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Dulce

A primeira coisa que senti quando acordei foi uma dor aguda em minha cabeça. Era como se alguém estivesse tentando enfiar um prego em meu cérebro.

Quando pensei em me espreguiçar, senti minha mão sendo segurada por alguém e quando olhei para o lado, meus olhos encontraram o rosto de Daniel, que estava sentado no chão e com a cabeça encostada na cama dormindo.

Ele passou a noite toda ao meu lado, segurando a minha mão e pensar nisso me fez sorrir. Mas quando lembrei de como se encontrava a nossa situação atual, esse sorriso morreu e eu fui tomada por um sentimento de tristeza.

Lembrei-me do que falei na noite anterior e logo me arrependi. Como eu tive a coragem de oferecer-me para ele depois de tudo? Sim, eu o amava, mas custava aceitar que isso nunca daria certo? Por que o meu amor por ele tinha que ser maior do que a mágoa que eu sentia?

Ergui minha mão até seu rosto e o toquei com as pontas dos meus dedos por sua face, passando por sua testa, bochecha e finalmente, os seus lábios. Eu poderia olhar para ele o dia inteiro.

Daniel começou a resmungar e finalmente abriu os olhos, ainda um pouco atordoado e sem entender onde estava. Quando ele parou seu olhar em mim, seu rosto se tranquilizou e ele sorriu de lado.

— Olá. — falou.

— Bom dia. — respondi.

— Dia? — ficou sério e olhou pela janela onde o sol entrava. — Não era para eu ter dormido! — colocou a mão sobre a testa.

— Mesmo assim, agradeço por ter ficado ao meu lado. — ao sentar, eu senti o meu estômago embrulhar e coloquei a mão sobre a boca.

— Aqui. — ele me entregou um balde, mas eu neguei com a mão, sentindo o enjôo cessar. — Sua mãe deve estar preocupada.

— Nem imagino as coisas que irei ouvir quando chegar em casa. — revirei os olhos.

— Eu preciso voltar ao castelo, tenho que trabalhar. — ficou de pé.

— Vocês acordaram! — Angelique disse, entrando pela porta da frente e carregando uma cesta de pães. — Acabei de passar na padaria. Vocês querem café?

— Eu adoraria, Angelique, mas preciso ir. — Daniel falou. Ouvimos algumas batidas na porta e quando Angelique atendeu, era o Edgar.

— Como vai, raio de sol? — Edgar perguntou para ela e logo em seguida, lhe deu um beijo.

— Vou muito bem. — ela sorriu.

— Vim chamar o Daniel. Tem uma pessoa que está furiosa por você ter passado a noite fora. — ele até tentou esconder, mas eu sabia que estava falando da noiva de Daniel e foi impossível esconder o meu desconforto.

— Eu já estava de saída. — Daniel falou. — Tenham um bom dia, garotas. E Dulce, não faz bem beber tanto. — sorriu gentilmente e eu retribuí o sorriso.

Eles se retiraram e Angelique veio até mim, oferecendo-me um dos pães que havia comprado. Eu neguei com a cabeça rejeitando a ideia de ingerir qualquer coisa sólida.

— Precisa alimentar-se. — ela disse.

— Se eu comer, vou vomitar.

— Talvez o seu corpo precise livrar-se de tudo o que bebeu ontem. — fiz uma careta. — Come. — colocou o pão em minha mão. — No que estava pensando quando resolveu beber tanto?

— Faz pouquíssimo tempo que experimentei cerveja pela primeira vez, ainda não conheço os meus limites.

— E você estava bebendo com quem?

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