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Todo mundo começou a rir na hora que ele falou isso, acho que porque não reconheceu quem falou isso, mas quando reconheceram, quase metade da sala fez cara de susto/medo. A professora ainda tava em choque, parada, segurando a porta.
– Roberta: Calma, gente, calma, ele é um doce de pessoa, não vai fazer nada de ruim com vocês, a menos que cês mexam com ele! – Disse pra geral – Eu sento ali – Disse e apontei pra carteira vazia entre a Mar e a Manu
O Geré me sentou lá e cumprimentou minhas amigas. Ele me deu um beijo na testa e disse no meu ouvido que viria me buscar na mesma hora de ontem e eu assenti com a cabeça, nisso ele saiu da sala. A professora sentou na carteira dela e começou a beber água e a respirar fundo. Aproveitando isso, geral da sala começou a cochichar, e eu percebi que estavam falando de mim, mas foda-se.
– Manuelle: Esse é o Geré?
– Roberta: Aham.
– Melissa: Foi ele quem te obrigou a sair pulando laje, Bel?
– Roberta: Me obrigou? Quem te falou isso? – Perguntei encarando-a
– Melissa: Ué, a Thainá.
– Roberta: Ele não me obrigou, eu fui porque quis. Até parece que alguém me obriga a algo!
Ela assentiu com a cabeça e eu encarei feião a Thainá, que tava com a cara de sonsa dela. A aula continuou e 9h30, o sinal pro intervalo bateu. Sai da sala nas costas do Matheus e sentamos todos no pátio infantil, que estava vazio, pois o intervalo dos pequenininhos é antes do nosso. Eu, em especial, sentei num balanço e fiquei me balançando só com um pé – o que não estava machucado.
– Matheus: Fala aí como foi esse teu acidente, macaquinha!
– Roberta: Eu tava ontem pulando as lajes lá do Alemão, aí quando eu fui descer, eu coloquei o pé errado, esse que tá bom, aí quando eu cheguei no chão, eu troquei o pé e coloquei o pé que não é de força, aí ele virou e já foi batendo no chão. Se eu não tivesse trocado, acho que eu machucaria meu joelho, e vocês sabem claramente que meu joelho é fudido, né – Disse e nós rimos – E tu, dona Thainá, quem te falou do meu acidente? – Perguntei encarando ela
– Thainá: A Marjorie quem me falou. Ela falou que o Geré tinha mandado tu pular as lajes com ele.
– Roberta: Tu falou pra ela que o Geré tinha me obrigado a pular as lajes com ele? – Perguntei, mas sabia que a Marjorie nunca inventaria algo
– Marjorie: Claro que não! Eu falei até que, se ela te conhecesse, saberia que tu faz o que tu quer, e que ninguém te obriga a falar nada! – Disse pra mim – Tá mentindo agora, Thainá?!? – Disse com as mãos na cintura, encarando ela
– Manuelle: Gente, gente, gente, calma! – Disse levantando, ficando entre a Thainá, que tava sentada, e a Mar, que tava em pé na frente da cobra
– Thainá: Eu entendi errado! Eu pensei que o Geré tinha te obrigado a pular, Robertinha! – Disse depois que ficou em pé
– Roberta: Vai tomar no meio do teu cu, sua cobra falsa! Toma vergonha nessa tua cara, mulher! Eu tô aqui com o tornozelo fudido, mas num duvida da minha capacidade de levantar e dar uns tapas nessa tua cara falsa não! – Disse quando

meu espírito barraqueiro desceu
– Thainá: Então vem! Mulherzinha de bandido! – Disse toda debochada
Ai que meu sangue subiu! Tu fala de mim, mas num fala dos meus amigos! Levantei que nem um raio, e como tava de tornozeleira e tênis, dava pra pisar no chão. Já cheguei na Thainá segurando ela pelos cabelos e comecei a encher a cara dela de tapa. Como ela não é acostumada a brigar, só a levantar falso mesmo, ela não sabia o que fazer, e só ficava gritando, balançando as mãos. O Artur me tirou de cima dela antes de eu jogá-la no chão, e o Matheus segurou-a. Encarei-a, com a mão coçando pra bater na cara dela. Se muito eu bati, foram só 3 tapas! Pra mim, isso não pode ser considerado uma briga! Nessa hora, chegou a diretora, e mandou nós todos irmos pra sala dela. Passamos quase 1hr lá, explicando como tudo aconteceu, e ela deu 3 dias de suspensão pra mim. Sai da sala dela e fui pro pátio com a Mar, a Manu, o Matheus e o Artur. Eu não tava com raiva da diretora nem da suspensão, mas tava com nojo e ódio da cara da Thainá. Ela tava se fazendo de coitadinha, vai tomar no cu! Ela que não fique muito tempo na minha frente muito menos abra a boca quando eu voltar pro colégio!
– Marjorie: Tu vai pra tua casa ou pro Alemão?
– Roberta: Minha casa. Vou ligar pro meu pai pra ele vir aqui assinar a suspensão e pra me levar. Ele vai falar tanto!
– Matheus: Tô boladão com a Thainá, velho! Que menina mais sonsa! – Disse com raiva
– Artur: Que vontade de dar uns tapas nela!
– Roberta: Aquela ali eu não ando mais. Quero nem olhar pra cara dela!
– Manuelle: Eu também. Todo mundo que te conhece nem que seja um pouquinho sabe que tu num é pau mandado de ninguém e ela vem com historinha que tu foi obrigada a fazer isso, querendo pôr teu namorado como culpado!
– Roberta: Ai meu Deus! Finalmente alguém que me entende! – Abracei a Manu e a Mar me olhou feio e eu ri e abracei ela também
Eles voltaram pra sala uns minutinhos depois e eu liguei pro meu pai e contei tudo. Ele, aparentemente, estava de boa. Ele assinou a suspensão e me pegou no colo. Me levou pro carro e fomos pro condomínio o caminho todo calados. Quando chegamos, ele me pegou no colo, pegou minha mochila e entrou comigo em casa. Subi as escadas e fui pro meu quarto enquanto ele estava na cozinha, e logo depois, ele entrou no meu quarto.

– Wallace: Você está começando a brigar agora que se juntou com aquele bandidinho, Roberta?
– Roberta: Me juntei?!? Ah, pai, me poupe! Parece até que eu sou capacho de alguém! Eu sei pensar, tá?!? Se eu briguei, dei na cara daquela piranha, foi porque eu tinha motivos pra fazer isso!
– Wallace: Eu não quero você mais com aquele bandido, tá me entendendo? Você não vai mais pra aquele morro!
– Roberta: Eu vou pro Alemão sim! Minha guarda é compartilhada, não é só sua!
– Wallace: Então eu vou entrar na justiça com um pedido de guarda absoluta! Vou dizer que tua mãe passa o dia todo no trabalho, só chega à noite, que isso é verdade, e que você fica andando pelo Alemão, se misturando com gente que não presta!
Ele pegou meu celular da minha mão e saiu do quarto. Manoooo, que ódio! Tranquei a porta do quarto, tirei o tênis, peguei meu notebook e entrei no facebook. Mandei mensagem pra Marjorie falando tudo que meu pai falou e ela visualizou na mesma hora. Pedi pra ela avisar ao Geré quando ele fosse "me buscar" que eu não ia pro Alemão essa semana por causa disso, mas que no final de semana eu estaria lá, e pedi pra ela vir pra cá pra casa quando largasse, e ela disse que beleza. Sai do facebook, coloquei meu notebook na mesinha e deitei na cama, com raiva. Dormi de tanto tédio que estava, e acordei com uma zuada lá de baixo, de gente batendo na porta. Sai do quarto me escorando na parede, já que não podia pisar com força com o pé machucado e desci as escadas. Era a Marjorie e o RGR. Meu celular tava na prateleira do espelho da sala, então eu peguei.
– Geré: Cadê o otário do teu pai? – Disse entrando que nem um raio, quando eu abri a porta
– Roberta: Não sei. Acho que foi pro escritório.
– Marjorie: Amiga, ele vai pedir a guarda absoluta mesmo?
– Geré: Guarda absoluta? Que história é essa?
– Roberta: Ele disse que eu não ia mais pro Alemão, aí eu disse que ia sim, que minha guarda era compartilhada e que eu tinha direito de ficar com minha mãe nos fins de semana, aí ele disse que ia entrar com um pedido de guarda absoluta, aí eu não vou mais pra lá se ele conseguir.
– Geré: IIIIH, esse viado chega que horas?!?
– Roberta: Ele já devia estar aqui, porque ele vem de carro e o escritório é pertinho.
Em menos de 5min que eu falei isso, alguém bateu na porta e o RGR levantou antes de mim e foi abrir a porta. Era meu pai, e o RGR já foi puxando ele pelo colarinho da camisa.

Do Asfalto pra Vida  - 1/ Temporada ✨Onde histórias criam vida. Descubra agora