○22. - Histórias na Mesa

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Cinco figuras encapuzadas camuflam-se à escuridão da cidade e à água que cai do céu sem piedade

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Cinco figuras encapuzadas camuflam-se à escuridão da cidade e à água que cai do céu sem piedade.

Beirando as sombras, Diego toma a frente. Os outros o acompanham em seu tempo. Além de ainda se sentir fraco, é o que mais se recorda do caminho. Rafael, quieto, segue atrás dos quatro, sentindo-se por algum motivo responsável pela segurança do grupo.

O tempo corre sem que eles percebam. A chuva gelada não os incomoda mais. A motivação para que essa seja a última noite é mais forte que qualquer empecilho.

— Não vamos falar sobre o garoto sinistro? - Murilo cochicha para as amigas.

— Ele não era sinistro, ele ajudou a gente, e ainda deu um lugar pra gente ficar. - Maia responde.

— Ok, mas ele era sinistro sim!

— Eu o vi no mercado. - Alex entra na conversa.

— Acho que foi ele quem eu vi também. - Murilo responde. - O moleque me assustou pra caralho, não conte à Naomi que foi por isso que eu surtei.

Alex ri baixo, para ela mesma.

— Não se preocupe.

— A questão é - Maia desembesta a falar - Um garotinho... Ok, meio sinistro, está sobrevivendo desde não sei quando em uma cidade abandonada com dezenas, talvez centenas de perseguidores na sua cola e... ele estava tranquilo. Tranquilinho. Mostrou o caminho, nos mostrou o Duzentos e Doze, e não disse... Nada.

— Foi o que eu disse. Sinistro. Se ele tiver treze anos agora, quanto ele tinha quando a pandemia explodiu?

— Sete. Fiquei com isso na cabeça ontem. - Alex complementa.

— Sem chance de um molequinho de sete anos sobreviver sete anos sozinho, isso é loucura!

— Talvez. Mas não sejamos ingratos. Ele salvou nosso couro uma vez. Se resolver ajudar de novo, eu mesma pergunto qual é a dele. - Maia diz, e segue seu caminho.

— Como se sente? - Alex se junta a Diego, deixando toda a história do garoto pálido para trás, que Maia e Murilo insistem em discutir incessantemente.

Mesmo no escuro, Alex consegue dizer que o amigo está pálido. Segura o braço esquerdo rente ao corpo.

— Não tive muito tempo pra me recuperar, doutora. - Diego força uma risada, mas não olha diretamente para ela.

— Venho como amiga. - Ela caminha simpaticamente ao seu lado. - Está pensativo.

Diego confirma com um aceno de cabeça.

— Não quero parecer... Fraco, ou sei lá. Só nunca quis tanto ir pra casa.

— Não é nem um pouco fraco. Acho que vocês todos são as pessoas mais fortes que eu já conheci, na verdade. Queremos todos ir pra casa.

Depois da RuínaOnde histórias criam vida. Descubra agora