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Dulce

Era a primeira vez em muito tempo que eu tinha uma noite inteira de descanso. E era a primeira vez que eu acordava pela manhã me sentindo em paz e segurança.

Esfreguei meus olhos e me deparei com uma mesa de café da manhã enorme ao lado da cama, sendo finalizada por Maitê. Sentei na cama cobrindo o meu corpo com o lençol e sorri a observando.

— Você acordou! Christopher me pediu para preparar um café especial para você. — ela disse gentilmente.

— May, que saudade que eu senti de você!

— Eu também! — ela veio até mim e me deu um abraço de poucos segundos. — Adorei o que fez com o cabelo! — tocou uma de minhas mechas com os dedos. — E adorei mais ainda o que fez no reino. Sinceramente, o meu sonho era ver a cabeça da rainha numa estaca, mas você fez muito melhor a queimando.

— Sabe o que é estranho? É bom ver que talvez eu tenha feito algo bom para o reino me livrando de uma tirana, mas eu achei que me sentiria melhor. Achei que a morte da minha mãe iria ficar menos dolorosa se eu acabasse com a Eliza.

— A vingança é doce no início, te faz sentir poderosa e justiçada. Mas depois que todo o calor do momento passa, você vê que independentemente de ter se vingado, isso não trouxe o que você perdeu de volta. É um sentimento frustrante.

— Vejo que continua tão sábia quanto eu me lembrava. — sorri fraco.

— Christopher pediu que eu escolhesse um dos vestidos que a princesa Anahi deixou antes de ir embora. Eu acho que este irá ficar perfeito em você. — sobre a cama, ela colocou um vestido verde com detalhes em dourado.

— Por que ele quer que eu use isso? Irei voltar ao acampamento.

— Ele quer que você fique por mais um tempo.

— É um teimoso mesmo! — neguei com a cabeça. — Vou usar as minhas próprias roupas, mas obrigada, Maitê.

— Tudo bem, mas ele pediu para que o encontre no campo de treinamento de arco e flecha depois que você comer.

— Eu irei.

Aproveitei muito bem aquele banquete tão refinado. Fazia muito tempo que eu não provava uma refeição com tantos pratos diferentes. No acampamento, nós éramos mais práticas. Comíamos coisas que não precisavam ou não demoravam a cozinhar, todas as tarefas sempre eram feitas com rapidez e agilidade.

Quando me senti devidamente satisfeita, calcei minhas botas, coloquei minha espada em minha cintura e comecei a caminhar pelo castelo procurando a direção até o campo onde Christopher me aguardava.

Ele estava de costas, acertando algumas flechas nos alvos ao longe. Parecia extremamente concentrado.

— Christopher? — o chamei. Ele parou o que fazia e se voltou para mim, com um belo sorriso nos lábios.

— Olá, meu amor! E então, o que achou do café da manhã?

— Maravilhoso! — sorri. — Algo me diz que está tentando me atrair para o castelo.

— Aqui nós temos as melhores refeições, você deveria aproveitar mais essa mordomia agora que pode andar por aqui sem preocupações.

— Amor, eu já expliquei. Eu adoraria ficar aqui com você, mas tenho obrigações no acampamento e tenho que me esconder do rei de Atenas.

— Que tal fazermos uma aposta? — sorriu de lado. — Quem acertar a flecha mais próximo do centro do alvo, vence.

— E o que exatamente nós iremos apostar? — o olhei com desconfiança.

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