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Dulce

Tudo parecia estar indo bem. Eu estava feliz, as pessoas que eu amava estavam bem e até o momento, nenhum grande problema consumia a minha mente. A ideia de ser amante de Christopher não me parecia mais um problema, por mais que provavelmente fosse.

Nós passamos a nos encontrar todos dias. Às vezes no bosque, perto do rio ou na caverna, outras vezes, na venda de tecidos, quando eu tinha a sorte de estar trabalhando sozinha.

Nem meus amigos, nem minha mãe faziam ideia de que eu estava me encontrando com Christopher e eu preferia que tudo continuasse assim, sem ninguém para palpitar sobre o meu amor.

E no final de mais uma tarde com ele, depois que ele me deixou próximo da aldeia e eu dei as costas para ir embora, Christopher me puxou pelo braço e colou nossos lábios, num beijo de alguns segundos.

— Aqui, para você. — de um de seus bolsos, ele tirou uma pulseira prateada, com algumas pedras cravadas nela.

— Christopher... — mostrei-me um pouco incomodada. — Não quero que comece a me dar presentes. Isso não é um jogo de interesses.

— Nunca achei que fosse. Olha só! — ele colocou a pulseira em meu pulso. — Estou te presenteando porque te amo e quero que tenha coisas tão bonitas e preciosas quanto você. — sorriu acariciando o meu rosto.

— Eu também te amo. — sorri de lado. — Obrigada pelo presente, eu adorei.

— Te vejo amanhã?

— Sim. — assenti. Toquei seu rosto sutilmente e lhe dei um beijo de despedida.

Christopher me observou caminhar até que eu estivesse perto o suficiente da aldeia. Logo depois, montou em seu cavalo e cavalgou bosque a dentro.

Chegando próximo da minha casa, avistei Ronald saindo de lá. Seu carrinho de mão estava na entrada e ele se preparou para partir.

— Ronald?

— Dulce. — disse sério. Não havíamos nos falado desde que ele descobriu sobre mim e Christopher.

— O que fazia aqui?

— Sua mãe comprou um pouco de lenha e eu vim entregar. — explicou. — Chega de lenha grátis para você, Dulce. — provocou.

— Eu nunca te pedi para que me desse gratuitamente. — revirei os olhos.

— Estava com o seu amante?

— Ah, com licença! — bufei, o empurrando com o ombro quando passei por ele.

— Só fiz uma pergunta, mal humorada!

— Limite-se ao que é da sua conta! — debochei. Ronald pareceu ficar bravo e evitando de ouvir mais um de seus comentários desagradáveis, eu abri a porta de casa e entrei.

Minha mãe estava ajeitando a lenha que já estava acesa, com uma panela de sopa fervilhando sobre ela. O cheiro estava muito bom, me lembrando de uma fome que até então eu não havia sentido.

— O Ronald me disse que vocês não estão mais se falando. — minha mãe cruzou os braços me encarando e eu logo imaginei que ele havia contado tudo para ela.

— Disse? — cocei meu braço esquerdo e desviei o olhar.

— Sim, mas não quis me contar o motivo. Diga-me, o que aconteceu? — suspirei em alívio e logo tratei de pensar em alguma coisa.

— Mamãe, a senhora sabe que o Ronald não desiste de tentar me conquistar. Pois bem, eu me cansei disso e resolvi me afastar de vez.

— Tem certeza que essa foi a melhor escolha? Ele é um bom homem.

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