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Dulce

Após o jantar, minha mãe deitou-se mais cedo e eu fiquei adiantando a leitura de um dos livros que peguei na biblioteca. Quando já estava na segunda página, ouvi batidas em minha porta.

Quando abri, Angelique e Christian entraram sem nenhuma cerimônia e sentaram-se nas cadeiras ao lado da minha.

— A dona Blanca já está dormindo? — Angelique perguntou.

— Sim, ela trabalhou muito no desenho para a roupa do Edgar e estava cansada. — respondi.

— Muito me admira que um nobre queira roupas feitas por aldeãos. Ele deve ter se encantado com uma de vocês. — Christian disse.

— Com a Dulce. Deu até moedas a mais só por ela dizer o nome dela. — Angelique riu.

— Você não se cansa de ser fofoqueira? — dei um tapinha em sua cabeça. — Ele só foi gentil, além disso, não estou interessada nele. — desviei o olhar.

— Você nunca está interessada em ninguém. — Christian revirou os olhos.

— Acontece que agora isso não é mais verdade. — sorri.

— O que? E você não me contou? — disse Angelique, colocando a mão sobre o peito.

— Não seja dramática, estou contando agora! — tornei a sentar em minha cadeira e os dois me olharam com atenção. — Ele se chama Daniel, é um nobre, faz parte da guarda real. Nos conhecemos no bosque antes do baile e hoje nos encontramos novamente.

— Outro nobre? — Angelique riu. — Queria ter essa sorte.

— Mas o que está sentindo por ele? — Christian perguntou.

— Eu não sei... é estranho... — mordi o lábio inferior. — Eu fico nervosa quando ele está perto e com certeza ele percebe o quanto me abala. Apesar de ser da nobreza, ele tem um coração humilde e ideias fantásticas sobre como somos todos iguais. É diferente...

— E deixa eu adivinhar... — Christian começou. — É o mais próximo que você pode chegar de um príncipe.

— O que? Não é nada disso! — franzi a testa.

— Christian tem razão, você sempre sonhou com um príncipe igual a esses dos livros que lê.

— E daí? Daniel não tem relação com eles... bem, ele tem um cavalo branco, se veste super bem, sabe usar as palavras e nossa, como é lindo! — suspirei. — Mas os príncipes das histórias não são humildes, não pensam por eles mesmos e mal falam direito com as princesas antes de darem o primeiro beijo e apaixonarem-se! Daniel é bem melhor que um personagem fictício.

— Só iremos nos convencer disso quando formos formalmente apresentados. — Christian cruzou os braços.

— Eu não sei se quero que vocês estraguem tudo tão rápido... — brinquei.

— Somos seus irmãos! — Angelique me devolveu o tapa que lhe dei. — Convide-o para o próximo festival da aldeia que acontecerá amanhã.

— Não sei... ele é da nobreza, frequenta bailes reais. Acha que ele vai querer vir a uma festa na aldeia? — falei receosa.

— Se ele gosta de você de verdade, virá. — Christian disse.

— Eu vou pensar.

— Eu quero muito ver a cara de Ronald quando te ver com outro homem. — Angelique falou e os dois riram.

— Pare com isso! Eu não tenho a intenção de deixar ninguém sentindo-se mal. — me defendi.

— Calma, eu só estou brincando. — ela afagou meus cabelos. — Vamos falar do Daniel e de como ele é incrível e diferente. — debochou tentando me imitar da forma mais exagerada possível.

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