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Dulce

Edgar me tirou da cozinha às pressas e levou-me até um corredor vazio, para onde ninguém mais estava indo. Ele não me explicou nada e apenas pediu que eu não saísse dali e o aguardasse por alguns instantes, logo depois disso, ele se foi.

Poucos minutos depois, Daniel apareceu. Seu rosto iluminou-se ao olhar para mim e eu poderia imaginar que eu estava da mesma forma.

— Era você quem queria me ver? — perguntei.

— Sim. Eu preciso falar com você. — ele disse.

— Estou aqui, pode dizer o que quiser. — meu coração já palpitava rapidamente e eu tinha esperanças de que esse fosse um encontro com boas notícias.

— Queria poder me despedir devidamente de você. — e o sorriso curto que eu carregava se desfez. — Quando você descobriu que eu iria me casar, ficamos tão abalados que foi impossível ter um final digno. Eu queria poder dizer adeus tendo a certeza que não existem mais mágoas entre nós.

— Confesso que eu achei que isso não fosse acabar. — desviei o olhar. — Você me pegou de surpresa.

— Você sabe que não podemos mais ficar juntos. — relutante, eu assenti devagar. — Posso te dar um último abraço?

— Não. — ele me olhou desapontado. — Você pode me dar um último beijo. — Daniel arqueou as sobrancelhas em surpresa. — Eu sei que isso pode ser inadequado, mas eu preciso de um último beijo antes que eu aceite que não haverão outros.

Ele aproximou-se de mim e eu escorreguei minha mão para dentro da sua, olhando atentamente para os seus olhos, sentindo toda a energia que nos cercava ficar ainda mais intensa.

Daniel aproximou seu rosto do meu e num toque macio e singelo, beijou-me da melhor forma que sabia fazer. Usando seus braços para envolver o meu corpo, ele mergulhou naquele beijo sem medo, com todo o vigor que havia em si.

Eu usei minhas mãos para tatear a sua face, segurando o seu rosto de forma que eu pudesse senti-lo mais de perto, me causando arrepios indescritíveis.

Quando nossas bocas afastaram-se, eu senti algo pesar em mim. Aquele foi o último beijo e eu ainda não me sentia satisfeita. Nem todo o tempo do mundo o beijando seria o suficiente para que eu conseguisse dizer adeus.

— Então, acho que é isso. — ele disse, com um semblante triste. — Você vai ficar bem?

— Por hora, não muito. — suspirei pesadamente. — Mas eu prometo que vou tentar. Nós dois tivemos bons momentos juntos e eu vou fazer com que essas boas lembranças me tragam apenas bons sentimentos.

— Eu preciso que você fique bem. — segurou minhas mãos. — Eu a amo mais do que já amei qualquer outra mulher.

— Eu também o amo e também preciso que fique bem. — pousei minha mão sobre o seu rosto. — Será difícil não tê-lo comigo.

— Dulce, você me perdoou?

— Sim. — sorri fraco. — Não guardo mais aquela mágoa.

— Obrigado. — sorriu de lado.

— Daniel? — Edgar retornou. — Precisa ir agora.

— Adeus, Dulce. — abraçou-me, enterrando seu rosto em meus cabelos.

— Adeus, Daniel. — sorrimos um para o outro uma última vez, então ele deu as costas e saiu.

— Você está bem? — Edgar me perguntou.

— Por incrível que pareça, sim. Foi como tirar um peso das minhas costas. Eu sentirei muita falta dele, mas entendo que isso não possa mais acontecer.

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