, mas ainda sente um grande aperto de culpa no peito. Culpa por saber que ele e Júlia ficarão bem e seguros, não importa o que aconteça com os outros. Ele não se importava com a própria segurança, mas sim com a da garota. Construiu a mais bonita relação que conseguiria imaginar depois de um mundo acabado. Tinha tido a sorte de sobreviver ao lado dela.

— Vai ser difícil esperar por eles. - Ele abraça a namorada, que se aconchega em seu peito.

— Vai ter que ocupar a cabeça...

— Pra você é fácil falar, você pode fazer o que quiser. - Emburrado, olha para a perna machucada.

Ela não tenta consolá-lo. Ivan é bem grandinho para se virar. Júlia se senta no colchão, pronta para começar o dia, quando a porta do quarto se escancara.

— O que é isso?! Não sabe bater? - Ivan está sentado, apoiado nas mãos. Sua raiva muda completamente ao ver o rosto do homem. - Luís, o que foi?

— Sinto muito, cara. - Ele diz. Deve beirar seus quarenta anos. Está pálido como uma folha de papel. - Gabe está chamando. Acharam alguma coisa lá fora depois da tempestade.

— Alguma coisa? - Júlia já está de calçados nos pés, prendendo os cabelos loiros em um coque alto.

— Alguém.

Ela troca olhares com Ivan, os dois desentendidos.

— Vai, eu vou logo atrás.

Ela concorda, e se põe a correr atrás de Luís pelo corredor, sentido à saída.

Uma aglomeração no portão principal. Muitos curiosos espiam o caos lá fora.

Júlia corta caminho um por um, até encontrar Gabe, dois passos para fora do abrigo, a arma nas mãos, com a postura de liderança de sempre, olhando por entre as árvores.

— O que aconteceu? - Ela pergunta, sentindo o frio gelado da natureza a saudar.

— É dia da equipe de caça sair. Saíram junto com o nascer do sol, mas Luís voltou na frente, correndo como se tivesse visto um fantasma. Disse que acharam um corpo.

— Um corpo? - Júlia se sente mal por estar minimamente feliz. Esperava pelo pior.

— Sim.

— Um dos nossos?

— Não faço ideia.

Ivan se junta a eles. Ouvira tudo.

Pelas árvores, quatro pessoas se aproximam, revezando-se para levar o corpo de um homem. Júlia, Ivan e Gabe se encarregam de abrir espaço entre os curiosos do abrigo. Quando estão dentro, a porta se fecha atrás deles e o homem é colocado no chão.

Depois da RuínaOnde histórias criam vida. Descubra agora