Seráfia

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Dulce

Os minutos se arrastavam, eu não aguentava mais estar enfiada dentro daquele enorme vestido com aquele número exagerado de anáguas. Mesmo tendo costurado por conta própria, fui obrigada a seguir as instruções de como deveria ser o vestido de noiva de uma mulher da realeza. Bem, se as exigências incluíam calor, desconforto e um exagero bufante, eu estava completa.

Duas serviçais usavam leques para me manter fresca, enquanto uma outra penteava os meus cabelos, que já estavam um pouco mais crescidos, passando um dedo ou dois dos meus ombros. Em meu pescoço, havia um colar de prata, com detalhes preenchidos por pérolas. A única coisa que faltava era o meu véu, que eu insisti que fosse curto e com um material leve.

— Perfeita. — Angelique disse em aprovação, olhando-me de cima a baixo. — Mal posso esperar para vê-la naquele altar!

— Nem me fale. — sorri de lado, soltando um suspiro. — Obrigada por ter ajudado com o vestido. Eu jamais terminaria a tempo sem você.

— Está brincando? Costurar o vestido de noiva da futura rainha? Acha mesmo que eu não aceitaria na hora? — riu. — Eu te amo, Dulce e fico muito feliz que você finalmente tenha conseguido ficar em paz com a pessoa que ama.

— Eu também te amo. — nos abraçamos.

— Dulce? Já está na hora! — Edgar disse ao aparecer na porta de entrada de meus aposentos.

— Já estou indo. — respondi.

— Amor? — ele estendeu a mão na direção de Angelique.

— Só mais uma coisa. — Angelique pegou o meu véu que estava sobre a cama e o colocou sobre a minha cabeça. — Agora sim. — eu assenti positivamente para ela.

Angelique e Edgar saíram de mãos dadas, em direção ao salão de festas onde a cerimônia seria realizada. E depois de pegar o meu buquê de flores, fui seguida por duas das serviçais, que carregaram a cauda do meu vestido.

Parei em frente à porta de entrada do salão de festas, onde dois guardas esperavam o meu sinal positivo para abrir as portas e começarmos a tão esperada cerimônia. E enquanto eu respirava fundo para acalmar o meu nervosismo, um milhão de coisas se passavam em minha cabeça.

Uma breve lembrança de quando eu era criança se fez presente. Eu estava brincando com a Angelique enquanto a minha mãe costurava. Enrolei-me num tecido branco, fingindo ser uma noiva. Para mim, casamentos sempre foram espetáculos e o meu maior sonho era poder me casar, eu só não imaginava que o meu casamento seria um evento que o reino inteiro aguardaria ansiosamente.

Sempre achei que fosse me casar com um aldeão trabalhador, com uma vida humilde, cuja única riqueza era a sua bondade. Eu não tinha uma grande ambição quando pensava no meu conto de fadas particular, eu achava que seria feliz tendo o pouco que a vida sempre me proporcionou e que estava tudo bem.

E cá estou eu, usando os tecidos mais caros que já imaginei, com joias que poderiam comprar a aldeia inteira onde eu morava, flores tão bem cultivadas que certamente receberam bem mais limpeza do que as ruas onde pisei com meus pés descalços enquanto brincava em frente à minha humilde casinha. Tudo era irreal demais.

— Queria que a minha mãe estivesse aqui. — sussurrei para mim mesma, olhado o buquê que eu carregava. — Podem abrir, eu estou pronta. — ergui minha cabeça e estampei um sorriso sincero no rosto.

As portas foram abertas e eu vi todos ficarem de pé lá dentro, olhando diretamente para mim. À minha espera na porta, estava Christian, que ofereceu seu braço para me levar até o altar. Enlacei meu braço ao dele e olhei para a frente, para a pessoa mais importante daquele lugar.