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Christopher

Quando retornei ao castelo, assim que a carruagem parou em frente aos portões, eu avistei um dos padres da igreja saindo de lá. Aflorando a minha curiosidade, eu fui diretamente até ele.

— Padre?

— Majestade! — curvou-se. — Não pude assistir à queima da bruxa, mas tive uma boa conversa com a rainha. — sorriu.

— A rainha? Falou com a Eliza? — ele assentiu. — Padre, não sei se está sabendo, mas Eliza não deve receber visitas. Quem o deixou entrar?

— Faustus, o conselheiro. Ele disse que a rainha precisava confessar-se. Ela está tão triste, pobrezinha. — mirou o chão.

— Bem, obrigado pela sua paciência, padre.

— Foi um prazer, majestade. — curvou-se mais uma vez antes de afastar-se para ir embora.

Entrei no castelo já com o sangue fervendo de raiva. Por mais que eu tivesse tornado a desobediência à mim um crime de traição, ainda conseguiam arrumar brechas.

— FAUSTUS!!! — gritei ao vê-lo no corredor. — Posso saber qual o grande motivo que o fez permitir que Eliza receba visitas? — perguntei com raiva.

— Majestade, a rainha insistiu para se confessar e pediu para que a Maitê nos avisasse. Achei que não houvesse problema em receber um sacerdote. — sua voz estava trêmula, transparecendo bem o seu medo.

— Quando eu disse que ela não deve receber ninguém, é porque NÃO DEVE RECEBER NINGUÉM!! — berrei, fazendo minha voz ecoar pelo castelo. — Não me interessa o interesse dela em ter seus pecados perdoados!

— Sinto muito pelo meu erro, majestade. — curvou-se. — Garanto-lhe que nada parecido irá se repetir.

— Acho bom. — afastei-me dele, indo em direção aos aposentos de Eliza.

Assim que os guardas me viram, abriram as portas e eu entrei, avistando minha esposa a bordar flores em um tecido branco. Ela levantou o olhar para mim e pareceu um tanto quanto surpresa por me ver, levando em consideração que eu não entrava naquele cômodo desde que a tranquei.

— A que devo a honra? — ironizou.

— O que falou com o padre? — fiquei sério.

— Não posso lhe contar meus pecados, meu marido. — falou com tranquilidade.

— Espera que eu acredite que chamou o padre apenas para isso? Está desesperada para sair daqui.

— Devo presumir que tenha conversado com o padre. Bem, sacerdotes não mentem. — deu de ombros, despreocupada. — E eu não estou desesperada para sair daqui, só estou aborrecida pelo meu marido não querer me ver. O que pensa que eu sou? Um enfeite para o seu trono?

— Sim. — fui direto e ela arqueou as sobrancelhas.

— Eu não vou desistir de me aproximar de você. Passaremos o resto de nossas vidas juntos, temos que no mínimo tentar. — ela ficou de pé e aproximou-se. — Não entendo porque não se sente atraído por mim. — dizendo isso, ela entornou seus braços por meus ombros e beijou o meu pescoço.

— Não adianta.

— Ei, você está com cheiro de... — respirou fundo. — Pão barato. — Eliza deu um passo para trás e me olhou com desconfiança. — Esteve na aldeia?

— No que isso importa?

Ela começou a me olhar de cima a baixo, como se me analisasse minuciosamente. E então, parou seus olhos nos botões da minha camisa, chegou mais perto, ergueu seus dedos e dali ela tirou um fio de cabelo castanho claro.

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