Eu ia encará-lo feio, mas ele me abraçou enquanto conversava com o Oreia, que tava falando que tinha uns caras passando de moto na ruas de entrada do Alemão, e que ficava olhando pros cara do pé e pra cima, assim como carros todos de vidro fumê, que passavam bem devagarzinho. O RGR mandou meter bala em tudinho, e os que ficassem vivos, era pra trazer pro alto do morro, e me soltou. O Oreia saiu na hornet.
– Geré: Bora?
– Roberta: Eu posso participar se tiver confronto?
– Geré: Qual é o confronto que tu, tando no Alemão, num participa? – Disse e eu sorri – Bora.
A gente foi pra encosta e ele deu um pulo numa laje e me chamou. Fiquei olhando a distância entre lá e cá, e me caguei de medo. Ele começou a gritar comigo, me botar pressão, porque sabe que eu só reago assim. Fui um pouquinho pra trás e corri, e pulei na mesma laje que ele. Ri e bati palma, toda besta, e ele balançou a cabeça negativamente. Subimos em umas lajes, já que, como ele disse, era uma grudada na outra, e a casa da frente que num tinha laje, a do lado ou a de trás tinha. A gente tava indo pra boca do T3 pelas lajes, e eu até tava pulando e escalando mais rápido, viu?!? Tava mó orgulhosa de mim mesma! Quando a gente tava perto de descer das lajes porque estávamos perto da boca, ele começou a correr e eu entrei na brincadeira e corri também. Ele pulou no chão, no meio da boca, e eu fui pular também, mas caguei e coloquei o pé errado, e cai no chão sem jeito, torcendo o tornozelo.
– Roberta: AIAIAIAIAI, AI, CARALHO! – Gritei gemendo, e comecei a chorar
– Viviane (putinha do T3): Bem feito, vagabunda! – Disse baixo, mas eu escutei
– T3: Olha como tu fala com a patroa, piranha! – Disse depois que deu um tapa na cabeça dela
– Roberta: Eu só não faço nada contigo agora porque tô com o meu pé doendo! – Disse encarando ela, com os olhos cheios de lágrimas
Ela ficou me encarando, querendo falar algo, mas sabia que se falasse, ia apanhar tanto do T3 tanto do Rogério. Falando nele, quando ele viu que eu tinha caído, entrou correndo no quartinho e voltou com uma pano cheio de pedra de gelo. Ele se agachou na minha frente, já que eu tava sentada no chão, e colocou o pano no meu tornozelo que tava inchado.– Dinho (soldado): Melhor levar ela pro médico, não, patrão?
– Geré: Tu quer ir?
– Roberta: Não, não tá doendo tanto, só quando toca. Me leva pra casa.
Ele assentiu, me pegou no colo, se despediu de geral que tava na boca e saiu comigo. Ele me levou pra minha casa. Minha mãe tava trabalhando – ela chega por volta das 19h. Ele me deitou no sofá e colocou meu pé torcido sobre umas cinco almofadas e continou segurando o pano com gelo sobre meu tornozelo.
– Roberta: É sério que tu quer que eu seja a mãe dos meus pivetes?
– Geré: Na moral memo.
– Roberta: Por que?
– Geré: Porque eu sou amarradão em tu.
– Roberta: E por acaso tu vai criar teu time de futebol ou só vai fazer mesmo?
– Geré: Vou criar também, né, pô. Eu me amarro em pivete também. Só não gosto de pivete cheio de cu doce, que chora por tudo...
– Roberta: Teus filhos vão ser um terror! – Disse depois de uns segundos, rindo
– Geré: Se for contigo, aí é que vão ser memo! – Disse sorrindo
– Roberta: Eles vão viver brigando, se forem nossos – Disse ainda rindo
– Geré: Quer fazer um agora memo não?
– Roberta: Claro que não! Nem terminei meus estudos! Ainda faltam 3 meses!
– Geré: Mas eles demora 9 meses pra nascer, véi. Vai dar tempo de tu terminar!
– Roberta: Me poupe, Rogério!
– Geré: Tu é a única pessoa que me chama de Rogério e eu num reclamo, tu tá ligada, né?
Assenti com a cabeça e ele riu. Ele ficou aqui em casa até minha mãe chegar, e quando ela chegou, ele, que ia embora, ficou e ainda jantou com a gente. Ele me ajudou a tomar banho e a me trocar, depois me colocou deitada na cama, colocou uma tornozeleira no meu tornozelo e colocou meu pé sobre vários travesseiros. 21h30, ele foi pra casa, depois que a minha mãe começou a reclamar que queria ficar pelada – e ela fica pelada mesmo, viu? Antes do Rogério sair daqui de casa, disse pra ele, toda debochada, que amanhã, farão 4 dias que ele não se agarra com nenhuma cachorra, e ele saiu rindo. Eu não podia fazer muitos movimentos, então a única coisa que me restava era ficar deitada naquela cama, e eu fiquei deitada, mexendo no celular.– Marjorie narrando –
Acordei na quarta-feira às 6h. Tomei banho, vesti meu uniforme, tomei café da manhã e fui pro colégio. Meu pai me deixou lá. Eram 6h40 ainda, então não tinha chegado quase ninguém. Meu celular vibrou duas vezes seguidas e eu fui olhar; era mensagem da Bel. Ela disse que tava vindo pro colégio, que tinha torcido o tornozelo, e que o Geré tava vindo trazer ela, e que se a aula começasse e ela ainda não tivesse chegado, eu avisasse ao professor. Quando respondi ela e guardei o celular que olho pro portão do colégio, tava chegando a Thainá. Ela é do meu bonde, mas é a que eu menos falo e a que eu tenho uma certa antipatia. Já a vi falando mal de mim por trás, pra outras meninas, e quando fui tirar satisfações com ela, ela disse que eu entendi errado, blablabla. Eu falo com ela por educação, mas tento falar o mínimo possível.
– Thainá: Bom diaaaa! – Disse toda animadinha, sentando do meu lado
– Marjorie: Bom dia – Disse sorrindo
– Thainá: Não chegou nós duas ainda... Será que aconteceu algo com o resto?
– Marjorie: Só sei da Robertinha. Ela torceu o pé.
– Thainá: Sério?!? Aonde? Como?
– Marjorie: Ela tava pulando umas lajes lá com o Geré, aí quando foi descer das lajes, caiu de mau jeito.
– Thainá: Geré é o dono do complexo do Alemão, né? – Disse e eu assenti com a cabeça – Nossa, que horror! Por que ele obrigou ela a sair pulando laje?
– Marjorie: Ele não obrigou, ela que quis. Ele nunca obrigou ela a fazer algo. Se você conhece a Bel um pouquinho, sabe que ela nunca obedece ninguém e faz o quer der na telha dela.
– Thainá: Tá, tá, calma, desculpa! – Disse com as mãos pra cima – E esse Geré tem quantos anos? – Perguntou depois de uns segundos
– Marjorie: Se não me engano, 29 – Disse olhando pra frente, já ficando irritada com tanta pergunta e com a voz de sonsa dela
– Thainá: Caraca! E a Robertinha tem 17! A mãe e o pai dela sabem disso?
– Marjorie: A mãe sabe e adora o Geré, mas o pai dela, acho que não sabe que eles estão meio que namorando – Disse e olhei pra ela a partir daí – Por que? Quer fazer inferninho quando o pai dela vir buscar ela, é? – Levantei uma sobrancelha quando terminei de falar
– Thainá: Nossa, Marjorie, nossa! Calma aí! Eu só tô perguntando porque sempre sou a última a saber das coisas!Encarei ela e logo chegou a Manu, a Mel, o Matheus, o Felipe e o Eduardo. Nos cumprimentamos e eles ficaram sentados do nosso lado, conversando. Quando a Manu sentou do meu lado, abracei ela bem forte, e fiquei sentada quase que no colo dela, pra ficar o mais longe possível da Thainá, que tava do meu outro lado. 7h30, o sinal bateu pra gente ir pra sala, e nós fomos.
– Roberta narrando –
Acordei 6h com minha mãe já pronta pra ir pro trabalho, dizendo que o Rogério tava na porta. Logo hoje que eu ia me aproveitar do meu tornozelo pra dormir! Levantei da cama, tomei banho, vesti o uniforme e tomei café da manhã, tudo com ajuda da minha mãe, já que não podia tocar com o pé do tornozelo machucado no chão. O Geré me ajudou a entrar no Corolla e como minha mãe trabalha na ZS e meu colégio é na ZS, o Rogério deu uma carona pra ela. Ela ficou no hotel em que ela é chefe de cozinha. Cheguei no meu colégio às 7h45 e o RGR, sem eu falar, desceu do carro, deu a volta e abriu a porta em que eu estava. Ele me pegou no colo, pegou minha mochila e eu a segurei.
– Roberta: Tu vai me deixar lá dentro?!? – Perguntei e ele assentiu com a cabeça – E se te reconhecerem?
– Geré: Eu meto bala – Disse em tom de zoação
– Roberta: Meu Deus, Rogério! Dá pra eu ir sozinha! É bem pertinho daqui pro portão! Eu peço pro tio Wagner me deixar na sala!
– Geré: Que mané "tio Wagner"! Tem eu aqui pra quê?!? Acordei cedo pra caralho pra só fazer metade da parada?!?
Eu abri a boca pra responder, mas ele já tava com a resposta na ponta da língua. Bati no portão quando o Geré se aproximou comigo no colo e o tio Wagner abriu. Dei bom dia a ele e fui mostrando o caminho da minha sala. Como não tinha ninguém no corredor, foi de boas, mas quando eu bati na porta da minha sala, que a professora de português abriu a porta...
– Paula: Minha Nossa Senhora, passe na minha frente e de todos que estão nessa sala, não deixe esse homem fazer nada de mal conosco! – Disse rápido, quando reconheceu o Geré
– Geré: Abaixa tua bolinha aí, ó, véia coroca! Tô na paz aqui, cumade! – Disse e entrou na sala comigo
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Do Asfalto pra Vida - 1/ Temporada ✨
FanfictionÉ incrível como a vida tem a capacidade de juntar e "desjuntar" as pessoas, né? Logo eu, que sempre odiei certas pessoas, hoje sou tão amiga delas, e vice-versa. Eu posso dizer uma coisa: nunca digam ter certeza de algo, como eu dizia até um ano atr...