– Roberta narrando –
Minhas aulas voltaram há dois meses e nisso eu voltei pro asfalto – nas férias fico no Alemão. A Vanessa, nova mulher do meu pai, é até legalzinha e faz umas comidas maravilhosas. Fico a semana aqui, e sábado e domingo vou pro Alemão, onde minha mãe mora desde que eu nasci. Conheço geral de lá e tenho como uma segunda de família grande parte da galera. Hoje é uma sexta, e embora eu vá pra lá aos sábados de manhã e volte nos domingos à noite, hoje eu vou mudar um pouco.– Roberta: PAAAAI, CHEGUEI – Gritei entrando em casa e fechando a porta
– Vanessa (esposa do meu pai): Seu pai saiu, Bel – Respondeu da cozinha
– Roberta: Ah sim. O almoço tá pronto?
– Vanessa: Tá sim. Tem strogonoff.Assenti com a cabeça, fui pro meu quarto, tomei banho, me troquei e fui pra cozinha. Almocei com a Vanessa e ela disse que meu pai tinha ido no escritório (ele é engenheiro). Fiquei um tempinho com ela e decidi ir pro Alemão logo hoje. Coloquei dinheiro e meu celular numa bolsa, avisei à Vanessa e a minha mãe (por celular) e sai do condomínio. Quando cheguei na portaria, meu pai tava entrando. Revirei os olhos, pois ele sempre reclama quando saio enquanto ele não tá em casa.
– Wallace: Vai pra onde, mocinha?
– Roberta: Pro Alemão. Tá chatão aqui.
– Wallace: Já avisou sua mãe e á Vanessa? – Assenti com a cabeça – E você vai voltar que horas pra eu ir te buscar?
– Roberta: Domingo de noite, né.
– Wallace: Beleza. Cuidado, ein? Com a língua, principalmente! – Interrompi ele
– Roberta: O que o senhor quer dizer com isso? Que eu sou briguenta? – Disse em tom marrento, encarando-o com os olhos semicerrados
– Wallace: Exatamente isso! Papai te ama, minha mocinha – Disse e me abraçou com uma mão, pois com a outra estava segurando a maleta
– Roberta: Também amo você – Disse e dei um beijo na bochecha deleSaí do condomínio e fui pro ponto de ônibus. Em menos de 10min veio um ônibus que passa no Alemão e eu subi. Cheguei uns 30min depois e desci longe pra caralho, como sempre. Fui subindo o morro e não encontrei ninguém pra me levar até minha casa e fui resmungando baixo até a boca. Cheguei lá e dei um toque de mão em geral que tava lá, até nos viciados. Novidade: mês passado, virei fiel do RGR – ou "Geré". É a mesma coisa de antes, porque eu sou fiel, não esposa nem namorada, né, gente? Fiel é quem esconde as armas dos traficantes em casa por não ter envolvimento direto com o tráfico.
– Pequeno: E aí, índia! – Disse enquanto eu dava um toque de mão nele
– Roberta: Cadê o RGR?
– Pajé: Tá lá na casa da tia Lia!
– Roberta: Tu me leva lá? Vim andando esse morro todinho, tô morta de cansaço.
– Douglas: Isso porque tem dezesete anos de Alemão e eu tenho só seis meses – Disse entrando na boca, imitando ligeiramente minha voz – E aí, Bel – Disse e deu um toque de mão em mim
– Roberta: Tu num perde uma, né, viado? – Disse encarando ele – Vou indo, té mais, galera! – Disse pra geralConheci o Dog há uns meses atrás e de começo a gente vivia discutindo, mas agora até que paramos um poucos, mas ainda sim tiramos onda um com a cara do outro quando nos vimos. Também já fudi com ele, no mesmo dia que o conheci, e porra, o moleque é mó delicinha, mas é muito infantil, assim posso dizer. Subi na 1100 com o Pajé e fomos pra casa da tia Lia. O nome "tia" não é porque ela é véia ou porque ela é tia de alguém, mas sim porque ela guarda uma parte do dinheiro na casa dela, assim como mais quatro tias. Chegando lá, desci da 1100, agradeci ao Pajé e bati na porta da casa da Lia e logo escutei ela mandando entrar seja quem fosse, e eu entrei. Perguntei pelo RGR e ela disse onde ele tava. Assenti com a cabeça e fui. Chegando lá, ele tava contando o dinheiro com o Naldo e eu falei com os dois e dei um selinho no RGR, que me sentou em uma perna dele. Fiquei olhando ele e o Naldo contando o dinheiro e como não sei ficar quieta, fui contar também. Após alguns minutos terminamos e tinha 10 maços de dinheiro, cada um com 1.000 reais, então tinha 10 mil reais. Colocamos em uma sacola preta, difícil de rasgar, e lacramos. O RGR escondeu lá em algum lugar do quartinho que só o Naldo viu – ele é responsável pelas finanças – e saímos da casa da Lia. Eles, antes de eu chegar, já tinham ido na casa de duas outras tias, essa foi a terceira, então fomos na casa de mais duas tias. Ajudei a contar o dinheiro, mas não pude ver onde eles esconderam. Fiquei bolada mas não falei nada. Dia de sexta é dia de organizar as finanças, e a segunda parte é o dinheiro que fica escondido na casa das tias, que nem elas mesmo sabem onde estão. De 3 em 3 meses as tias são mudadas. Vai que uma dá a língua nos dentes, né? Se bem que elas não podem falar pra ninguém que estão com o dinheiro. A primeira parte é ir nas casas de endolação, onde as drogas são embaladas pra venda, e isso eles já tinham feito. A terceira parte, que eu também ajudei a fazer foi contar o dinheiro que entrou e saiu desde sexta passada, e a quarta e última parte, foi pagar os olheiros e os vapores, que diferente dos outros cargos, são pagos semanalmente. Depois de tudo eu fui pra mansão com o RGR. Entrei em casa abraçando ele por trás e beijando as costas dele.
– Roberta: Por que eu não posso ver onde você esconde o dinheiro na casa das tias? – Perguntei me jogando na cama
– Rogério: Porque isso é coisa minha e do Naldo – Respondeu enquanto tirava a camisa e os ouros
– Roberta: E tu num diz que confia em mim? Por que não posso saber? – Disse sorrindo safada, mexendo no cinto dele
– Rogério: Quando tu for minha esposa e não minha fiel, tu vai saber de tudo – Disse sorrindo safado também, alisando meu queixo
– Roberta: Que casar o que! – Disse rindoEle riu, me deitou na cama, deitou sobre mim e começamos a nos beijar. Só ficamos nessa estaca mesmo, porque eu estava totalmente com preguiça de transar. Deitei minha cabeça no ombro do Rogério e peguei na mão dele. Fiquei alisando os espaços entre o cabelo dele.
– Roberta: Tu já pensou em namorar sério e casar?
– Geré: E tu quer casar comigo é? – Perguntou cínico e eu respondi balançando a cabeca negativamente – Indiazinha, pior que já pensei, tá ligado? Mas aconteceu umas parada aí entre eu e a mina que eu era amarradão mermo, tinha coragem pra casar e tudo, aí eu não consigo ter mais isso com nenhuma mina mais.
– Roberta: O que aconteceu entre vocês?
– Geré: Aí tu quer saber de mais... – Disse rindo – Faz tempo pra caralho, pô. Eu tinha a idade do Dog, se pa.
– Roberta: Fala o que aconteceu, pô! Tu sabe que eu não sou de espalhar segredo de ninguém, e tu sabe cada segredo meu, que seria bem pior tu me queimar do que eu queimar tu.
– Geré: Ela me chifrou com o patrão, porque eu era vapor ainda, aí eu não tinha tanta grana, morô? – Disse depois que eu virei pra ele e olhei-o nos olhos
– Roberta: Ah sim, tô ligada... E tu fez algo com ela?
– Geré: Matei...! – Disse e riu
– Roberta: Nossa, ein? – Disse rindo também – E o patrão não fez nada com ela?
– Geré: A gente pegou ela dando o bote na casa de uma tia, porque o chefe na época tinha deixado ela ver onde ele guardou o dinheiro, por isso que eu num deixo ninguém olhar, tá ligado? Só o Naldo memo que sabe onde os dinheiro tá.
– Roberta: Agora faz sentido tu num deixar eu ver! Mas ainda fico bolada porque tu tá ligado que eu nunca iria fazer isso.
– Geré: Eu boto fé em tu pra isso, mas é do meu jeito, tá ligado? Na hora bloqueia. O Naldo eu conheço ele desde que ele era contador do outro chefe, mas quando chegar a hora de escolher outro contador...Assento com a cabeça e fiquei deitada no peito dele, com ele mexendo no meu cabelo e apertando minha cintura. Ele até tentou fazer eu dar pra ele, mas mexeu no meu cabelo, eu durmo, e não demorou nadinha pra isso.
– Geré narrando –
Mês passado, botei a Indiazinha como minha fiel, porque eu confio pra caralho nela, ela nunca pisou na bola comigo, e a outra mina que eu botei como fiel tava falando pra geral de fora do morro que escondia as armas daqui na casa dela. Quebrei ela e botei a Indiazinha como fiel e nisso me aproximei mais ainda dela. Ela é carinhosa pra caralho, às vezes chega a ser grudenta, mas ela se liga fácil nas coisas então eu não preciso nem falar nada quando ela tá assim. Hoje memo ela fez umas correrias comigo e com o Naldo, o contador, e depois levei ela pra mansão. Ficamo conversando e ela dormiu depois e eu fiquei mexendo no cabelo dela e pensando no que a gente tava falando. Eu falei pra ela o porquê de eu não deixar ela saber onde eu escondo o dinheiro na casa das tias, que era o mesmo porquê de eu não conseguir ter uma parada séria com alguém. Eu até queria ter uma mina de fé, tá ligado?, mas não consigo não, é tanto tempo na cachorrada que eu já tô nela e ela em mim! Nunca encontrei uma mina memo que conseguiu me domar e digamos que eu num gostaria de nenhuma mina querendo mandar em mim e que num me obedecesse, então deixa quieto.
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Do Asfalto pra Vida - 1/ Temporada ✨
FanfictionÉ incrível como a vida tem a capacidade de juntar e "desjuntar" as pessoas, né? Logo eu, que sempre odiei certas pessoas, hoje sou tão amiga delas, e vice-versa. Eu posso dizer uma coisa: nunca digam ter certeza de algo, como eu dizia até um ano atr...