(a ilustração da capa é de minha autoria)
Borboletas de Olivia.
Enquanto anda pelo irregular solo da floresta, desviando galhos e teias de aranha de sua frente, o título não sai de sua cabeça. Uma pontada de raiva de sua mãe surge por um momento, substituída logo em seguida por culpa. Sara deixou o peso do mundo nas costas da filha, de um modo que está difícil para a garota aguentar. Borboletas de Olivia não significa nada para ela, o que pode significar qualquer coisa. Não sabe onde procurar, pelo quê procurar, mas centenas de pessoas contam com que ela desvende o que quer que seja.
O dia começa a esquentar vagarosamente, ou andar por vinte minutos trouxera um calor agradável aos sete. A vegetação espessa de Abaitê era alta, úmida, quente. A fauna e a flora impressionando Alex a cada passo dado.
Alex se sente quase como uma criança, ou ameaça a operação, ou peso desnecessário. Tudo o que haviam falado sobre ela. Ela anda com três a sua frente, as duas garotas e um dos gêmeos, o com a pinta no olho. Os outros a seguem atrás. Todos com armas maiores, mochilas mais carregadas. Rápidos, como se a puxassem e empurrassem.
Não sabe que direção seguem ou mesmo qual o destino. Todos têm pressa. Se andarem até a cidade, vão levar quase um dia, isso se não descansarem, o que parece ser perigosamente desgastante.
Naomi segue sempre um passo à frente, ditando o caminho.
A floresta parece mais escura e espessa à medida que a adentram. Uma sensação de mormaço permanece no ar.
— Estamos chegando. - Naomi corta o silêncio.
Aonde, Alex não sabe exatamente. Mais a frente, os três param. Uma grossa árvore caída rodeada de insetos corta-lhes o caminho na altura de suas cinturas. Eles olham sobre ela, e os que seguem atrás param junto, aos poucos.
Quase como uma dança ensaiada, os seis se abaixam e tiram seus calçados.
x
Alex os segue, sem questionar.
Amarram os cadarços nas mochilas e, um por um, começam a pular a árvore caída. Alex entende o porquê.
— Que doideira. - Sussurra para ela mesma.
Um pequeno desfiladeiro de terra úmida desemboca em um lago verde.
Eles deslizam cuidadosamente em direção à água verde e enlameada como se já o tivessem feito diversas vezes. A água alcança os joelhos do mais alto, Diego. A coreana levanta a calça até a metade das cochas.
— Deslize os pés. - Um dos gêmeos aconselha a Alex, ao seu lado. Ela aprende que esse é Murilo. - Evita que pise em qualquer... coisa.
Ela concorda.
Às bordas da suja lagoa, um mangue fétido. Caranguejos enormes os olham passar. Nas copas das árvores, milhares de aranhas exibem suas teias por todos os lados. Cobras deslizam esguias e camufladas por entre a vegetação. E, com certeza, há muito mais que não conseguem ver.
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Depois da Ruína
AdventureDurante a pandemia de um vírus mortal que assola o mundo, os irmãos Annenberg, Alex e Ivan, deixam a vida como conhecem e mergulham de cabeça no desconhecido. A questão permanece - que destino terá a humanidade depois da ruína? ○ História Original;...