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Dulce

A cada semana que se passava, eu me sentia fazendo ainda mais parte daquele acampamento. Me identificando com cada uma daquelas mulheres e aprendendo a tratá-las como minha família porque era isso que nós éramos agora.

Eu estava cada vez melhor em lutar. Emma continuou a me ensinar, agora com muito menos críticas do que antes. Na verdade, nós mal nos falávamos desde o incidente em que ela tentou me beijar. Apenas treinávamos na mata e voltávamos para o acampamento.

Acabei me desenvolvendo melhor com o arco e flecha e já havia começado o treinamento em equipe com as demais arqueiras. E em mais uma tarde de sol, nós treinávamos a nossa pontaria em alguns troncos de árvores, todas em fileira, uma ao lado da outra.

— Disparem! — Miranda, nossa líder e responsável pelo treinamento das arqueiras, deu o seu comando. Disparamos as flechas ao mesmo tempo e ela analisou onde cada uma acertou. — Muito bem, Dulce! Bem no centro! — elogiou.

— Obrigada! — eu sorri.

— Com licença! — Magnólia apareceu. — Dulce, a Maitê respondeu a sua carta.

— Ótimo! — comemorei. — Posso me retirar para ler? — perguntei para Miranda, que assentiu.

Peguei o envelope sentindo a ansiedade me consumir para ler logo e saber tudo o que se passava em Seráfia. Eu estava morrendo de saudades de todos e esse sentimento só crescia a cada semana que se passava.

"Olá, minha amiga!

Fico muito feliz que esteja evoluindo e aprendendo tantas coisas novas no acampamento. Saber que está alegre e a salvo me deixa aliviada.
Todos estamos perfeitamente bem, vivendo nossas vidas normalmente e sem nenhuma nova surpresa desagradável.
Infelizmente, o seu retorno ao reino ainda é algo impossível de se acontecer. Apesar de já fazer alguns meses, rainha Eliza ainda a procura incansavelmente e qualquer rastro seu em Seráfia não passaria despercebido.
Saiba que em quaisquer mudança, será avisada com antecedência para que retorne para nós. Amamos você.

Um abraço e até breve.

Atenciosamente, Maitê."

Eu tinha que confessar que ler que eu ainda não poderia voltar era um tanto quanto desanimador. Mas já que todos estavam bem, eu poderia ficar despreocupada.

Após o término do treinamento, foi a vez das espadas com a Emma. Fomos para a mesma clareira convencional do bosque.

— Relembremos o que te ensinei da última vez. Sempre espere o seu oponente atacar primeiro, nunca o ataque de volta, apenas defenda-se. Dessa maneira, ele irá achar que está com medo, que não tem técnica o suficiente e quando ele desleixar os seus movimentos, você dá o seu golpe definitivo. — ela dizia antes de começarmos.

— E se eu não quiser matá-lo?

— Dulce, nós somos fugitivas. Você vai lutar contra caçadores sanguinários que não vão descansar até cortarem a sua garganta. E se não cortarem a sua, vão cortar a de outra bruxa. É melhor cortar as deles antes.

— Eu nunca machuquei ninguém... — desviei o olhar.

— Você nunca precisou. Sei que pode ser difícil imaginar-se tirando a vida de alguém. Lembre-se sempre que é por você e por todas as suas irmãs. Antes eles do que nós. Vamos começar.

Nós começamos a lutar e eu segui as suas dicas arduamente, ouvindo-a me corrigir a cada erro meu e me concentrando para não repetí-los novamente. Foram horas de suor, força e precisão.

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