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Christopher

Passei o dia tendo aulas do meu pai e seus conselheiros sobre a regência do reino e como todas as coisas funcionavam. Desde os meus dez anos de idade, sempre me eram passadas as devidas instruções, mas agora, com a recente previsão da morte de meu pai, todo esse ensinamento era bem mais centrado.

— Acho que por hoje já está bom. — meu pai disse. — Deixem as anotações nos aposentos do Christopher. — ordenou para os conselheiros, depois fez sinal para que se retirassem. — Daqui a cinco dias eu partirei em uma viagem. Haverá um baile de casamento real num reino vizinho, fui convidado...

— Eu não quero ir. — falei antes que ele pedisse.

— Filho, eles precisam conhecer o novo rei.

— Conhecerão quando ele subir ao trono. — comecei a me afastar. — Tenho que treinar com o Edgar agora.

Falar com o meu pai sobre a minha subida ao trono era o mesmo que aceitar que a sua morte estava prestes a acontecer. Eu não queria aceitar, não queria acreditar em previsões feitas por um ser humano comum. Por mais que a igreja aceitasse a misticidade dos profetas, eu me mantinha um pouco cético e preferia evitar assuntos que me causassem incômodo.

Peguei minha espada e fui até a arena de treinamento. Edgar ainda não estava lá, então eu comecei alguns movimentos sozinho. Sinceramente, ele estava demorando mais do que a minha paciência aguentava esperar.

— Grande Christopher! — ele disse entrando, com sua espada na bainha.

— Onde estava? — perguntei irritado. — Detesto ter que esperar!

— Calma, alteza. — ergueu as mãos. — Que mal humor é esse? Você nunca fala comigo em tom de ordem.

— É o meu pai e essa ideia de que está prestes a morrer! Isso está me estressando!

— Qual a melhor maneira de relaxar? — ele retirou sua espada da bainha. — A propósito, demorei porque fui na aldeia comprar tecidos para vestes mais formais. Vou acompanhar a guarda de seu pai numa viagem.

— Ele queria que eu fosse para me apresentar como futuro rei de Seráfia. O homen está praticamente fechando o próprio caixão!

— Relaxa um pouco, tudo isso vai ser temporário. Eu também não acredito muito em profetas. — eu assenti. — Ah, antes que eu me esqueça, a Dulce te mandou um "oi"... Daniel. — fiquei em silêncio, sem saber o que dizer. Minha primeira reação foi rir. — Por que diabos está mentindo para uma camponesa? — ele riu junto comigo.

— Eu a conheci e a cortejei, não queria dizer que eu era o príncipe e deixá-la com receio de falar comigo.

— E o que vai fazer? Desvirginar a coitada e depois nunca mais aparecer?

— Eu não vou fazer isso! — me senti ofendido. — O que está pensando que eu sou?

— Um homem que está noivo de uma mulher e mente para cortejar outra. — deu risada e eu fiquei em silêncio. — Mas eu não o culpo. Dulce é mesmo graciosa!

— Nem pense em tocar nela. — avisei.

— Não vou fazer nada que ela não queira. — deu de ombros.

— Edgar...

— Christopher, Dulce não é sua propriedade. Se não pretende quebrar o coração dela, nem deveria ter dado o primeiro "oi".

— Vamos lutar. — mudei de assunto.

Descarreguei toda a minha frustração na espada, dando meus melhores golpes com precisão. Confesso que devido ao meu estado emocional, às vezes eu ia com muita sede ao pote e acabava sendo rendido por Edgar. Isso aconteceu três vezes e na quarta, quando a minha espada caiu da minha mão, Edgar colocou as mãos na cintura e balançou a cabeça negativamente.

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