Cinco figuras encapuzadas camuflam-se à escuridão da cidade e à água que cai do céu sem piedade.
Beirando as sombras, Diego toma a frente. Os outros o acompanham em seu tempo. Além de ainda se sentir fraco, é o que mais se recorda do caminho. Rafael, quieto, segue atrás dos quatro, sentindo-se por algum motivo responsável pela segurança do grupo.
O tempo corre sem que eles percebam. A chuva gelada não os incomoda mais. A motivação para que essa seja a última noite é mais forte que qualquer empecilho.
— Não vamos falar sobre o garoto sinistro? - Murilo cochicha para as amigas.
— Ele não era sinistro, ele ajudou a gente, e ainda deu um lugar pra gente ficar. - Maia responde.
— Ok, mas ele era sinistro sim!
— Eu o vi no mercado. - Alex entra na conversa.
— Acho que foi ele quem eu vi também. - Murilo responde. - O moleque me assustou pra caralho, não conte à Naomi que foi por isso que eu surtei.
Alex ri baixo, para ela mesma.
— Não se preocupe.
— A questão é - Maia desembesta a falar - Um garotinho... Ok, meio sinistro, está sobrevivendo desde não sei quando em uma cidade abandonada com dezenas, talvez centenas de perseguidores na sua cola e... ele estava tranquilo. Tranquilinho. Mostrou o caminho, nos mostrou o Duzentos e Doze, e não disse... Nada.
— Foi o que eu disse. Sinistro. Se ele tiver treze anos agora, quanto ele tinha quando a pandemia explodiu?
— Sete. Fiquei com isso na cabeça ontem. - Alex complementa.
— Sem chance de um molequinho de sete anos sobreviver sete anos sozinho, isso é loucura!
— Talvez. Mas não sejamos ingratos. Ele salvou nosso couro uma vez. Se resolver ajudar de novo, eu mesma pergunto qual é a dele. - Maia diz, e segue seu caminho.
— Como se sente? - Alex se junta a Diego, deixando toda a história do garoto pálido para trás, que Maia e Murilo insistem em discutir incessantemente.
Mesmo no escuro, Alex consegue dizer que o amigo está pálido. Segura o braço esquerdo rente ao corpo.
— Não tive muito tempo pra me recuperar, doutora. - Diego força uma risada, mas não olha diretamente para ela.
— Venho como amiga. - Ela caminha simpaticamente ao seu lado. - Está pensativo.
Diego confirma com um aceno de cabeça.
— Não quero parecer... Fraco, ou sei lá. Só nunca quis tanto ir pra casa.
— Não é nem um pouco fraco. Acho que vocês todos são as pessoas mais fortes que eu já conheci, na verdade. Queremos todos ir pra casa.
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Depois da Ruína
AdventureDurante a pandemia de um vírus mortal que assola o mundo, os irmãos Annenberg, Alex e Ivan, deixam a vida como conhecem e mergulham de cabeça no desconhecido. A questão permanece - que destino terá a humanidade depois da ruína? ○ História Original;...