42 - Final

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Dulce

— Mexeu de novo! — Christopher declarou animado enquanto mantinha um de seus ouvidos em minha barriga. — Parece que teremos uma criança bem agitada! — ele olhou para mim. — Sente que já está chegando a hora?

— Olha, eu estou bem desconfortável carregando essa melancia. — ri. — Já faz uma semana que cheguei ao último mês, o bebê pode vir a qualquer momento.

— Está ansiosa?

— Sim e com um pouco de medo, eu confesso. Partos são bem complicados e dolorosos.

— Tenho certeza que tudo vai ficar bem. — sorriu para mim.

— Eu estou morrendo de vontade de comer uma maçã agora, será que você poderia pedir para alguém trazer?

— Eu mesmo pego. — ele saiu da cama e ficou de pé. — Já volto e lembre-se: nada de levantar, mocinha.

— Pode deixar.

Quando Christopher saiu pela porta e me deixou sozinha, eu fiz um pequeno esforço para sair da cama e ficar de pé. Desde que completei o último mês, venho sentindo um enorme desconforto em meu quadril, quase como se estivesse entalada. Devido a isso, o médico pediu para que eu repousasse até o momento do nascimento. Essa era a primeira vez que eu saía da cama sem nenhuma ajuda.

Fui até a varanda e observei o céu do meio da tarde, claro e azul, com poucas nuvens. Soltei um longo suspiro, apoiando minhas mãos em minha barriga. Comecei a cantarolar comigo mesma e de repente, senti uma leve pontada em minhas costas.

— Nossa... — resmunguei. — Acho que eu não deveria ter ficado de pé. — comecei a retornar para a cama.

Antes que eu pudesse pensar em me sentar, um líquido escorreu por minhas pernas. Fiquei paralisada sem saber se deveria gritar ou esperar que alguém aparecesse. Eu só fiquei estática olhando para a poça de água sob os meus pés.

— Aqui está a sua maçã. — Christopher disse ao entrar. — Amor? Você se urinou? — franziu a testa olhando para o chão.

— O que? — não pude deixar de rir. — Não, a minha bolsa estourou!

— Meu Deus! — arregalou os olhos. — Muito bem, sem pânico! — ele veio até mim. — Deite-se, eu vou mandar alguém chamar o médico. — deitei encostando-me contra a cabeceira da cama. — Está doendo?

— Na verdade, não. Só senti uma leve dor nas costas, mas já passou. Acho que demora um pouco até que eu comece a sentir contrações.

— Mesmo assim, já vou mandar que chamem alguém. — eu assenti. — Meu Deus, eu vou ser pai! — sorriu.

— Vamos fazer isso. — segurei sua mão e sorri também.

Ele correu até o corredor, começando a gritar por Faustus. Christopher demorou mais do que eu gostaria para retornar e eu entrei em desespero quando as contrações finalmente começaram. Elas não eram tão fortes, pareciam cólicas comuns, mas eu sabia que logo aumentariam.

E quando Christopher finamente retornou, estava acompanhado por Maitê, o que me causou uma enorme confusão.

— O médico está em outro reino justo hoje! — Christopher reclamou. — Mas adivinha quem tem um histórico de parteira? Nossa boa amiga Maitê!

— É sério? — perguntei.

— Quando as meretrizes do bordel ficavam grávidas, nós mesmas tínhamos que realizar os partos. Não se preocupe, eu sei o que fazer.

— Sendo assim tudo... au... — fiz uma careta por sentir a dor aumentar.

— Melhor sermos rápidos! — Maitê se pôs entre minhas pernas.

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