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Dulce

Meu mundo parou num segundo que pareceu uma hora. Foi como se tudo à minha volta tivesse sido congelado, inclusive o meu corpo, deixando apenas a minha mente barulhenta gritando dentro da minha cabeça. Eu me sentia apavorada com as palavras que Maitê havia proferido e pedia aos céus que aquilo não tivesse passado de um mal entendido.

O barulho das pessoas ao meu redor ficou longe, como apenas um ruído. Eu mal conseguia entender o que Daniel dizia para a Maitê. Talvez algo sobre como deveria ser ele a me explicar a verdade.

Daniel segurou minha mão e me guiou para dentro da igreja, longe daquela multidão e de todo o barulho que faziam.

Sentamos em um dos bancos, ele segurou a minha mão e olhou-me atentamente.

— Eu não sei por onde começar. — ele me olhava como se estivesse envergonhado. — Tudo o que a Maitê disse é verdade. — admitiu. — Meu pai fez um pacto com outra família e eu tenho que me casar com outra mulher. — minha respiração ficou descompassada e eu podia sentir minha garganta se fechando. — Dulce, você está bem? — ele tentou tocar a minha face, mas eu me afastei.

— Por que me pediu em casamento? — perguntei sem olhar para o seu rosto.

— Desculpe-me se entendeu mal, mas eu não a pedi em casamento. — disse sem jeito.

— Então, você estava só me usando? — senti as primeiras lágrimas inundarem meus olhos.

— Não! Eu amo você, jamais a trataria como uma diversão ou algo do tipo. Eu sonho com você todas as noites, é o amor da minha vida. — me encarou. — Eu queria mesmo me casar com você, eu detesto a ideia de ter que me casar com alguém que não amo.

— Então, não se case. — minha voz começou a ficar embargada. — Não faça isso comigo.

— Eu sinto muito... — mirou o chão. — Eu queria poder fazer alguma coisa, mas não posso quebrar esse pacto.

— Meu Deus... — comecei a soluçar, sentido a dor rasgar meu coração como se estivesse abrindo um buraco fundo e frio. — Quando me conheceu, você já sabia que se casaria com outra? — o seu silêncio e o nervosismo aparente responderam essa pergunta. — Por que fez isso comigo? Por que aproximou-se de mim?

— Foi mais forte do que eu. Quando eu te vi pela primeira vez, não pensei em mais nada. Eu só queria conhecê-la, saber o seu nome, ouvir a sua voz. — suspirou. — Eu só pensei em mim. — Daniel parecia triste e as lágrimas já tomavam conta de seus olhos. — Eu entendo que deve estar com muita raiva de mim e que não irá querer me ver mais. Eu prometo ficar longe de você.

— Eu não estou com raiva, eu estou triste e querendo entender o porquê de tudo isso estar se passando assim. Por que Deus o colocaria em minha vida se você não seria meu? — olhei diretamente para o altar. — Eu não sou mais virgem... — dei-me conta daquilo e me senti extremamente culpada. — Tem noção do que fez comigo, com o meu corpo?

— Eu sei e estou arrependido. — pousou sua mão sobre o meu ombro. — Dulce, o que você precisar de mim, eu vou te dar. Quero ampara-la por todo mal que lhe causei.

— Você não pode restaurar a minha virgindade.

— Eu sei. Só Deus sabe o quanto estou me sentindo destruído. Eu machuquei você e agora quero morrer por isso.

— O que as pessoas vão dizer? Quem vai querer se casar comigo agora? Eu sou suja! — cobri meu rosto com as mãos.

— Ninguém tem que saber sobre isso, Dulce. E espere que o homem que for se casar com você te ame de verdade a ponto de não dar a mínima para o seu passado.

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