○41. - Luzes Apagadas

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(ilustração - Alex)


 Rafael consegue escutar o próprio coração batendo tão forte em seu peito que parece querer fugir pela boca. Segue na frente, os passos rápidos e ligeiros seguidos por Diego. Os dois rumam até o fim daquele corredor escuro, cuja única luz amarelada vêm da janela de vidro de uma porta a frente de ambos.

Pé ante pé, se aproximam com destreza. Rafael arrisca-se a olhar no interior da janela da porta. Lá dentro, corredores brancos dispõe-se como um labirinto.

Não vê ninguém.

Ele fecha os olhos para se lembrar da planta que se esforçou a memorizar.

— Tudo limpo.

Diego, girando o braço para ver os números mutilados em seu antebraço, digita o código da porta, os dez números aparentemente aleatórios. 1654181514.

Ela se destrava com um clique, o sinal na trava eletrônica mudando de vermelho para verde.

Ambos fazem uma careta com o barulho e prendem a respiração por dois segundos.

— Ainda tudo limpo. - Rafa diz, olhando para o interior dos corredores. - Decora essa porra de número. Não sei quanto tempo vamos ter. Eu te dou cobertura.

Diego concorda. Estuda a última sequência de dez números escrita em seu braço - 2152615121.

Ele passa os olhos rapidamente diversas vezes, contando com a memória fotográfica.

— Vamos nessa.

Rafael empurra a porta devagar, adentrando no ambiente branco e extremamente iluminado.

Péssima hora para vestir preto, pensa. Diego fecha a porta devagar atrás de si.

Torcem para os soldados estarem se concentrando do lado de fora, mordendo a isca do grupo A.

Antes de mergulharem no corredor, trocam um olhar significativo de determinação.

Chegou a hora.

A respiração praticamente presa e os passos inaudíveis como os de uma formiga, empunham as arma com os dentes cerrados, prontos para qualquer necessidade de usá-las. A sala de controles fica muito próxima, Diego se lembra, mas parece infinitamente distante enquanto beiram a parede do extenso corredor em que ela se encontra. Acelera o passo até encontrá-la. Está atrás de uma porta de metal blindada, maior que as outras, mais bem protegida.

Diego não perde tempo. Digita os números que decorara - 2152615121. O inesperado acontece - os números apitam com a cor vermelha.

— Mas que merda?

— O que foi? - Rafael se aproxima, olhando ao redor.

— Não é esse o código.

Ele olha de novo para o número no antebraço. Digita o mesmo. 2152615121. Luz vermelha piscando.

Ele cerra os punhos, furioso, e o bate na parede. A porta não cederá a qualquer investida.

Rafael tira os olhos do corredor para observar Diego e a luta contra a trava da sala de controles quando, de canto de olho, se vê observado. Um homem calvo com uma xícara de café nas mãos olha para os dois, petrificado. Os olhos arregalados de espanto. Diego e Rafael o encaram por um segundo, sem saber o que fazer, os três petrificados. O homem, que claramente rumava para aquela sala, deixa a xícara cair no chão. O barulho dos estilhaços ecoa por todo o corredor. Ele põe-se a correr de volta da sala que viera, mas Rafael é mais rápido. Com dois passos já o alcançou, puxando o homem de meia idade para baixo pela gola da camisa e o derrubando ao chão. Aponta a arma para seu peito.

Depois da RuínaOnde histórias criam vida. Descubra agora